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Propósito da lei cerimonial ME1 230

Se Adão não tivesse transgredido a lei de Deus, nunca teria sido instituída a lei cerimonial. O evangelho das boas novas foi primeiro dado a Adão na declaração que lhe foi feita, de que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da serpente; e foi transmitido através de sucessivas gerações a Noé, Abraão e Moisés. O conhecimento da lei de Deus e do plano da salvação foi comunicado a Adão e Eva pelo próprio Cristo. Entesouraram cuidadosamente a importante lição, transmitindo-a verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim se preservou o conhecimento da lei de Deus. ME1 230.3

Os homens naqueles dias viviam quase mil anos, e anjos visitavam-nos com instruções provindas diretamente de Cristo. Foi estabelecido o culto de Deus mediante as ofertas sacrificais, e os que temiam a Deus reconheciam perante Ele os seus pecados, aguardando, com gratidão e santa confiança, a vinda da Estrela da Manhã, que havia de guiar ao Céu os caídos filhos de Adão, por meio do arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Assim era o evangelho pregado em cada sacrifício; e as obras dos crentes revelavam continuamente a sua fé num Salvador porvindouro. Disse Jesus aos judeus: “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque de Mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas palavras?” João 5:46-47. ME1 230.4

Era, porém, impossível a Adão, por exemplo e preceito, deter a onda de miséria que sua transgressão trouxera aos homens. A incredulidade insinuou-se no coração dos homens. Os filhos de Adão apresentam o primeiro exemplo dos dois rumos seguidos pelos homens em relação às reivindicações de Deus. Abel via Cristo prefigurado nas ofertas sacrificais. Caim era incrédulo quanto à necessidade de sacrifícios; recusou-se a discernir que Cristo era tipificado pelo cordeiro morto; o sangue de animais parecia-lhe não ter virtude alguma. O evangelho foi pregado a Caim, assim como para seu irmão; mas foi-lhe um cheiro de morte para morte, visto como não reconheceu, no sangue do cordeiro sacrifical, a Jesus Cristo — a única provisão feita para salvação do homem. ME1 231.1

Nosso Salvador, em Sua vida e morte, cumpriu todas as profecias que para Ele apontavam, e foi a substância de todos os tipos e sombras apresentados. Ele guardava a lei moral, e exaltou-a satisfazendo a suas reivindicações, como representante do homem. Aqueles, de Israel, que se volveram ao Senhor, e aceitaram a Cristo como a realidade simbolizada pelos sacrifícios típicos, discerniram a finalidade daquilo que devia ser abolido. A obscuridade que cobria como um véu o sistema judaico, era-lhes como o véu que cobria a glória da face de Moisés. Esta glória era reflexo da luz que Cristo veio trazer ao mundo, para benefício do homem. ME1 231.2

Enquanto Moisés, no monte, comungava com Deus, o plano da salvação, que remontava à queda de Adão, foi-lhe revelado de modo assaz vivo. Soube então que o mesmo anjo que dirigia o peregrinar dos filhos de Israel, seria revelado em carne. O amado Filho de Deus, que era um com o Pai, faria um com Deus a todos os homens que nEle cressem e confiassem. Moisés viu o verdadeiro significado das ofertas sacrificais. Cristo ensinou a Moisés o plano evangélico, e por Cristo a glória do evangelho iluminou o semblante de Moisés, de modo que o povo não o podia contemplar. ME1 231.3

Moisés mesmo estava inconsciente da brilhante glória que lhe irradiava da face, e não sabia porque era que os filhos de Israel fugiam dele quando se lhes aproximava. Chamou-os para junto de si, mas não ousavam olhar para aquela face glorificada. Quando Moisés percebeu que o povo não lhe podia mirar o rosto, por causa de sua glória, cobriu-o com um véu. ME1 232.1

A glória do rosto de Moisés era muitíssimo penosa para os filhos de Israel, por motivo de sua transgressão da santa lei de Deus. Isto é uma ilustração dos sentimentos dos que violam a lei divina. Desejam remover dela sua luz penetrante, que é um terror para o que a transgride, ao passo que para os leais ela se afigura santa, justa e boa. Apenas os que têm justa consideração para com a lei de Deus podem estimar devidamente a expiação de Cristo, tornada necessária pela violação da lei do Pai. ME1 232.2

Os que mantêm a idéia de que não havia Salvador na dispensação antiga, têm sobre o entendimento um véu tão opaco quanto o dos judeus que rejeitaram a Cristo. Os judeus confirmavam sua fé no Messias por vir, na oferta de sacrifícios que simbolizavam a Cristo. Entretanto, quando Jesus apareceu, cumprindo todas as profecias acerca do Messias prometido, e fazendo obras que O assinalavam como divino Filho de Deus, eles O rejeitaram, recusando-se a aceitar as mais claras provas de Seu verdadeiro caráter. A igreja cristã, por outro lado, que professa a máxima fé em Cristo, desprezando o sistema judaico, virtualmente nega a Cristo, que foi o originador de toda a economia judaica. ME1 232.3