Tempo e eternidade – O Criador e Sua obra – Acontecimentos do primeiro dia do tempo – Do segundo – Do terceiro – Do quarto – Do quinto – Do sexto HS 11.1
O “tempo”, em contraste com a “eternidade”, pode ser definido como aquela parte da duração mensurada pela Bíblia. Desde a primeira data do livro de Gênesis até a ressurreição dos ímpios, no fim do milênio, há um período de cerca de sete mil anos.1Evidências bíblicas e da tradição acerca desse ponto podem ser consultadas em Shimeall, Bible Chronology, parte 1, cap. 6; Taylor, Voice of the Church, p. 25-30; e Bliss, Sacred Chronology, p. 199-203. Antes do início dessa grande semana do tempo, a duração sem princípio preenche o passado; e após o fim desse período, a duração infinita se abrirá perante o povo de Deus. Eternidade é a palavra que abrange a duração sem início e sem fim. E o Ser, cuja existência abrange a eternidade, é o Único que tem imortalidade, o Rei eterno, imortal, invisível, o único Deus sábio.2Isaías 57:15; 1 Samuel 15:29; Jeremias 10:10; Miqueias 5:2; 1 Timóteo 6:16; 1:17; Salmos 90:2. HS 11.2
Quando pareceu bem a esse Ser infinito assim fazê-lo, Ele trouxe nossa Terra à existência. Do nada, Deus criou todas as coisas,3O Dr. Adam Clarke, em seu comentário sobre Gênesis 1:1, usa a seguinte linguagem: “[O Criador] levou à existência aquilo que, até então, não existia. Os rabinos, que são juízes legítimos em um caso de crítica a respeito de palavras de sua própria língua, são unânimes em afirmar que a palavra bara expressa o início da existência de algo, ou o ato de sair do estado de não entidade para o de entidade. [...] Tais palavras deveriam ser traduzidas: ‘Deus, no princípio, criou a substância dos céus e a substância da terra, isto é, a matéria-prima, ou os primeiros elementos a partir dos quais os céus e a terra foram sucessivamente formados’”.
Em Pilgrimage, livro 1, cap. 2, Purchase fala da seguinte forma acerca da criação: “Nada, a não ser o nada, tinha o Senhor Todo-Poderoso do qual, com o qual e pelo qual construir esta cidade” [ou seja, o mundo].
O Dr. Gill declara: “Afirma-se que foram criados, isto é, feitos a partir do nada; pois que matéria preexistente a esse caos [do versículo 2] poderia haver a partir da qual [os céus e a terra] seriam formados?”.
“A criação tem de ser obra de Deus, pois nada a não ser um poder onipotente seria capaz de produzir algo a partir do nada”. Comentário sobre Gênesis 1:1.
João Calvino, em seu comentário sobre esse capítulo, expõe da seguinte forma o ato criador: “Seu significado é que o mundo foi feito do nada. Assim é refutada a loucura daqueles que imaginam que matéria sem forma existia desde a eternidade”.
A obra da criação é definida da seguinte maneira em 2 Macabeus 7:28: “Olhe o céu e a terra, e observe tudo o que neles existe Deus criou tudo isso do nada, e a humanidade foi da mesma forma criada”.
O fato de que esse ato criador marcou o início do primeiro dia, em vez de precedê-lo por eras praticamente infinitas, é assim confirmado em 2 Esdras 6:38: “E eu disse, ó Senhor, Tu falaste desde o início da criação, mesmo no primeiro dia, e disseste: Que os céus e a terra se façam; e Tua palavra produziu uma obra perfeita”.
A tradução de Wycliffe, a primeira versão para o inglês, traduz da seguinte forma Gênesis 1:1: “No princípio fez Deus do nada os céus e a terra”. “de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”. O ato da criação é o evento que marca o início da primeira semana do tempo. Aquele que poderia ter realizado toda a obra com apenas uma palavra escolheu, em vez disso, dedicar seis dias a essa obra, e alcançar Seus propósitos por meio de passos sequenciais. Tracemos os passos do Criador desde o momento em que Ele lançou os alicerces da Terra até o fim do sexto dia, quando os céus e a terra foram concluídos e “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”.4Hebreus 11:3; Gênesis 1. HS 11.3
No primeiro dia do tempo, Deus criou os céus e a terra. A terra, dessa forma chamada à existência, era sem forma e vazia; e escuridão total cobria a obra do Criador. Então “Disse Deus: Haja luz; e houve luz”. E Deus “fez separação entre a luz e as trevas” e chamou a uma de dia e a outra de noite.5Gênesis 1:1-5; Hebreus 1. HS 12.1
No segundo dia, “disse Deus: Haja firmamento [ou expansão, ARC] no meio das águas e separação entre águas e águas”. A terra seca ainda não havia aparecido; consequentemente, a terra se encontrava coberta por água. Como não havia atmosfera, densos vapores pairavam sobre a face das águas; mas no momento em que a atmosfera foi chamada à existência pela Palavra do Criador, fazendo tais elementos se unirem para formar o ar que respiramos, a neblina e os vapores que repousavam sobre o seio das águas foram, por ela, levados para cima. Essa atmosfera ou expansão se chama céu.6Gênesis 1:6-8; Jó 37:18. HS 12.2
No terceiro dia, Deus juntou as águas e fez a terra seca aparecer. Ao ajuntamento das águas Deus chamou de mar; o solo seco, separado das águas, foi denominado terra. “E disse: Produza a terra relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez.” “E viu Deus que isso era bom”.7Gênesis 1:9-13; Salmos 136:6; 2 Pedro 3:5. HS 12.3
No quarto dia do tempo, “Disse [...] Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos”. “Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas”. A luz fora criada no primeiro dia da semana; e agora, no quarto dia, Deus faz com que o sol e a lua apareçam como portadores de luz, e coloca a luz sob o domínio deles. E até hoje eles continuam seguindo as ordenanças divinas, pois são Seus servos. Essa foi a obra do quarto dia. E o grande Arquiteto, ao examinar aquilo que realizara, declarou que era bom.8Gênesis 1:14-19; Salmos 119:91; Jeremias 33:25. HS 12.4
No quinto dia, “criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom”.9Gênesis 1:20-23. HS 12.5
No sexto dia do tempo, “fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom”. Desse modo, a Terra, depois de estar preparada para seu propósito, foi preenchida com todas as ordens de seres vivos, ao passo que o ar e a água já estavam cheios de animais. A fim de completar essa nobre obra da criação, Deus providenciou a seguir um governante, o Seu representante, e colocou tudo em submissão a ele. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”. “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Por último, Deus criou a Eva, a mãe de todos os viventes. A obra do Criador estava agora completa. “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército”. “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. Adão e Eva estavam no paraíso; a árvore da vida florescia na Terra; o pecado não havia entrado em nosso mundo e a morte não se encontrava aqui, pois não havia pecado. “As estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus”. Assim terminou o sexto dia.10Gênesis 1:24, 31; 2:7-9, 18-22; 3:20; Jó 38:7. HS 12.6