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Capítulo 8 — Uma ameaça ao reino de Satanás NDT 32

Por ocasião do nascimento de Cristo, Satanás viu as planícies de Belém iluminadas pela brilhante glória de uma multidão de anjos celestiais. Ouviu o seu cântico: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na Terra entre os homens, a quem Ele quer bem.” 9Lucas 2:14. O príncipe das trevas viu os pastores maravilhados, cheios de temor, observando as planícies iluminadas. Tremiam diante da exibição de ofuscante glória que parecia penetrar nos seus sentidos. O próprio chefe rebelde tremeu ante a proclamação do anjo aos pastores: “Não temais: eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.”10Lucas 2:10, 11. Tinha delineado com grande êxito um plano para arruinar os homens e tornara-se audacioso e poderoso. Controlara a mente e o corpo dos homens desde Adão até ao primeiro aparecimento de Cristo. Mas agora Satanás estava em dificuldade e alarmado pelo seu reino e sua vida. NDT 32.3

Pelo cântico dos mensageiros celestiais, proclamando o advento do Salvador ao mundo caído, e o regozijo expresso neste grande evento, Satanás sabia que não lhe era reservada boa coisa. Um presságio negro se lhe abateu sobre a mente: o que a influência deste advento ao mundo poderia causar ao seu reino. Indagava se isto não era a vinda dAquele que contestaria o seu poder e destruiria o seu reino. Considerou a Cristo, desde o Seu nascimento, como rival. Excitou a inveja e o ciúme de Herodes para destruir a Cristo, insinuando que o seu poder e o seu reino estavam prestes a ser dados a Este novo Rei. Satanás imbuiu Herodes dos mesmos sentimentos e temor que perturbavam sua própria mente. Inspirou a intenção corrupta de Herodes, de matar todas as crianças de Belém, que tinham até dois anos de idade, plano este, pensava ele, que teria êxito em livrar a Terra do infante Rei. NDT 33.1

Todavia, contra seus planos, Satanás vê um mais elevado poder operando. Anjos de Deus protegiam a vida do infante Redentor. José foi avisado em sonho, que fugisse para o Egito, encontrando asilo para o Redentor do mundo, numa terra pagã. Satanás O seguiu desde a infância até a juventude e da juventude até a vida adulta, cogitando meios e maneiras para desviá-Lo de Sua submissão a Deus, e dominá-Lo com suas sutis tentações. A imaculada pureza da infância, juventude e vida adulta de Cristo, que Satanás não podia manchar, aborrecia-o excessivamente. Todos os seus dardos e flechas de tentações caíam inofensivas diante do Filho de Deus. E quando ele viu que todas as suas tentações não resultavam em nada para demover a Cristo de Sua leal integridade, ou macular a impecável pureza do Jovem Galileu, ficou perplexo e terrivelmente enfurecido. Olhava para esse Jovem como um inimigo que ele mais receava e temia. NDT 34.1

Esse deveria ser Aquele que andaria sobre a Terra com poder moral para suportar todas as suas tentações, que resistiria a todas as suas atrativas seduções para persuadi-Lo a pecar, e sobre quem ele não obteria nenhuma vantagem para separá-Lo de Deus. Tudo isto provocava e irritava sua majestade satânica. NDT 34.2

A infância, juventude e vida adulta de João, que veio no espírito e poder de Elias para fazer uma obra de preparo do caminho para o Redentor do mundo, foi marcada por firmeza e poder moral. Satanás não pôde afastá-lo de sua integridade. Quando a voz do profeta foi ouvida no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”,11Mateus 3:3. Satanás temeu pelo seu reino. Sentiu que a voz, soando no deserto como som de trombeta, levava pecadores sobre seu controle a tremer. Viu que o seu poder sobre muitos estava quebrado. A intensidade do pecado foi revelada de tal maneira que os homens ficaram alarmados; e alguns, pelo arrependimento de seus pecados, encontraram o favor de Deus e obtiveram poder moral para resistir às suas tentações. NDT 34.3

Ele estava presente quando Cristo Se apresentou a João para o batismo. Ouviu a voz majestosa ressoando através do Céu e ecoando pela Terra como estrépito de trovão. Viu os relâmpagos das nuvens dos céus e ouviu as respeitáveis palavras de Jeová: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo.”12Mateus 3:17. Viu o resplendor da glória do Pai cobrindo a forma de Jesus, apontando assim à multidão Aquele a quem Ele reconhecia como Seu Filho, com inegável segurança. As circunstâncias relacionadas com a cena batismal despertaram o mais intenso ódio no peito de Satanás. Agora sabia com certeza que, se não pudesse dominar a Cristo, a partir desse tempo seu poder seria limitado. Compreendeu que a comunicação do trono de Deus significava que o Céu estava mais diretamente acessível ao homem. NDT 35.1

Ao levar Satanás o homem a pecar, tinha esperanças de que a repugnância de Deus ao pecado O separaria para sempre do homem e quebraria o elo de ligação entre o Céu e a Terra. O abrir dos Céus em conexão com a voz de Deus dirigida a Seu Filho foi como um toque mortal para Satanás. Temeu que Deus estava agora mais disposto a unir o homem a Si mesmo e conferir-lhe poder para vencer suas artimanhas. E com este propósito Cristo veio das cortes reais para a Terra. Satanás estava bem ciente da posição honrosa que Cristo ocupava no Céu como Filho de Deus, o amado do Pai. Ao deixar o Céu e vir a este mundo como homem, isto o encheu de apreensão por sua segurança. Ele não podia compreender o mistério deste grande sacrifício em benefício do homem caído. Sabia que a avaliação do Céu excedia em muito o antegozo e apreciação do homem caído. O mais valioso tesouro do mundo, ele sabia, não se compara com o seu valor. Sendo que havia perdido, por causa de sua rebelião, todas as riquezas e puras glórias do Céu, estava determinado a ser vingativo, levando a humanidade, tanto quanto possível, a desvalorizar o Céu e a colocar as afeições nos tesouros terrestres. NDT 36.1

Era incompreensível, para a alma egoísta de Satanás, que pudesse existir tão grande benevolência e amor para com uma raça enganada, que induzisse o Príncipe do Céu a deixar Seu lar e vir ao mundo mareado pelo pecado e pela maldição. Conhecia o inestimável valor das riquezas eternas que o homem desconhecia. Tinha experiência da pura satisfação, da paz, da exaltada santidade e ilimitado regozijo do lar celestial. Compreendia, antes de sua rebelião, a satisfação da completa aprovação de Deus. Já tivera uma completa apreciação da glória que envolvia o Pai e sabia que não havia limite ao Seu poder. NDT 36.2

Satanás sabia o que tinha perdido. Agora temia que seu império sobre o mundo fosse contestado e quebrado seu poder. Sabia, pela profecia, que o Salvador fora predito e que Seu reino não seria estabelecido com triunfo terrestre e com honra e exibição mundanas. Sabia que as profecias antigas prediziam um reino que seria estabelecido pelo Príncipe do Céu sobre a Terra, a qual reclamava como seu domínio. Esse reino abarcaria todos os reinos do mundo e então seu poder e sua glória cessariam e ele receberia sua retribuição pelos pecados que havia introduzido no mundo e a miséria que havia trazido sobre o homem. Sabia que tudo o que concernia a sua prosperidade estava dependendo do seu êxito ou fracasso em dominar a Cristo com suas tentações no deserto. Trouxe sobre Cristo todo artifício e força de suas tentações poderosas, para demovê-Lo de Sua obediência. NDT 37.1

É impossível ao homem conhecer a força das tentações de Satanás sobre o Filho de Deus. Cada tentação que parece tão aflitiva ao homem na sua vida cotidiana, tão difícil de ser resistida e dominada, foi trazida sobre o Filho de Deus em tão alto grau quanto a Sua excelência de caráter era superior à do homem caído. NDT 37.2

Cristo foi tentado em todos os pontos como nós somos. Como representante do homem Ele Se aproximou de Deus nas provas e tentações. Enfrentou a força intensa de Satanás. Cristo experimentou as mais vis tentações e as venceu em favor do homem. É impossível que o ser humano seja tentado acima do que pode suportar enquanto se apóia em Jesus, o infinito Conquistador. NDT 38.1