Ao tempo em que Jerusalém foi destruída e o templo posto em ruínas, muitos milhares de judeus foram vendidos para servir como escravos em terras pagãs. Como náufragos numa praia deserta, foram espalhados entre as nações. Por mil e oitocentos anos têm os judeus vagueado de terra em terra através do mundo, e em nenhum lugar tem-se-lhes dado o privilégio de recuperarem o antigo prestígio como nação. Malsinados, odiados, perseguidos, de século em século sua herança tem sido de sofrimento. OE 397.1
Muito embora a tremenda sentença pronunciada sobre os judeus como nação ao tempo da rejeição de Jesus de Nazaré, por parte deles, tem havido de século em século muitos judeus nobres, homens e mulheres, tementes a Deus, os quais têm sofrido em silêncio. Deus tem confortado seus corações em aflição, e tem contemplado com piedade sua terrível situação. Tem ouvido as agonizantes orações dos que de todo o coração O têm buscado para uma justa compreensão de Sua Palavra. Alguns têm aprendido a ver no humilde Nazareno a quem seus antepassados rejeitaram e crucificaram, o verdadeiro Messias de Israel. Ao alcançar sua mente o significado das familiares profecias há muito obscurecidas pela tradição e errada interpretação, seu coração se tem enchido de gratidão a Deus pelo dom inaudito que Ele outorga a todo ser humano que escolhe aceitar a Cristo como um Salvador pessoal. OE 397.2
É a esta classe que Isaías se refere em sua profecia: “O remanescente é que será salvo.” Ver Isaías 10:20-22. Desde os dias de Saulo até o presente, Deus pelo Seu Espírito Santo tem estado a chamar tanto a judeus como a gentios. “Deus não faz acepção de pessoas”, declarou Paulo. O apóstolo considerava-se a si mesmo devedor “tanto a gregos como a bárbaros”, bem como a judeus; mas jamais perdeu ele de vista as decididas vantagens que os judeus haviam possuído sobre outros, “primeiramente”, porque “as palavras de Deus lhe foram confiadas”. “O evangelho”, declarou, “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” É deste evangelho de Cristo, igualmente eficaz a judeus e gentios, que Paulo em sua epístola aos romanos declara não se envergonhar. OE 397.3
Quando este evangelho for apresentado em sua plenitude aos judeus, muitos aceitarão a Cristo como o Messias. Entre os ministros cristãos há poucos que se sentem chamados a trabalhar pelo povo judeu; mas aos que têm sido passados por alto, bem como a todos os outros, deve chegar a mensagem de misericórdia e esperança em Cristo. OE 398.1
Na proclamação final do evangelho, quando deve ser feito um trabalho especial pelas classes de pessoas até aqui negligenciadas, Deus espera que Seus mensageiros tomem interesse especial pelo povo judeu, o qual eles encontram em todas as partes da Terra. Ao serem as Escrituras do Velho Testamento amalgamadas com o Novo numa explanação do eterno propósito de Jeová, isto será para muitos judeus como o raiar de uma nova criação, a ressurreição da alma. Ao verem o Cristo da dispensação evangélica retratado nas páginas das Escrituras do Velho Testamento, e perceberem quão claramente o Novo Testamento explica o Velho, suas adormecidas faculdades despertarão e eles reconhecerão a Cristo como o Salvador do mundo. Muitos receberão a Cristo pela fé como seu Redentor. Em relação a eles se cumprirão as palavras: “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome.” João 1:12. OE 398.2
Há entre os judeus alguns que, como Saulo de Tarso, são poderosos nas Escrituras, e esses proclamarão com maravilhoso poder a imutabilidade da lei de Deus. O Deus de Israel fará que isto suceda em nossos dias. Seu braço não está encolhido para que não possa salvar. Ao trabalharem Seus servos em fé pelos que de muito têm sido negligenciados e desprezados, Sua salvação será revelada. OE 399.1
“Assim diz o Senhor, que remiu a Abraão, acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face. Mas quando vir a Seus filhos, a obra das Minhas mãos, no meio dele, santificarão o Meu nome, e santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel. E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina.” Isaías 29:22-24. — Atos dos Apóstolos, 379-382. OE 399.2