E disse ao rei: se é do agrado do rei, e se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique. Neemias 2:5. CT 199.2
Por fim, a tristeza que oprimia o coração de Neemias não mais pôde ser ocultada. Noites insones dedicadas à oração fervorosa, dias cheios de cuidados, entenebrecidos pela sombra da esperança que se adiava, deixaram o traço sobre o seu semblante. O agudo olhar do monarca, habituado a guardar ciosamente sua própria segurança, está acostumado a ler fisionomias e penetrar disfarces. Vendo que alguma secreta preocupação se apodera de seu servo, inquire repentinamente: “Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração.” Neemias 2:2. CT 199.3
A pergunta enche o ouvinte de apreensão. Não ficaria o rei zangado ao saber que, enquanto externamente empenhado em seu serviço, o cortesão coloca seus pensamentos longe dali, junto ao seu povo afligido? Não seria o ofensor privado da própria vida? E seu acalentado plano de restaurar Jerusalém — não estaria ele a ponto de ser aniquilado? “Então”, diz ele, “temi sobremaneira.” Com lábios trêmulos e olhos lacrimejantes, revela ele a causa de sua tristeza — a cidade, que é o lugar do sepulcro de seu pai, está desolada, e suas portas consumidas pelo fogo. O tocante recital desperta a simpatia do monarca, sem lhe despertar os idolátricos preconceitos; outra pergunta abre a oportunidade que Neemias longamente esperava: “Que me pedes agora?” Neemias 2:4. CT 199.4
Mas o homem de Deus não responde enquanto não pede primeiro o apoio dAquele que é mais alto que Artaxerxes. “Então”, diz ele, “orei ao Deus dos Céus.” A silenciosa petição então enviada a Deus foi a mesma que ele havia feito durante muitas semanas — que Deus fizesse prosperar seu pedido. E agora, tomando coragem diante do pensamento de que possuía um Amigo onisciente e todo-poderoso, que trabalhava em seu favor, o homem de Deus calmamente torna conhecido ao rei o seu desejo de ser liberado por algum tempo de sua responsabilidade junto à corte, e autorizado a construir os lugares assolados de Jerusalém, tornando-a uma vez mais uma cidade forte e protegida. Resultados momentosos para a cidade e nação judaicas dependiam daquele pedido. “E o rei mas deu”, diz Neemias, “porque a boa mão do meu Deus era comigo.” Neemias 2:8. CT 200.1
Enquanto Neemias implorava a ajuda de Deus, não cruzou as próprias mãos, achando que não tinha mais responsabilidade pela questão. Com admirável prudência e previsão, passou a fazer todos os arranjos necessários para garantir o bom êxito de seu empreendimento. — Manuscrito 58, 1903. CT 200.2