Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto. Lucas 4:1. CT 206.1
Por que, no início de Seu ministério público, foi Cristo levado ao deserto para ser tentado? Foi o Espírito que O conduziu para lá, e Ele foi, não em Seu próprio favor, mas em nosso favor, para vencer por nós. Não houve imposição a esse respeito. Ele foi levado pelo Espírito, para que Sua humanidade fosse provada, como Alguém que havia assumido a posição de cabeça da raça caída. CT 206.2
Cristo havia estado — e Se encontrava então — em perfeita harmonia com o Pai. Devia ser provado e testado como representante da raça. Foi conduzido pelo Espírito ao deserto para enfrentar o inimigo num encontro pessoal, para destronar aquele que alegava ser o príncipe dos reinos do mundo. CT 206.3
Enquanto permaneceu no deserto Cristo jejuou, mas era insensível à fome. Empenhado em constante oração ao Pai, como preparação para resistir ao adversário, Cristo não sentiu a agonia da fome. Passou o tempo em fervorosa oração, a sós com Deus. Era como se Ele estivesse na presença de Seu Pai. Buscou forças para enfrentar o inimigo, buscou a certeza de que receberia graça para levar avante tudo o que havia empreendido em favor da humanidade. A idéia da luta diante de Si fê-Lo esquecer-Se de tudo mais, e Sua alma se alimentou com o pão da vida, assim como hoje as pessoas tentadas que vão a Deus em busca de auxílio serão também alimentadas. Ele comeu da verdade que daria às pessoas, aquela que tem o poder de livrá-las das tentações de Satanás. Ele viu quebrar-se o poder de Satanás sobre os tentados e caídos. Viu a Si mesmo curando os enfermos, confortando os desesperançados, animando os desalentados e pregando o evangelho aos pobres — realizando a obra que Deus Lhe havia esboçado; e não percebeu sensação nenhuma de fome até que seus quarenta dias de jejum terminaram. ... CT 206.4
Cristo está no deserto, tendo como companhia somente os animais selvagens, enquanto ao Seu redor tudo tende a fazer com que Ele Se dê conta de Sua humanidade. De repente surge diante dEle um anjo, aparentemente um dos anjos que Ele vira não fazia muito, e a Ele se dirige com as palavras: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão.” Mateus 4:3. “Se és Filho de Deus” — aí está a insinuação de dúvida. As palavras ressentiam-se da mordacidade do espírito de Satanás. Há no tom de sua voz uma expressão de completa incredulidade. — Carta 159, 1903; Manuscript Releases 21:8, 9. CT 207.1