Jesus, o querido Salvador, a todos deu notáveis lições de humildade, mas em especial ao ministro do evangelho. Em Sua humilhação, ao achar-se quase concluída Sua obra na Terra e Ele prestes a voltar para o trono do Pai, de onde viera, tendo nas mãos todo o poder e na fronte toda a glória, entre Suas últimas lições aos discípulos houve uma sobre a importância da humildade. Enquanto eles contendiam quanto a qual seria o primeiro no reino prometido, cingiu-Se Ele como um servo, e lavou os pés daqueles que O chamavam Senhor e Mestre. TS1 515.1
Seu ministério estava quase terminado; poucas lições mais tinha a ensinar. E para que jamais esquecessem a humildade do puro e impecável Cordeiro de Deus, o grande, o eficaz Sacrifício pelo homem humilhou-Se a lavar os pés dos discípulos. Ser-vos-á benéfico, bem como aos pastores em geral, o recapitular freqüentemente as cenas finais da vida de nosso Redentor. Ali, rodeado como estava de tentações, podemos todos aprender lições da mais alta importância para nós. TS1 515.2
Bom seria passar cada dia uma hora de reflexão, recapitulando a vida de Jesus da manjedoura ao Calvário. Devemos tomá-la, ponto por ponto, deixando que a imaginação se apodere vividamente de cada cena, em particular das cenas finais de Sua vida terrestre. Contemplando assim Seus ensinos e sofrimentos, e o infinito sacrifício por Ele feito para redenção da raça humana, podemos revigorar nossa fé, vivificar nosso amor e imbuir-nos mais profundamente do espírito que sustinha nosso Salvador. TS1 515.3
Caso queiramos afinal ser salvos, cumpre-nos aprender todos, ao pé da cruz, a lição de penitência e de fé. Cristo sofreu*Testimonies for the Church 4:373-375 (1879). humilhação a fim de salvar-nos da vergonha eterna. Consentiu em receber escárnios e zombarias e maus-tratos, para que nos pudesse proteger. Foi nossa transgressão que Lhe adensou em torno da divina alma o véu da escuridão, e arrancou-Lhe um brado como de pessoa ferida e abandonada por Deus. Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades; e as nossas dores levou sobre Si, por causa de nossos pecados. Fez-Se oferta pelo pecado a fim de que, por meio dEle, pudéssemos ser justificados perante Deus. Tudo quanto é nobre e generoso no homem despertará em correspondência à contemplação de Cristo crucificado. TS1 515.4
Anseio ver nossos pastores se demorarem mais na cruz de Cristo, o coração enternecido e subjugado pelo incomparável amor do Salvador, amor que inspirou o sacrifício imenso. Se a par da teoria da verdade, nossos obreiros se demorassem mais sobre a piedade prática, falando inspirados por um coração possuído do espírito da verdade, veríamos muito mais almas se arrebanharem em torno do estandarte da verdade; o coração ser-lhes-ia tocado ante os apelos da cruz de Cristo, da infinita generosidade e piedade de Jesus em sofrer pelo homem. Esses assuntos vitais, aliados aos pontos doutrinários de nossa fé, efetuariam muito bem entre o povo. O coração do mestre, porém, precisa achar-se possuído do conhecimento experimental do amor de Cristo. TS1 516.1
O poderoso argumento da cruz convencerá do pecado. O divino amor de Deus pelos pecadores, expresso no dom de Seu Filho para sofrer vergonha e morte de modo a que eles fossem enobrecidos e dotados de vida eterna, constitui estudo para toda a existência. Peço-vos que estudeis de novo a cruz de Cristo. Se todos os orgulhosos e vangloriosos cujo coração anseia aplauso dos homens e distinção acima de seus companheiros pudessem estimar devidamente o valor da mais exaltada glória terrena em comparação com o valor do Filho de Deus — rejeitado, desprezado, cuspido por aqueles mesmos a quem viera salvar — quão insignificantes pareceriam todas as honras que o homem mortal pudesse conferir! TS1 516.2
Acham-se assentados na Palavra de Deus deveres cujo cumprimento manterá Seu povo humilde e separado do mundo, e guardá-lo-á de apostatar, como as igrejas nominais. O lavar os pés e tomar parte na ceia do Senhor, devem ser observados com mais freqüência. Jesus nos deu o exemplo, e disse que fizéssemos como Ele fez. Vi que Seu exemplo deve ser seguido o mais exatamente possível; todavia irmãos e irmãs nem sempre têm agido tão judiciosamente como deviam ao lavar os pés, causando-se confusão. Isto deve ser introduzido com cuidado e sabedoria nos lugares novos, especialmente onde o povo desconhece o exemplo e ensinos do Senhor a esse respeito, e onde têm preconceito contra isto. Muitas almas sinceras, devido à influência de antigos instrutores em quem confiavam, têm muito preconceito contra esse claro dever, e o assunto deve ser-lhes apresentado ao tempo e pela maneira conveniente.*Este apelo à celebração das ordenanças “com mais freqüência” e uniformidade na sua prática, substituindo a “confusão” que existia então em alguns lugares, foi feito em 1853. Deu lugar ao estabelecimento da atual celebração trimestral da Santa Ceia nas igrejas adventistas do sétimo dia, dirigida com ordem e decência. — Depositários do Patrimônio Literário White — Primeiros Escritos, 116, 117 (1854). TS1 517.1