Capítulo 8 — Depois do dilúvio
- Capítulo 1 — Por que foi permitido o pecado?
- Capítulo 2 — A criação
- Capítulo 3 — A tentação e a queda
- Capítulo 4 — O plano da redenção
- Capítulo 5 — Caim e Abel provados
- Capítulo 6 — Sete e Enoque
- Capítulo 7 — O dilúvio
- Capítulo 8 — Depois do dilúvio
- Capítulo 9 — A semana literal
- Capítulo 10 — A torre de Babel
- Capítulo 11 — A vocação de Abraão
- Capítulo 12 — Abraão em Canaã
- Capítulo 13 — A prova da fé
- Capítulo 14 — A destruição de Sodoma
- Capítulo 15 — O casamento de Isaque
- Capítulo 16 — Jacó e Esaú
- Capítulo 17 — Fuga e exílio de Jacó
- Capítulo 18 — A noite de luta
- Capítulo 19 — A volta para Canaã
- Capítulo 20 — José no Egito
- Capítulo 21 — José e seus irmãos
- Capítulo 22 — Moisés
- Capítulo 23 — As pragas do Egito
- Capítulo 24 — A páscoa
- Capítulo 25 — O êxodo
- Capítulo 26 — Do Mar Vermelho ao Sinai
- Capítulo 27 — Israel recebe a lei
- Capítulo 28 — Idolatria no Sinai
- Capítulo 29 — Inimizade de Satanás contra a lei
- Capítulo 30 — O tabernáculo e suas cerimônias
- Capítulo 31 — O pecado de Nadabe e Abiú
- Capítulo 32 — A lei e os concertos
- Capítulo 33 — Do Sinai a Cades
- Capítulo 34 — Os doze espias
- Capítulo 35 — A rebelião de Coré
- Capítulo 36 — No deserto
- Capítulo 37 — A rocha ferida
- Capítulo 38 — A jornada em redor de Edom
- Capítulo 39 — A conquista de Basã
- Capítulo 40 — Balaão
- Capítulo 41 — Apostasia no Jordão
- Capítulo 42 — A repetição da lei
- Capítulo 43 — A morte de Moisés
- Capítulo 44 — A travessia do Jordão
- Capítulo 45 — A queda de Jericó
- Capítulo 46 — As bênçãos e as maldições
- Capítulo 47 — Aliança com os Gibeonitas
- Capítulo 48 — A divisão de Canaã
- Capítulo 49 — As últimas palavras de Josué
- Capítulo 50 — Dízimos e ofertas
- Capítulo 51 — O cuidado de Deus para com os pobres
- Capítulo 52 — As festas anuais
- Capítulo 53 — Os primeiros juízes
- Capítulo 54 — Sansão
- Capítulo 55 — O menino Samuel
- Capítulo 56 — Eli e seus filhos
- Capítulo 57 — A Arca tomada pelos Filisteus
- Capítulo 58 — As escolas dos profetas
- Capítulo 59 — O primeiro rei de Israel
- Capítulo 60 — A presunção de Saul
- Capítulo 61 — A rejeição de Saul
- Capítulo 62 — A unção de Davi
- Capítulo 63 — Davi e Golias
- Capítulo 64 — A fuga de Davi
- Capítulo 65 — A bondade de Davi
- Capítulo 66 — A morte de Saul
- Capítulo 67 — Feitiçaria antiga e moderna
- Capítulo 68 — Davi em Ziclague
- Capítulo 69 — Davi chamado ao trono
- Capítulo 70 — O reinado de Davi
- Capítulo 71 — O pecado e arrependimento de Davi
- Capítulo 72 — A rebelião de Absalão
- Capítulo 73 — Os últimos anos de Davi
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Capítulo 8 — Depois do dilúvio
As águas subiram quinze côvados acima das mais altas montanhas. Pareceu muitas vezes à família, que estava dentro da arca, que deveriam perecer, tendo sido o seu barco durante cinco longos meses arremessado de um lado para outro, aparentemente por conta do vento e das ondas. Foi uma prova severa; mas a fé de Noé não vacilou, pois tinha certeza de que a mão divina estava ao leme.PP 65.1
Começando a baixar as águas, o Senhor fez com que a arca flutuasse para um lugar protegido por um grupo de montanhas, que por Seu poder haviam sido preservadas. Essas montanhas estavam a pouca distância uma das outras, e a arca moveu-se em direção àquele abrigo calmo, e não mais foi levada sobre o ilimitado oceano. Isto deu grande alívio aos viajantes cansados e arremessados pela tempestade.PP 65.2
Noé e sua família ansiosamente esperaram o recuo das águas; pois almejavam sair de novo à terra. Quarenta dias depois que os altos das montanhas se tornaram visíveis, enviaram um corvo, ave de fino olfato, para revelar se a terra se tornara enxuta. Esta ave, nada encontrando senão água, continuou a voar da arca para fora e de fora para a arca. Sete dias mais tarde, uma pomba foi enviada, a qual, não encontrando onde pousar, voltou à arca. Noé esperou mais sete dias, e de novo enviou a pomba. Quando ela voltou à tarde com uma folha de oliveira no bico, houve grande regozijo. Depois “Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta”. Gênesis 8:13. Ainda ele esperou pacientemente dentro da arca. Havendo entrado por ordem de Deus, esperou instruções especiais para retirar-se.PP 65.3
Finalmente um anjo desceu do Céu, abriu a pesada porta, e mandou o patriarca e sua casa saírem à terra, e tomarem consigo todos os seres vivos. Na alegria de seu livramento, Noé não se esqueceu dAquele por cujo gracioso cuidado haviam sido preservados. Seu primeiro ato ao deixar a arca foi construir um altar, e oferecer de toda a espécie de animal e ave limpa um sacrifício, manifestando assim sua gratidão para com Deus pelo livramento, e sua fé em Cristo, o grande sacrifício. Esta oferta foi agradável ao Senhor; e uma bênção resultou não somente ao patriarca e sua família, mas a todos os que vivessem sobre a Terra. “E o Senhor cheirou o suave cheiro, e disse o Senhor em Seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a Terra por causa do homem. [...] Enquanto a Terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão”. Gênesis 8:21, 22. Aqui havia uma lição a todas as gerações que se sucedessem. Noé saíra para uma terra desolada; mas antes de preparar casa para si, construiu um altar a Deus. Seu suprimento de gado era pequeno, e havia sido preservado com grande despesa; contudo, deu alegremente uma parte ao Senhor, em reconhecimento de que tudo era dEle. De modo semelhante, deve ser o nosso primeiro cuidado render nossas ofertas voluntárias a Deus. Toda a manifestação de Sua misericórdia e amor para conosco deve ser gratamente reconhecida, tanto por atos de devoção como por meio de dádivas à Sua causa.PP 65.4
Para que não acontecesse que a acumulação de nuvens e queda da chuva enchessem os homens de um terror constante, proveniente do medo de um outro dilúvio, o Senhor animou a família de Noé com uma promessa: “Eu convosco estabeleço o Meu concerto, [...] não haverá mais dilúvio para destruir a Terra. [...] O Meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre Mim e a Terra. E acontecerá que, quando Eu trouxer nuvens sobre a Terra, aparecerá o arco nas nuvens. [...] E Eu o verei, para Me lembrar do concerto eterno entre Deus e toda a alma vivente”. Gênesis 9:11-16.PP 66.1
Quão grande é a condescendência de Deus, e Sua compaixão por Suas criaturas falíveis, colocando assim o belo arco-íris nas nuvens como sinal de Seu concerto com os homens! O Senhor declara que, ao olhar Ele o arco, lembrar-Se-á de Seu concerto. Isto não implica que houvesse de esquecer-Se; Ele, porém, fala-nos em nossa linguagem para que melhor O possamos compreender. Era o propósito de Deus que, quando os filhos das gerações posteriores perguntassem a significação do arco glorioso que abrange os céus repetissem seus pais a história do dilúvio, e lhes dissessem que o Altíssimo distendeu o arco, e o colocou nas nuvens como uma segurança de que as águas nunca mais inundariam a Terra. Assim, de geração a geração testificaria do amor divino para com o homem, e fortaleceria sua confiança em Deus.PP 66.2
No Céu, uma semelhança de arco-íris rodeia o trono, e estende-se como uma abóbada por sobre a cabeça de Cristo. Diz o profeta: “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor [do trono]. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor”. Ezequiel 1:28. O escritor do Apocalipse declara: “Eis que um trono estava posto no Céu, e Um assentado sobre o trono. [...] E o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda”. Apocalipse 4:2, 3. Quando o homem pela sua grande impiedade convida os juízos divinos, o Salvador, intercedendo junto ao Pai em seu favor, aponta para o arco nas nuvens, para o arco celeste em redor do trono e acima de Sua cabeça, como sinal da misericórdia de Deus para com o pecador arrependido.PP 66.3
Com a certeza dada a Noé com relação ao dilúvio, o próprio Deus ligou uma das mais preciosas promessas de Sua graça: “Pois jurei que as águas de Noé não inundariam mais a Terra; assim jurei que não Me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque as montanhas se desviarão, e os outeiros tremerão; mas a Minha benignidade não se desviará de ti, e o concerto da Minha paz não mudará, diz o Senhor, que Se compadece de ti”. Isaías 54:9, 10.PP 67.1
Ao olhar Noé para as poderosas feras rapinantes que saíram com ele da arca, temeu que sua família, contando apenas oito pessoas, fosse destruída por elas. Mas o Senhor enviou um anjo a Seu servo com a mensagem asseguradora: “E será o vosso temor e o vosso pavor sobre todo o animal da Terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a Terra, e todos os peixes do mar, na vossa mão são entregues. Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde”. Gênesis 9:2, 3. Antes deste tempo Deus não havia dado ao homem permissão para comer alimentos animais; era Seu desígnio que a espécie humana se mantivesse inteiramente com as produções da terra; mas agora que toda a erva verde tinha sido destruída, permitiu-lhes comer a carne dos animais limpos que haviam sido preservados na arca.PP 67.2
A superfície toda da Terra ficou transformada com o dilúvio. Uma terceira maldição terrível repousou sobre ela em conseqüência do pecado. Começando a água a baixar, as colinas e montanhas ficaram rodeadas de um mar vasto, ameaçador. Todos os lugares estavam juncados de corpos mortos de homens e animais. O Senhor não permitiria que estes ficassem a decompor-se e contaminar o ar; fez, portanto, da Terra um vasto cemitério. Um vento violento que fez soprar com o fim de enxugar as águas, removeu-os com grande força, levando mesmo em alguns casos os cumes das montanhas, e amontoando árvores, pedras e terra em cima dos corpos dos mortos. Pelo mesmo meio a prata e o ouro, a madeira escolhida e as pedras preciosas, que tinha enriquecido e adornado o mundo antes do dilúvio, e que os habitantes haviam idolatrado, foram escondidos da vista e alcance dos homens, acumulando a ação violenta das águas, terra e pedras sobre esses tesouros, e nalguns casos formando mesmo montanhas sobre eles. Deus viu que quanto mais Ele enriquecia e prosperava os homens pecadores, mais corrompiam seus caminhos diante dEle. Os tesouros que os deviam ter levado a glorificar o generoso Doador, foram adorados, enquanto Deus fora desonrado e desprezado.PP 67.3
A Terra apresentava um aspecto de confusão e desolação impossível de descrever-se. As montanhas, que haviam sido tão belas em sua perfeita simetria, ficaram despedaçadas e irregulares. Pedras, lajes e rochas irregulares estavam agora espalhadas pela superfície da Terra. Em muitos lugares, colinas e montanhas tinham desaparecido, não deixando vestígio do lugar em que se achavam; planícies haviam dado o lugar a cadeias de montanhas. Estas transformações eram mais acentuadas em alguns lugares do que em outros. Onde estiveram os mais ricos tesouros da Terra, em ouro, prata e pedras preciosas, viam-se os mais acentuados indícios da maldição. E sobre os territórios que não eram habitados, e aqueles em que houvera o menor número de crimes, a maldição repousou mais brandamente.PP 67.4
Nesse tempo imensas florestas foram sepultadas. Estas foram depois transformadas em carvão, formando as extensas camadas carboníferas que hoje existem, e também fornecendo grande quantidade de óleo. O carvão e o óleo freqüentemente se acendem e queimam debaixo da superfície da Terra. Assim as rochas são aquecidas, queimada a pedra de cal, e derretido o minério de ferro. A ação da água sobre a cal aumenta a fúria do intenso calor, e determina os terremotos, vulcões e violentas erupções. Vindo o fogo e a água em contato com as camadas de pedra e minério, há violentas explosões subterrâneas, as quais repercutem como soturnos trovões. O ar se acha quente e sufocante. Seguem-se erupções vulcânicas; e, deixando estas muitas vezes de dar vazão suficiente aos elementos aquecidos, a própria terra é agitada, o terreno se ergue e dilata-se como as ondas do mar, aparecem grandes fendas, e algumas vezes cidades, vilas, e montanhas a arder são tragadas. Estas assombrosas manifestações serão mais e mais freqüentes e terríveis precisamente antes da segunda vinda de Cristo e do fim do mundo, como sinais de sua imediata destruição.PP 68.1
As profundidades da Terra são o arsenal do Senhor, donde foram retiradas as armas empregadas na destruição do mundo antigo. Águas jorrando da Terra uniam-se com as águas do céu para cumprirem a obra de desolação. Desde o dilúvio, o fogo bem como a água tem sido o agente de Deus para destruir cidades muito ímpias. Estes juízos são enviados a fim de que aqueles que consideram levianamente a lei de Deus e menosprezam Sua autoridade, possam ser levados a tremer ante o Seu poder, e confessar Sua justa soberania. Vendo os homens montanhas ardentes a derramar fogo e chamas, e torrentes de minério derretido a secar rios, submergindo cidades populosas, e por toda parte espalhando a ruína e desolação, o mais arrogante coração tem-se enchido de terror, e os incrédulos e blasfemos têm sido constrangidos a reconhecer o infinito poder de Deus.PP 68.2
Disseram os antigos profetas, referindo-se a cenas como essas: “Oh! se fendesses os céus, e descesses! e os montes se escoassem diante da Tua face! Como quando o fogo inflama a lenha, e faz ferver as águas, para fazeres notório o Teu nome aos Teus adversários, assim as nações tremessem da Tua presença! Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes se escoavam diante da Tua face.” “O Senhor tem o Seu caminho na tormenta, e na tempestade, e as nuvens são o pó dos Seus pés. Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios”. Naum 1:3, 4.PP 68.3
Manifestações mais terríveis do que as que o mundo jamais viu, serão testemunhadas por ocasião do segundo advento de Cristo. “Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem; e a Terra se levanta na Sua presença; o mundo e todos os que nele habitam. Quem parará diante do Seu furor? e quem subsistirá diante do ardor da Sua ira?” Naum 1:5, 6. “Abaixa, ó Senhor, os Teus céus, e desce; toca os montes, e fumegarão. Vibra os Teus raios, e dissipa-os; envia as Tuas flechas, e desbarata-os”. Salmos 144:5, 6.PP 68.4
“Farei aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais embaixo na Terra, sangue, fogo e vapor de fumo”. Atos dos Apóstolos 2:19. “E houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a Terra; tal foi este tão grande terremoto.” “E toda ilha fugiu; e os montes não se acharam. E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento”. Apocalipse 16:18, 20, 21.PP 69.1
Unindo-se os raios do céu com o fogo na Terra, as montanhas arderão como uma fornalha, e derramarão terríveis correntes de lava, submergindo jardins e campos, vilas e cidades. Massas fervilhantes derretidas, ao serem arremessadas nos rios, farão com que as águas entrem em ebulição, arremetendo rochas maciças com indescritível violência, e espalhando seus fragmentos sobre a terra. Rios tornar-se-ão secos. A Terra se convulsionará; por toda parte haverá tremendos terremotos e erupções.PP 69.2
Assim destruirá Deus os ímpios da Terra. Mas os justos serão preservados em meio destas comoções, como o foi Noé na arca. Deus será o seu refúgio, e sob Suas asas eles estarão confiados. Diz o salmista: “Porque Tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a Tua habitação. Nenhum mal te sucederá”. “No dia da adversidade me esconderá no Seu pavilhão; no oculto do Seu tabernáculo me esconderá.” A promessa de Deus é: “Pois que tão encarecidamente Me amou, também Eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o Meu nome”. Salmos 91:9, 10, 14; 27:5.PP 69.3