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    Capítulo 20

    Em casa. Religião. Temperança. Lavoura. Minha promessa. Sociedade dos Amigos Marinheiros. Missões. Sociedade Americana de Tratados. Sociedade Americana de Colonização. Casa de culto. Reavivamento religioso e seus efeitos. O chá e o café. Mudança de residência. O progresso da causa da temperança. O progresso da causa abolicionista. Meu ponto de vista. Motim em Boston, Massachusetts. Estrelas cadentes.AJB 217.1

    O capítulo 19 terminou com o relato da minha última viagem, o que me permitiu aproveitar das bênçãos da vida social em terra firme com minha família e meus amigos. Minha vida de marinheiro havia chegado ao fim. Mais uma vez eu considerava um grande privilégio poder me unir com meus irmãos na Igreja Cristã. Tive também o prazer de voltar a me engajar na reforma da temperança com meus ex-colegas, que tinham já progredido muito durante minha ausência.AJB 217.2

    O último desejo do meu pai era que eu me unisse à minha mãe para efetuar a liquidação do seu patrimônio. Antes do fim do ano, minha mãe também faleceu. A partir de então, me dediquei à agricultura e comecei a modernizar uma pequena fazenda que meu pai tinha me deixado como herança. Com o auxílio de um periódico semanal agrícola chamado “Fazendeiro da Nova Inglaterra”, que me fornecia orientação teórica, e com um pouco do meu dinheiro disponível, logo fiz algumas alterações perceptíveis na fazenda, mas com pouca ou nenhuma renda.AJB 217.3

    Minha esposa sempre dizia que gostaria que eu tivesse alguma forma de sustentar a família vivendo em casa. Prometi a ela que quando eu ganhasse recursos suficientes para a nossa subsistência como marinheiro, abandonaria a navegação para trabalhar em terra firme. Quando ela perguntou o que eu considerava recursos suficientes, eu respondi:AJB 217.4

    – Dez mil dólares.AJB 217.5

    Depois de provar da agradável esperança cristã, ficou muito mais fácil, com todas as perspectivas que se descortinavam diante de mim, dizer quando eu encerraria meus negócios no mar, com a ajuda de Deus.AJB 217.6

    Agora eu gozava do privilégio de ler alguns periódicos da época, especialmente aqueles sobre religião, moral e bons costumes. Os anseios dos marinheiros começavam agora a se materializar por meio de um periódico chamado “A Revista do Marinheiro”. Alguns amigos da causa se reuniram e nós organizamos a “Sociedade dos Amigos Marinheiros”. Um pequeno panfleto chamado “The Missionary Herald” [O Arauto Missionário], que defendia a causa das missões estrangeiras, também despertou meus sentimentos e até certo ponto atraiu a minha atenção. Meu relacionamento com pessoas a quem o Missionary Herald chamava de pagãs me permitiu ver com mais clareza suas necessidades morais e religiosas.AJB 218.1

    Fiquei também muito interessado com o trabalho da Sociedade Americana de Tratados [Panfletos], organizada em Boston, Massachusetts, no ano de 1814, e que abrangia todas as denominações evangélicas dos Estados Unidos. Li com prazer e ajudei a espalhar e a difundir muitos dos panfletos deles sobre assuntos religiosos e sobre a reforma na área da temperança. Porém, o meu interesse começou a diminuir quando eles manifestaram falta de interesse e determinação em publicar qualquer tipo de tratado em favor dos escravos oprimidos e espezinhados em sua própria terra, apesar dos pedidos dos antiescravagistas nesse sentido. Ficou evidente que a professa benevolência ilimitada deles incluía toda a raça humana, de todas as cores e aspectos, exceto aqueles que estavam sofrendo sob o domínio de seus opressores e perecendo por falta de conhecimento religioso – tão acessível em nossa nação –, que poderia lhes ser transmitido em suas igrejas e em suas próprias casas. Tal incoerência recai pesadamente sobre os administradores dessa Sociedade.AJB 218.2

    Comecei a ler também, nessa mesma época, “The African Repository” (O Repositório Africano), o periódico da Sociedade Americana de Colonização, organizada na cidade de Washington, D.C., no ano de 1817. Essa sociedade tinha como objetivo instalar na África antigos escravos negros libertos, bem como negros nascidos livres dos Estados Unidos. O caráter e a tendência dessa Sociedade foram posteriormente explicados em detalhes pelo senhor William Jay, de Nova Iorque, em 1835. Ele diz:AJB 218.3

    “Dos 17 vice-presidentes, apenas cinco foram selecionados a partir dos Estados livres [abolicionistas], enquanto os outros doze foram, acredita-se, donos de escravos, sem nenhuma exceção. Os dois primeiros artigos da constituição da sociedade são os únicos estritamente relacionados aos objetivos da Sociedade. Eles são os seguintes:AJB 218.4

    Art. I. Esta Sociedade será chamada de A Sociedade Americana para colonizar as pessoas negras livres dos Estados Unidos.AJB 219.1

    Art. II. O objetivo ao qual a atenção da Sociedade deve ser exclusivamente dirigida é o de promover e executar um plano para (com o consentimento delas) colonizar as pessoas negras livres, que residem em nosso país, na África ou em qualquer outro lugar que o Congresso julgar mais conveniente. E a Sociedade agirá para executar esse objetivo em cooperação com o Governo Federal e os Estados que vierem a adotar regulamentos sobre o assunto.”AJB 219.2

    O assunto era novo para mim, pois não tinha tido muito contato com ele quando estava em alto-mar. Por um tempo pareceu que os promotores dessa causa eram honestos em suas declarações com respeito aos negros livres, bem como à abolição da escravatura por parte da União. Mas quando as sociedades abolicionistas começaram a se organizar, entre 1831 e 1834, tornou-se evidente que a Sociedade Americana de Colonização era o pior inimigo dos negros livres. Ficou claramente manifesto que eles trabalhavam para perpetuar a escravidão nos Estados escravagistas, e manifestaram a mais severa oposição contra os abolicionistas e suas medidas.AJB 219.3

    Até 1832, a Igreja Cristã de Fairhaven, à qual me havia unido, tinha ocupado um salão alugado. Porém, sentia agora a necessidade de ter uma casa de culto própria num lugar mais conveniente. Quatro de nossos irmãos se uniram e construíram uma igreja que ficou conhecida como a “Casa de Culto Cristã da Rua Washington”. Assim que a construção ficou pronta e foi dedicada, iniciamos uma série de reuniões religiosas em que o Senhor graciosamente respondia às nossas orações e derramava o seu Espírito sobre nós. Muitas almas foram convertidas. As outras igrejas foram zelosamente influenciadas, e a obra de Deus se espalhou por toda a cidade. Por muitas semanas seguidas os sinos da igreja tocavam de manhã, tarde e noite, para anunciar o início das pregações e das reuniões sociais. Os que comentavam sobre esse reavivamento diziam que toda a população de não conversos estava sob a atuação profunda do Espírito Santo de Deus.AJB 219.4

    A nossa cidade já tinha sido abençoada com vários reavivamentos anteriores, porém eu estivera longe de casa e não os havia presenciado, com exceção de dois, sendo o último o que acabei de mencionar. O primeiro aconteceu no ano de 1807, quando o povo estava imerso no amor e prazeres do mundo e na soberba da vida. O reavivamento foi para aquele povo uma obra maravilhosa e completamente inesperada. Embora tivéssemos um ministério instituído e pregações regulares, verificou-se que havia apenas dois altares da família no local: um na família do Sr. J. e o outro na casa do meu pai. Lembro-me de ter me sentido profundamente interessado naquela obra, e apreciava comparecer às reuniões de oração, e com frequência penso que naquela época o Senhor perdoou os meus pecados. Eu, porém, assim como muitos outros jovens, deixei de expressar meus sentimentos a meus pais ou a qualquer outra pessoa, com a ideia de que a religião era para pessoas mais velhas do que eu; e antes que o reavivamento cessasse completamente, minha mente já estava ocupada em me preparar para a minha primeira viagem à Europa.AJB 219.5

    Desde o ano de 1824, quando fiz a minha aliança com Deus, eu vivia de acordo com os princípios de total abstinência de todas as bebidas alcoólicas. No entanto, continuei com o hábito de beber chá e café aproximadamente por mais sete anos, sem ter muita convicção dos seus efeitos venenosos e estimulantes. Com o pouco conhecimento que tinha sobre o assunto, eu não estava disposto a me convencer totalmente de que esses estimulantes exerciam algum efeito sobre mim, até o dia em que, visitando um vizinho com minha esposa, nos serviram chá um pouco mais forte do que estávamos acostumados a beber. O efeito dele foi tão forte em todo o meu organismo que eu só consegui descansar e dormir depois da meia-noite. Fiquei, então, plenamente convencido (e desde então nunca mais encontrei nenhuma razão para mudar minha crença sobre o assunto) de que fora o chá que me afetara daquela maneira. Daquele dia em diante, me convenci das propriedades intoxicantes do chá, e não fiz mais uso dele. Pouco depois, seguindo a mesma postura com relação ao chá, descartei também o café; e agora já faz trinta anos desde que decidi não beber conscientemente nenhuma dessas duas bebidas. Se o leitor quiser saber o quanto ganhei com isso, responderei com prazer: minha saúde está melhor, minha mente, mais clara, e minha consciência a esse respeito, tranquila.AJB 220.1

    Sylvester Graham, em suas Palestras sobre a Ciência da Vida Humana, diz: “Não há verdade mais clara na ciência do que o fato de que tanto o chá quanto o café estão entre os venenos mais poderosos do reino vegetal”.AJB 221.1

    O Jornal de Medicina da Transilvânia declarou que o chá é como um analgésico, em alguns casos tão potente quanto o ópio. A Enciclopédia Americana diz: “Os efeitos do chá sobre o organismo humano são como os de um narcótico muito leve. Esses efeitos, como os de qualquer outro narcótico, quando tomado em pequenas quantidades, é estimulante”. O Dr. Combe, em sua valiosa obra sobre digestão e nutrição, observa que “quando preparado muito forte, ou tomado em grandes quantidades, especialmente tarde da noite, eles [o chá e o café] não apenas arruínam o estômago, mas perturbam seriamente a saúde do cérebro e do sistema nervoso”.AJB 221.2

    Vendi minha residência no ano de 1831, e gastei boa parte do ano seguinte para construir minha casa e outras dependências em minha pequena fazenda. Aquele foi também o ano em que me ocupei construindo, com outros três amigos, a Casa de Culto da Rua Washington. Em 1831, foi declarado que havia 3 mil sociedades de temperança organizadas nos Estados Unidos, com 300 mil membros (ver Visão Cronológica do Mundo do Dr. Haskell, p. 247). Assim, em quatros anos, ou a partir de 1827, as sociedades de temperança já haviam alcançado essas proporções a partir do nosso pequeno início em Fairhaven. Muitos navios também estavam adotando a reforma da temperança.AJB 221.3

    Por volta do fim do ano de 1831 e início de 1832, as Sociedades Abolicionistas começaram a se organizar novamente nos Estados Unidos, defendendo a emancipação imediata. Enquanto essa obra progredia, os defensores abolicionistas foram maltratados e atacados em muitos lugares onde tentaram organizar ou realizar reuniões em favor dos pobres escravos oprimidos em nossa terra. As Sociedades de Colonização e seus defensores estavam na linha de frente dessa perseguição vergonhosa, algo denunciado claramente no livro de William Jay, “Inquérito sobre o Caráter e Tendência das Sociedades de Colonização”.AJB 221.4

    Todas as declarações de benevolência das Sociedades de Colonização para com as pessoas negras livres; o ardente desejo deles de beneficiar os pobres escravos oprimidos e, finalmente, salvar o nosso país da maldição da escravidão, tudo isso desapareceu como a nuvem e o orvalho da manhã quando lemos sobre os seus atos vergonhosos de violência na cidade de Nova Iorque e em outros lugares a fim de calarem os apelos da humanidade em prol dos escravos oprimidos e pisoteados. O “New York Commercial Advertiser” [O Anunciante Comercial de Nova Iorque] e o “Courier and Enquirer” [Mensageiro e Investigador] estavam, na época, entre os melhores simpatizantes da colonização e da manutenção da escravidão.AJB 221.5

    Foi então que comecei a perceber a importância de tomar uma posição ao lado dos oprimidos. Meu trabalho na causa da temperança tinha peneirado muito o meu círculo de amizade, e não tinha o desejo de perder mais amigos. Contudo, o senso de dever me dizia claramente que eu não poderia ser um cristão coerente se apoiasse os opressores, pois Deus não estava com eles; tampouco poderia reivindicar Suas promessas se eu ficasse neutro. Portanto, a minha única alternativa era interceder pelos escravos. E foi o que decidi.AJB 222.1

    Em nossas reuniões religiosas, conversávamos e orávamos, sempre lembrando “dos encarcerados, como se presos com eles” (Hebreus 13:8). Alguns se sentiam ofendidos e alguns temiam a desunião. Apesar dos pontos de vista e sentimentos conflitantes em nosso meio, havia alguns nas igrejas que defendiam os princípios abolicionistas; e conforme a obra avançava durante os anos de 1832 a 1835, em que houve muita discussão de todas as partes da União sobre este assunto, convocamos uma reunião, onde aproximadamente 40 cidadãos de Fairhaven se uniram e organizaram a Sociedade Abolicionista de Fairhaven. Essa iniciativa atraiu a ira de alguns dos nossos vizinhos, que também convocaram uma reunião de oposição em que passaram resoluções nos denunciando em termos muito severos. A atitude deles não se devia aos princípios que havíamos adotado em nossos estatutos, pois não iam contra a Constituição dos Estados Unidos; mas, sim, porque tínhamos nos unidos para defender a abolição da escravidão americana, que eles consideravam inconstitucional e muito impopular. Sofremos muitas ameaças de que nossas reuniões seriam dissolvidas, mas felizmente conseguimos avançar e progredir.AJB 222.2

    Um dos nossos membros, ao ir para Charleston, na Carolina do Sul, foi denunciado perante as autoridades da cidade sob a acusação de ser um membro da Sociedade Abolicionista de Fairhaven. Para não sofrer as consequências de um possível julgamento, renunciou aos ideais abolicionistas, como ele mais tarde declarou. Entretanto, a oposição foi mais fortemente manifestada no norte, onde a cada momento surgiam novas sociedades, do que no sul.AJB 222.3

    William Lloyd Garrison, editor de um jornal abolicionista, intitulado “O Libertador”, publicado em Boston, Massachusetts, ficou muito popular em vários periódicos da época (1835), sendo considerado o abolicionista mais notório. Recompensas, algumas chegando, creio eu, a 50 mil dólares, eram oferecidas por sua cabeça! Os cidadãos de Boston da Rua Washington e arredores, onde eram realizadas as reuniões abolicionistas, ficaram tão agitados e enfurecidos que se reuniram numa tarde ao redor do edifício em que William morava e o perseguiram até uma carpintaria para onde ele havia fugido deles. Ele foi capturado e levado até a multidão aglomerada na rua. Colocaram uma corda em seu pescoço para lhe tirar a vida. Alguns dos seus amigos, que observavam cada movimento da multidão, vendo o perigo iminente, correram em volta dele, fingindo, em meio à confusão, estar do lado da turba, e pegaram o laço da corda, impedindo assim que ele apertasse o pescoço do homem, enquanto alguns da multidão seguravam a outra ponta da corda, correndo pela rua aos gritos, deixando para trás a grande multidão de “cavalheiros de caráter e moral” que, com solene ansiedade, procuravam saber o que aconteceria com a vítima deles.AJB 223.1

    Enquanto isso, a turba e os amigos do Sr. Garrison continuaram correndo desenfreadamente até que se depararam com os portais da prisão da rua Leverett. Ali, com a ação rápida dos amigos, a prisão foi aberta, e o Sr. William Garrison – para o espanto de seus ímpios perseguidores – foi colocado fora do alcance dos seus inimigos; tampouco o carcereiro o apresentaria diante deles sem as ordens dos oficiais respeitosos da lei e da ordem. Assim que o tumulto acalmou, o Sr. Garrison foi honrosamente solto e voltou para o seu posto, novamente lutando pela abolição da escravidão americana. Os jornais antiabolicionistas de Boston, na tentativa de remover da capital dos peregrinos e de uma grande parte de seus cidadãos a mancha e a desgraça daquele episódio incivilizado e selvagem, tentaram evitar ao máximo que o acontecimento fosse registrado como obra de uma turba. Eles declararam que as pessoas que se reuniram ali naquela ocasião eram “cavalheiros de caráter e moral”.AJB 223.2

    Antes desse incidente citado acima, e enquanto os temas do abolicionismo e antiabolicionismo agitavam e perturbavam a União, um fenômeno maravilhoso ocorreu nos céus, que causou consternação e assombro entre as pessoas. Refiro-me às estrelas que caíram do céu! Muitos guardas nas cidades, marinheiros em seus turnos de guarda no oceano, juntamente com aqueles que estavam acordados e aqueles a quem estes chamaram para testemunhar a exibição de estrelas cadentes, todos agora falavam a respeito do que haviam testemunhado, e os jornais da época faziam o mesmo.AJB 224.1

    Citarei alguns fragmentos que guardei do evento. Primeiro do “New York Journal of Commerce” [Jornal do Comércio de Nova Iorque], de 15 novembro de 1833. Henry Dana Ward, ao final de seu relato a respeito daquela cena emocionante – trecho já tantas vezes republicado –, diz:AJB 224.2

    “Perguntamos aos vigias por quanto tempo o acontecimento tinha durado. Eles disseram: ‘Por volta das quatro horas foi o momento mais intenso’. Observamos até que o nascer do sol extinguiu as estrelas cadentes menores juntamente com as estrelas fixas menores, e até que a estrela d’alva ficasse sozinha no céu para introduzir a esfera brilhante do dia. Trago aqui a observação de um dos meus amigos do ramo mercantil, que é tão bem informado a respeito do conhecimento erudito quanto a maioria dos comerciantes inteligentes de nossa cidade, que não fizeram da ciência seu objeto de estudo. Ao nos sentarmos para tomarmos o café da manhã, conversamos sobre o acontecimento, e ele me disse: ‘Eu mantive meus olhos fixos na estrela d’alva. Pensei que, enquanto ela se mantivesse firme, estaríamos seguros; mas temi cada momento que ela sumisse e levasse consigo tudo o que existe’. O leitor verá que essa observação veio de uma impressão quase irresistível, por parte de uma testemunha ocular inteligente, de que o firmamento havia se desmoronado, e que todo o exército de estrelas havia se fragmentado. Porém, a esperança agarrou-se à estrela da manhã, que nunca brilhou tão gloriosa”.AJB 224.3

    Em uma declaração posterior, ele acrescenta:AJB 224.4

    “A alvorada aconteceu uma hora mais cedo naquela manhã, e todo o céu ao leste estava transparente como o vidro fundido, de umAJB 224.5

    modo como eu nunca vira antes, nem cheguei a ver depois. Um arco aberto de luz brilhante surgiu ao leste, acima do qual estava a estrela da manhã – indizivelmente gloriosa por seu brilho e firmeza na face do escuro e transparente firmamento que irrompia”.AJB 225.1

    Do jornal “Baltimore Patriot”:AJB 225.2

    “Sr. Munroe: Nesta manhã do dia 13 de novembro de 1833, já acordado, testemunhei um dos espetáculos mais grandiosos e alarmantes jamais vistos por algum olho humano. A claridade no meu quarto era tão intensa que pude ver a hora do dia em meu relógio que fica sobre a minha lareira. Imaginando que algum incêndio houvesse acontecido ali perto, ou até mesmo na minha própria residência, corri até a janela e vi as estrelas, ou outros corpos celestes, com aparência flamejante, caindo em torrentes com uma velocidade tão intensa e em número tão grande que superavam qualquer nevada ou gotas de chuva numa tempestade”.AJB 225.3

    Do “Christian Advocate and Journal”, de 13 dezembro de 1833:AJB 225.4

    “O fenômeno meteórico, que ocorreu na manhã do dia 13 do último mês de novembro, foi de caráter tão extraordinário e interessante que é digno de mais do que uma simples observação efêmera. As descrições vívidas e detalhadas que apareceram em vários periódicos não são exageradas. Nenhuma linguagem pode, de fato, retratar à altura o imenso esplendor daquela magnífica exibição. Não hesito em dizer que apenas quem presenciou o acontecido pode formar uma concepção adequada de toda a sua glória. Era como se todas as estrelas tivessem se reunido em um único ponto, perto do zênite, e tivessem simultaneamente se atirado, com a velocidade de um raio, a todas as partes do horizonte. E ainda assim não acabaram – milhares rapidamente seguiram os rastros de outros milhares, como se tivessem sido criadas para a ocasião, e iluminaram o firmamento com riscos de radiante luz”.AJB 225.5

    O “Commercial Observer”, de 25 de novembro de 1833, copiado do “Old Countryman”, diz o seguinte:AJB 225.6

    “Nós consideramos a chuva de fogo, que vimos na última quarta-feira de manhã, algo extraordinariamente solene, um precursor certo, um sinal misericordioso do grande dia em que os habitantes da Terra irão testemunhar o sexto selo ser aberto. O tempo está próximo, conforme descrito não apenas no Novo Testamento, mas também no Antigo. Uma imagem mais exata de uma figueira que lança suas folhas (ou figos verdes), quando soprada por um vento forte, não é possível contemplar”.AJB 225.7

    Trechos do “People’s Magazine”, de Boston, datado de janeiro de 1834, dizem o seguinte a respeito das estrelas cadentes de 13 de novembro de 1833:AJB 226.1

    “Os ‘Anais’ de Rockingham [Virgínia] chama o evento de ‘chuva de fogo’ – ‘milhares de estrelas sendo vistas de uma só vez’. Alguns disseram: ‘Tudo começou com um estrondo’.AJB 226.2

    The Lancaster Examiner” disse:AJB 226.3

    “O ar estava cheio de inumeráveis meteoros ou estrelas. [...] Centenas de milhares de corpos brilhantes podiam ser vistos caindo a cada momento; [...] descendo, como de uma ladeira, em direção à terra, a um ângulo de cerca de 45 graus, assemelhando-se a relâmpagos de fogo”.AJB 226.4

    Os “Anais” de Salem fala que o fenômeno foi visto “em Moca, no Mar Vermelho”.AJB 226.5

    O “Journal of Commerce” nos informa que “a mais de 480 quilômetros de Liverpool, o fenômeno foi tão esplêndido como aqui”, e que, no condado de St. Lawrence, “houve uma tempestade de neve durante o fenômeno em que as estrelas cadentes apareceram como um raio”. [...] Em Germantown, Pensilvânia, “elas pareciam chuvas de enormes granizos”.AJB 226.6

    O capitão de um baleeiro de New Bedford, um conhecido meu, disse que “enquanto estava ancorado naquela noite na costa da Califórnia, no Oceano Pacífico, vi as estrelas caindo ao meu redor”.AJB 226.7

    O professor Olmstead, da Universidade de Yale, declarou:AJB 226.8

    “A extensão da chuva de estrelas de 1833 foi tamanha para abranger uma parte bastante considerável da superfície da Terra – desde o meio do Atlântico ao leste até o Pacífico a oeste; e da costa norte da América do Sul até regiões indefinidas entre os territórios britânicos no norte. A exibição foi visível, e em todos esses lugares apresentou quase que a mesma aparência. Aqueles que tiveram a sorte de testemunhar o espetáculo de estrelas cadentes, na manhã de 13 de novembro de 1833, provavelmente viram a maior exibição de fogos de artifício celestes já vista desde a criação do mundo”.AJB 226.9

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