Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents
Daniel e Apocalipse - Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    Apocalipse 12 — A igreja evangélica

    VERSÍCULO 1. Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, 2. que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. 3. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.DAP 405.1

    Uma elucidação desta parte do capítulo envolve pouco mais do que a mera definição dos símbolos apresentados. Esta pode ser feita em poucas palavras, da seguinte maneira:DAP 405.2

    “Uma mulher”: a igreja verdadeira. Uma mulher corrupta é usada para representar uma igreja apóstata ou corrupta (Ezequiel 23:2-4; Apocalipse 17:3-6, 15, 18). Por paralelo de raciocínio, uma mulher pura, como neste caso, representa a igreja verdadeira.DAP 405.3

    “Sol”: a luz e a glória da dispensação evangélica.DAP 405.4

    “A lua”: a dispensação mosaica. Assim como a lua brilha com luz emprestada do sol, a velha dispensação brilhava com luz emprestada da presente dispensação. Naquela época, eles tinham o tipo e a sombra; hoje temos o antítipo e a substância.DAP 405.5

    “Coroa de doze estrelas”: os doze apóstolos.DAP 405.6

    “Dragão, grande, vermelho”: Roma pagã (ver os comentários dos versículos 4 e 5).DAP 405.7

    “Céu”: o espaço no qual essa representação foi contemplada pelo apóstolo. Não devemos supor que as cenas aqui representadas a João ocorrem no Céu onde Deus habita, pois tratam-se de acontecimentos que se desenrolam aqui na Terra. Mas a cena que se passou diante dos olhos do profeta apareceu como se estivesse na região ocupada pelo sol, pela lua e pelas estrelas, a qual denominamos céu.DAP 405.8

    Os versículos 1 e 2 abrangem um período que começa logo antes do início da presente dispensação, quando a igreja ansiava avidamente pelo advento do Messias e esperava por esse acontecimento, estendendo-se até a ocasião do pleno estabelecimento da igreja evangélica com sua coroa de doze apóstolos (Lucas 2:25-26, 38).DAP 405.9

    Não poderia haver símbolos mais adequados e impressionantes do que os empregados aqui. A dispensação mosaica brilhou com luz emprestada da dispensação cristã, assim como a lua brilha com luz emprestada do sol. Quão apropriado, então, representar a primeira pela lua e a segunda pelo sol. A mulher, a igreja, tinha a lua debaixo dos pés, ou seja, a dispensação mosaica acabara de finalizar e a mulher estava vestida com a luz do sol evangélico, que terminara de nascer. Usando a figura de linguagem conhecida como prolepse, a igreja é representada plenamente organizada, com seus doze apóstolos, antes que o filho varão, Cristo, entrasse em cena. Isso se justifica com facilidade pelo fato de que assim ela seria constituída logo depois de Cristo começar Seu ministério; e Ele Se encontra mais especialmente conectado a essa igreja do que a da velha dispensação. Não há espaço para uma compreensão incorreta da passagem. Portanto, esta representação não causa nenhum dano a um sistema correto de interpretação.DAP 405.10

    VERSÍCULO 4. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a Terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. 5. Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao Seu trono. 6. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.DAP 406.1

    A terça parte das estrelas do céu”. O dragão arrastou a terça parte das estrelas do céu. Se as doze estrelas com as quais a mulher está coroada, usadas aqui de maneira simbólica, denotam os doze apóstolos, então as estrelas que o dragão lança para a Terra antes de sua tentativa de destruir o filho varão, ou seja, antes da era cristã, podem representar uma parte dos governantes do povo judeu. Já tivemos evidência, em Apocalipse 8:12, de que, às vezes, o sol, a lua e as estrelas são usados nesse sentido simbólico. Se o dragão é um símbolo, só poderia lidar com estrelas simbólicas. E a cronologia do ato aqui mencionado o confina ao povo judeu. A Judeia se tornou uma província romana 63 anos antes do nascimento do Messias. Os judeus tinham três classes de governantes: reis, sacerdotes e o Sinédrio. Um terço deles, os reis, foi derrubado pelo poder romano. Philip Smith, em History of the World [História do Mundo], vol. 3, p. 181, após narrar o cerco de Jerusalém pelos romanos e por Herodes, e a rendição da cidade na primavera de 37 a.C., depois de resistir com obstinação por seis meses, conta: “Esse foi o fim da dinastia dos asmoneus, exatamente 130 anos depois das primeiras vitórias de Judas Macabeu e no 70º ano da usurpação da coroa por Aristóbulo I”.DAP 406.2

    O dragão se deteve em frente da mulher a fim de devorar seu filho. Torna-se necessário agora identificar o poder simbolizado pelo dragão. E é fácil fazer isso. O testemunho acerca do “filho varão” que o dragão tenta destruir só pode se aplicar a um ser que nasceu neste mundo, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo. Ninguém mais foi arrebatado por Deus até Seu trono, ao passo que Ele recebeu essa exaltação (Efésios 1:20-21; Hebreus 8:1; Apocalipse 3:21). Ninguém mais recebeu de Deus a comissão de reger todas as nações com cetro de ferro, mas Ele foi designado justamente para essa obra (Salmos 2:7-9).DAP 406.3

    Com certeza, não pode haver dúvida de que o filho varão representa Jesus Cristo. O momento ao qual essa profecia se refere é igualmente evidente. Foi o instante em que Cristo veio a este mundo como bebê em Belém.DAP 406.4

    Depois de definir quem é o filho varão, a saber, Cristo e de fixar a cronologia da profecia no momento em que Ele nasceu neste mundo, será fácil descobrir qual é o poder que o dragão simboliza. Pois o dragão representa algum poder que tentou destruí-lo ao nascer. Houve uma tentativa como essa? E quem foi responsável por ela? Não é preciso dar nenhuma resposta formal a essa pergunta a todos quantos leram como Herodes, no diabólico esforço por destruir o bebê Jesus, mandou matar todos os bebês meninos em Belém, de dois anos para baixo. Mas quem foi Herodes? Um governador romano. O poder de Herodes provinha de Roma. Naquela época, Roma dominava sobre o mundo inteiro (Lucas 2:1) e, portanto, era a parte responsável por esse acontecimento. Além disso, Roma era o único governo terreno que, naquele período, poderia ser simbolizado na profecia, justamente pelo motivo de ter domínio universal. Logo, não é sem razões conclusivas que os comentaristas protestantes em geral classificam o império romano como o poder representado pelo grande dragão vermelho. E é interessante destacar o fato de que, durante o segundo, terceiro, quarto e quinto séculos da era cristã, juntamente com a águia, o dragão era o principal estandarte das legiões romanas. E esse dragão era pintado de vermelho, como se, numa resposta fiel ao retrato contemplado pelo profeta de Patmos, exclamasse ao mundo: “Nós somos a nação que essa imagem representa”.DAP 406.5

    Conforme dissemos, Roma, na pessoa de Herodes, tentou destruir Jesus Cristo quando ele mandou procurar e destruir todos os meninos de Belém de dois anos para baixo. O bebê que nasceu para realizar os expectantes desejos de uma igreja que aguardava e vigiava foi nosso adorável Redentor, que logo regerá as nações com cetro de ferro. Herodes foi incapaz de destruí-Lo. Nem todos os poderes da Terra e do inferno reunidos poderiam vencê-Lo. E embora tenha sido mantido por um período sob o domínio da sepultura, rasgou suas cruéis amarras, abriu o caminho de vida para a raça humana. Foi arrebatado por Deus até Seu trono, ou seja, ascendeu ao Céu à vista de Seus discípulos, deixando para eles, por meio das palavras dos anjos, a mais doce de todas as promessas, a saber, que, assim como estava sendo retirado da presença deles, viria outra vez.DAP 407.1

    E a igreja fugiu para o deserto quando o papado se consolidou, em 538, onde foi alimentada pela Palavra de Deus e pelo cuidado dos anjos durante o domínio longo, negro e sangrento desse poder, por 1.260 anos.DAP 407.2

    VERSÍCULO 7. Houve peleja no céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; 8. todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. 9. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos. 10. Então, ouvi grande voz do Céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. 11. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. 12. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da Terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.DAP 407.3

    Os seis primeiros versículos deste capítulo, conforme vimos, nos conduzem ao término dos 1.260 anos, que marcam o fim da supremacia papal em 1798. No versículo 7, fica igualmente claro que somos levados a eras anteriores. Para quando? Para o primeiro momento citado no capítulo: os dias do primeiro advento. “Houve peleja no céu”, o mesmo céu onde a mulher e o dragão foram vistos a princípio. Mas eles eram atores nas cenas que ocorreram aqui na Terra. Por isso, entendemos que esta guerra se passa no mesmo local. E a qual ponto do passado somos conduzidos? Sem dúvida, ao início do ministério de Cristo aqui na Terra. Para provar que Miguel é Cristo, confira Judas 9; 1 Tessalonicenses 4:16; João 5:28-29. E é impossível questionar que esse foi um período especial de guerra entre Ele e Satanás.DAP 407.4

    Outro símbolo é introduzido aqui, e João se apressa em nos dizer o que ele representa. É o diabo e Satanás. Mas esse não é o mesmo dragão dos versículos 3 e 4. Aquele era um grande dragão vermelho, com sete cabeças e sete coroas sobre as cabeças. Seria grotesco demais tentar aplicar essa figura à pessoa de Satanás. Em nenhum momento, a Bíblia diz que Satanás é vermelho, nem que foi abençoado com o número de cabeças e chifres aqui mencionados. Além disso, muito embora possa, em seu papel de deus deste mundo, ter uma coroa, como poderia usar sete? Todavia, todas essas características são extremamente apropriadas quando aplicadas a Roma pagã.DAP 409.1

    Quando se deseja representar Satanás por um símbolo, nada mais apropriado do que um grande dragão ou serpente, sem especificações. E fica evidente por que um símbolo semelhante também é usado para representar Roma com algumas de suas características peculiares. Isso ocorreu porque Roma, um império universal, era, na época, o único agente geral para desempenhar a vontade de Satanás na Terra. Mas não há motivo para confundir os dois símbolos.DAP 409.2

    Em referência à guerra mencionada, Satanás aguardava com expectativa a missão de Cristo nesta Terra como sua última chance de sucesso em subverter o plano da salvação. Ele se aproximou de Jesus com tentações plausíveis, na esperança de derrotá-Lo. Tentou destruí-Lo de diversas maneiras ao longo de Seu ministério. E quando conseguiu colocá-Lo no túmulo, procurou, em maligno triunfo, conservá-Lo ali. Mas em todos os embates, o Filho de Deus saiu triunfante. E Ele deixa esta graciosa promessa a Seus seguidores fiéis: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trono” (Apocalipse 3:21). Isso mostra que, enquanto se encontrava na Terra, Jesus travou uma guerra e obteve a vitória. Satanás viu seu último esforço fracassar, sua conspiração final ir por água abaixo. Ele havia se gabado de que derrotaria o Filho de Deus em Sua missão neste mundo, transformando o plano da salvação em uma vergonha infame. E ele sabia muito bem que, se fosse frustrado em sua última tentativa desesperada de subverter a obra de Deus, sua esperança final morreria e tudo estaria perdido (ver Spiritual Gifts [Dons Espirituais], vol. 1, p. 67).DAP 409.3

    No entanto, usando as palavras do versículo 8, ele não prevaleceu. Por isso, podemos muito bem entoar o cântico: “Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais”.DAP 409.4

    Alguns defendem que essa guerra ocorreu quando Satanás, então um anjo de luz e glória, se rebelou no Céu; e que a expulsão à qual João se refere foi sua retirada do Céu naquela ocasião. Mas não conseguimos harmonizar esse ponto de vista com o testemunho diante de nós. No versículo 13, lemos o seguinte: “Quando, pois, o dragão se viu atirado para a Terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão”. Isso mostra que, assim que o diabo viu que foi expulso, voltou sua ira contra a mulher, a igreja, a qual, não muito depois dessa ocasião, fugiu para o deserto. Portanto, quando Satanás se deu conta de que estava derrotado, o filho varão já havia vindo, ou, em outras palavras, o primeiro advento de Cristo já ocorrera. Assim, essa guerra e derrota de Satanás ocorreu durante a era cristã e não muito antes de a igreja fugir para o deserto em 538, não podendo corresponder a sua queda do Céu antes da criação do mundo, embora essa tenha sido uma guerra no Céu.DAP 409.5

    Além disso, parece haver vários casos nos quais Satanás é mencionado como derrotado ou lançado por terra. Um deles foi sua primeira expulsão do Céu; outra, quando Cristo o venceu em Seu primeiro advento; e haverá mais uma ocasião no futuro, quando ele for lançado no poço do abismo e preso por mil anos. Em cada um desses episódios sucessivos, contemplamos uma limitação crescente de seu poder. Ele desce um degrau a cada combate que se passa. Da primeira vez, conforme podemos inferir claramente com base em alguns textos bíblicos, a disputa foi entre Ele e Deus Pai (cf. 2 Pedro 2:4); da segunda vez, entre ele e Cristo, o Filho, assim como na passagem em análise; ao passo que, da terceira vez, basta um anjo para efetuar a obra de humilhação (Apocalipse 20:1-2). Desde a primeira disputa, ele não recebeu permissão de ter a honra de contender com o Pai; desde a segunda, não teve o privilégio, se podemos dizer assim, de um embate pessoal com o Filho. A guerra mencionada na passagem agora diante de nós é entre o diabo e Miguel, Cristo. O grande esforço pessoal do primeiro em relação ao último ocorreu durante a missão de Jesus aqui na Terra. E a grande vitória pessoal de Cristo aconteceu justamente nesse confronto.DAP 410.1

    “Nem mais se achou no céu o lugar deles”. O céu, conforme vimos, não representa, neste capítulo, o lugar da morada de Deus e de Seus mensageiros celestiais. Sem dúvida, denota aqui uma condição, em vez de lugar. E a expressão significa que foram humilhados para nunca mais voltar a sua posição anterior. Eles haviam sofrido uma derrota terrível, a qual Cristo descreve dizendo: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Lucas 10:18). A esperança que ele sempre acariciara, de derrotar o Filho do homem quando Ele assumisse nossa natureza, pereceu para sempre. Seu poder foi limitado. Não poderia mais aspirar a um encontro pessoal com o Filho de Deus, fato que, até então, conferira, em certo grau, dignidade e prestígio a sua posição. Desde então, a igreja (a mulher) tem sido alvo de sua malícia, e ele recorre a todos os meios nefastos contra ela que naturalmente caracterizam uma ira aturdida e desprovida de esperança (ver Spiritual Gifts, vol. 1, p. 79.)DAP 410.2

    Mas então se ouve um cântico no Céu: “Agora, veio a salvação”, etc. Como isso pode ser, se essas cenas pertencem ao passado? A salvação, a força, o reino de Deus e o poder de Cristo haviam chegado naquela ocasião? De modo nenhum, mas a música é cantada em expectativa. Tais coisas foram garantidas. Cristo conquistou a grande vitória, tirando qualquer dúvida quanto a seu pleno estabelecimento. Assim como lemos em outras passagens bíblicas: “Tendes a vida eterna” (1 João 5:13); “temos a redenção, pelo Seu sangue” (Efésios 1:7), etc., como se já possuíssemos essas bênçãos, ao passo que só as temos pela fé, e as palavras consistem apenas na certeza de que estão para sempre garantidas aos vencedores finais.DAP 410.3

    Então o profeta contempla rapidamente a obra de Satanás desde esse período até o fim (versículos 11-12). Durante essa época, os “irmãos” fiéis o vencem pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho, enquanto sua ira cresce à medida que o tempo é abreviado. Embora trabalhe por intermédio de poderes terrenos, a pessoa de Satanás é o agente principal dos versículos 9 a 17.DAP 411.1

    VERSÍCULO 13. Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão. 14. E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. 15. Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. 16. A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca. 17. Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus (KJV).DAP 411.2

    Poucos comentários são necessários em relação aos versículos que acabam de ser apresentados. Basta dizer que somos levados, mais uma vez, de volta ao momento em que Satanás obteve plena consciência de que havia falhado por completo em todas as suas tentativas contra o Senhor da glória em Sua missão terrena. Ao se dar conta disso, conforme já observamos, ele atacou com fúria multiplicada a igreja que Cristo havia fundado. Então voltamos a colocar sob os holofotes a igreja, que aqui é vista como estando no “deserto”. Isso deve indicar um estado de reclusão, fora do olhar público, e ocultamento dos inimigos. A igreja que, ao longo de toda a idade das trevas, alardeou suas ordens arrogantes nos ouvidos da cristandade a escutar, e ostentou seus estandartes pomposos diante de multidões boquiabertas não era a igreja de Cristo, mas, sim, o corpo do mistério da iniquidade. O “mistério da piedade” (1 Timóteo 3:16) foi Deus Se manifestando aqui como homem; o “mistério da iniquidade” corresponde a um homem que finge ser Deus. Estamos falando da grande apostasia, o híbrido produzido pela união entre paganismo e cristianismo. A igreja verdadeira ficou longe da vista. Em lugares secretos, adorava a Deus. As cavernas e as depressões ocultas dos vales de Piemonte podem ser vistos como lugares representativos, nos quais a verdade do evangelho era sagradamente preservada da fúria de seus inimigos. Ali Deus cuidou de Sua igreja e, mediante Sua providência, a protegeu e alimentou.DAP 411.3

    As asas de águia que a igreja verdadeira recebeu significam, muito apropriadamente, a pressa com a qual ela precisou fugir para a própria segurança quando o homem da iniquidade se instalou no poder, junto com o auxílio que Deus lhe proporcionou para esse fim. Um retrato semelhante é usado para descrever como Deus cuidava do antigo Israel. Por intermédio de Moisés, o Senhor disse aos israelitas: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a Mim” (Êxodo 19:4).DAP 411.4

    A menção ao período durante o qual a mulher é alimentada no deserto, “um tempo, tempos e metade de um tempo”, exatamente a mesma fraseologia usada em Daniel 7:25, fornece uma chave para a explicação do versículo 14. Pois o mesmo período é chamado, no versículo 6 de Apocalipse 12, de “mil duzentos e sessenta dias”. Isso mostra que um “tempo” é um ano, 360 dias; dois “tempos”, dois anos, ou 720 dias. E “metade de um tempo”, meio ano, ou 180 dias, totalizando 1.260 dias. Sendo esse um período simbólico, equivale a 1.260 anos literais.DAP 413.1

    A serpente arrojou de sua boca água como um rio, a fim de arrebatar a igreja. Por meio de suas falsas doutrinas, o papado corrompeu todas as nações de tal modo que exerceu controle absoluto sobre o poder civil por vários séculos. Por esse intermédio, Satanás pôde atirar uma forte correnteza de perseguição contra a igreja em todas as direções. E isso ele fez sem demora (confira a referência a perseguições terríveis à igreja nos comentários acerca de Daniel 7:25). De 50 a 100 milhões foram tragados pela inundação. Mas a igreja não foi engolida por completo. Os dias foram abreviados por causa dos eleitos (Mateus 24:22).DAP 413.2

    A terra “socorreu a mulher” abrindo a boca e engolindo a enchente. A Reforma do século 16 começou seu trabalho. Deus levantou o nobre Lutero e seus colaboradores para expor o verdadeiro caráter do papado e quebrar o poder que havia escravizado a mente das pessoas com suas superstições. Lutero pregou suas teses na porta da igreja de Wittenberg; e a pena com a qual ele as escreveu, de acordo com o sonho simbólico de Frederico, o bom eleitor da Saxônia, de fato deu a volta pelo continente e abalou a tríplice coroa na cabeça do papa. Príncipes começaram a apoiar a causa dos reformadores. Foi a aurora da luz e liberdade religiosa, e Deus não permitiria que as trevas tragassem seu resplendor. Tetzel, o comerciante de indulgências, foi tomado pela ira, e o papa Leão bufou de raiva. Mas tudo isso foi em vão. O feitiço se quebrara. As pessoas descobriram que bulas e excomunhões papais caíam sem causar dano a seus pés, assim que ousaram exercer o direito dado pelo próprio Deus de pautar sua consciência apenas pela Palavra. Os defensores da fé verdadeira se multiplicaram. E logo houve solo protestante suficiente na Suíça, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Noruega e Suécia para engolir o rio da fúria papal e destituí-la de seu poder de fazer mal à igreja. Assim a terra ajudou a mulher e continua a ajudá-la até hoje, uma vez que o espírito da Reforma e da liberdade religiosa tem sido propagado pelas principais nações da cristandade.DAP 413.3

    Mas o dragão ainda não terminou sua obra. O versículo 17 traz à tona mais uma explosão de sua ira, a final, dessa vez contra a última geração de cristãos que viverá nesta Terra. Dizemos a última geração porque a guerra do dragão se dirige contra o restante da descendência da mulher, isto é, o remanescente da sua descendência, ou os indivíduos que constituem a igreja verdadeira. E nenhuma geração, senão a última, pode representar o remanescente com veracidade. Se estiver correto o ponto de vista de que já chegamos à geração que testemunhará o encerramento das cenas terrestres, esse conflito contra a verdade não pode se encontrar no futuro distante.DAP 413.4

    Esse remanescente se caracteriza por guardar os mandamentos de Deus e ter o testemunho de Jesus Cristo. Isso aponta para uma reforma do sábado a ser realizada nos últimos dias, pois somente em relação ao sábado, no que diz respeito aos mandamentos, há diferença de fé e prática entre aqueles que aceitam o decálogo como a lei moral. Tal fato é trazido à tona de maneira mais específica na mensagem de Apocalipse 14:9-12.DAP 413.5

    É provável que seja apropriado destacar que, de acordo com o testemunho deste capítulo, o diabo usa três poderes para realizar sua obra, e todos são chamados de dragão, sendo ele o agente inspirador por trás de todos. São eles: 1) Roma pagã; 2) Roma papal; 3) a besta de dois chifres, nosso próprio governo sob controle do protestantismo apostatado, o qual é o principal agente, conforme veremos daqui em diante, em travar guerra contra aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.DAP 415.1

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents