O jubileu era o clímax de um conjunto de instituições sabáticas. O sábado semanal foi a primeira instituição religiosa dada ao homem.1Gênesis 2:2, 3 O sétimo dia da semana foi santificado e separado para ser observado como o dia de descanso de Jeová.2Isaías 58:13, 14; Êxodo 20:8-11 CSS 226.1
Depois que os filhos de Israel entraram na terra prometida, Deus ordenou que todo sétimo ano fosse “um sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor”. O povo era proibido de semear seus campos e podar suas vinhas durante o sétimo ano; tampouco poderiam juntar em seus celeiros o que crescia por conta própria. O dono da terra podia pegar tudo o que desejava para uso imediato; mas seus servos e os estranhos e até mesmo os animais, tinham direitos iguais aos do dono em aproveitar os frutos de seus campos durante o ano sabático.3Levítico 25:1-7 CSS 226.2
O sétimo mês do ano sagrado4O ano sagrado judaico começava na primavera e o ano civil no outono., o mês Tishrei, era chamado por alguns escritores o mês sabático, já que a maioria dos sábados e festas anuais ocorreriam naquele mês, mais do que em qualquer outro mês do ano. O primeiro dia desse mês era a Festa do Toque das Trombetas; o dia da expiação chegava no décimo dia, e a Festa dos Tabernáculos começava no décimo quinto dia; e a cada quinquagésimo ano, o décimo dia de Tishrei inaugurava o jubileu.5Levítico 25:8-11 CSS 226.3
A observância do sábado semanal era um sinal de que o povo pertencia a Deus; e ao permitir que suas terras descansassem durante o sábado do sétimo ano, eles reconheciam que não somente eles, mas sua terra, seu tempo e tudo o que possuíam, pertenciam a Deus.6Ezequiel 20:12, 20 CSS 226.4
O Senhor deleitava-Se de forma especial no Sábado do sétimo ano, e o desprezo de Sua ordem de observá-lo era ofensivo à Sua vista. Os filhos de Israel foram levados ao cativeiro babilônico porque não permitiram “que a terra desfrutasse seus sábados”.72 Crônicas 36:18-21 Em seu ganancioso amor pelo ganho, haviam trabalhado a terra todos os anos, e Deus os retirou dali e deixou a terra ser desolada, para que pudesse guardar o sábado durante os setenta anos. CSS 227.1
Se a ordem de Deus sempre tivesse sido obedecida e a terra tivesse descansado todo o sétimo ano, a terra não teria “envelhecido como um vestido”8Isaías 51:6 mas teria permanecido produtiva. CSS 227.2
Os mandamentos de Deus serão todos honrados e, como a terra esteve desolada setenta anos, guardando o sábado durante o cativeiro babilônico, para expiar a desobediência do antigo Israel, então, depois da segunda vinda de Cristo, a Terra ficará desolada mil anos, observando o sábado para expiar os muitos sábados que foram ignorados desde então.9Apocalipse 20:1-4; Sofonias 1:1-3; Jeremias 4:23, 27 CSS 227.3
O sábado semanal era uma estrada que levava às outras instituições sabáticas; e além de ser um memorial da criação, apontava para o descanso final do Jubileu. Quando o povo de Deus, por causa de interesses mundanos o desconsiderou, se colocaram numa posição onde não podiam apreciar o plano original de Deus ao dar-lhes o sábado de descanso.10Jeremias 17:21-27 CSS 227.4
O jubileu era o quinquagésimo ano após sete semanas de anos, e ocorreria pelo menos uma vez na vida de cada indivíduo que vivesse o curso natural de sua vida .11Levítico 25:10, 11 CSS 227.5
O Dia da Expiação era o mais solene de todas as festas, e o Jubileu o mais alegre. Ao final do dia da expiação, quando os pecados de Israel haviam sido perdoados e levados pelo bode expiatório para o deserto, então as pessoas que se apercebiam do que Deus havia feito por elas estavam dispostas a perdoar as dívidas de seus semelhantes, para libertá-los da servidão, e restituir a todos sua própria terra com a mesma boa vontade com a qual esperavam que Deus lhes conceda sua herança eterna no jubileu antitípico. CSS 227.6
No final do dia da expiação, no décimo dia do sétimo mês, no ano sabático que encerrava a última das sete semanas de anos (49 anos), as trombetas eram tocadas em toda a terra, anunciando o jubileu. CSS 228.1
A tradição judaica afirma que todos os israelitas recebiam algum tipo de trombeta neste tempo, e quando chegava a hora que encerrava o dia da expiação, todos tocavam as trombetas nove vezes. Deus havia dito que as trombetas tocariam por toda a terra.12Levítico 25:9 CSS 228.2
Quão parecida com a última trombeta do Senhor,131 Coríntios 15:51-53 era o som das trombetas do jubileu no antigo Israel! O escravo exausto se levantava e livrava-se de suas cadeias. Para o homem avarento e ganancioso, que oprimia o jornaleiro e a viúva para conseguir suas posses, vinha como um toque de morte a todas as suas esperanças.14Isaías 2:20, 21 Toda pessoa sob servidão era libertada, e todos voltavam à sua própria terra.15Levítico 25:12, 13 CSS 228.3
Não há registro de quaisquer cerimônias religiosas, ou ofertas, sendo exigidas durante o jubileu, diferentemente das cerimônias ordinárias dos outros anos. Era uma época em que todos, ricos e pobres, dignatários ou plebeus, compartilhavam igualmente o que crescia nos campos e nas vinhas. CSS 228.4
O jubileu acontecia depois do sétimo sábado anual, trazendo assim dois anos sabáticos sucessivos. Mas Deus fez ampla provisão para o Seu povo, enviando Sua bênção no quadragésimo oitavo ano, quando a terra produzia o suficiente para alimentar o povo por três anos.16Isaías 37:30; Levítico 25:11, 12 CSS 228.5
Não há menção na Bíblia do Jubileu sendo celebrado alguma vez, por essa razão, alguns escritores acham que talvez não tenha sido observado; mas todos os outros festivais mosaicos foram observados, e seria estranho se aquele que era tão organicamente ligado às outras festividades, e realmente o clímax de todos os outros festivais, fosse omitido. CSS 228.6
O jubileu deve ter sido observado, pois a lei da inalienabilidade da propriedade da terra, baseada no jubileu, existia entre os judeus.17Números 36:4, 6, 7; Rute 4:1-4 Josefo fala disso como sendo observado permanentemente. CSS 229.1
São registrados exemplos onde a obra do ano jubileu era realizado pelos israelitas. Neemias, em seu grande trabalho de reforma, exigiu que os judeus libertassem seus servos e restaurassem as terras e as vinhas aos proprietários originais.18Neemias 5:1-19 CSS 229.2
Na véspera do cativeiro babilônico, Zedequias proclamou a liberdade a todos. Ele evidentemente desejava celebrar o Jubileu. Se tivesse agido dessa forma, isso teria lhe dado a liberdade, mas ele era muito vacilante para cumprir as exigências. O Senhor enviou uma mensagem, dizendo que ele tinha agido corretamente em apregoar a liberdade, “cada um ao seu próximo”, mas que falhando em cumprir a palavra, profanara o nome do Senhor.19Jeremias 34:8-17 CSS 229.3
Todos os interesses comerciais do antigo israelita ensinava o evangelho. Embora tivesse permissão para morar na terra prometida e gozar de seus privilégios, era apenas o mordomo, e não o dono. O decreto divino era: “A terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é Minha; pois vós sois para Mim estrangeiros e peregrinos”.20Levítico 25:23 Não obstante o fato de que o Senhor é dono do mundo, ainda assim Ele Se considera um estrangeiro e peregrino com o Seu povo na Terra, até o jubileu antitípico, quando Satanás, o atual príncipe deste mundo, encontrará sua condenação. CSS 229.4
Se um homem se endividava e era obrigado a vender sua casa, esta era vendida com o entendimento de que retornaria ao seu proprietário original quando as trombetas do Jubileu fossem tocadas sobre a terra. Se o desafortunado tivesse um parente próximo capaz de redimir sua terra, o comprador não podia segurá-la, até o jubileu.21Levítico 25:25-28 CSS 229.5
Uma pobre viúva tem um infortúnio após o outro, até que seu vizinho rico, que há muito, almejava sua terra, tenha obtido possessão, e ela com tristeza é obrigada a deixar a casa de sua infância e trabalhar por uma miséria, que não consegue suprir as necessidades de sua casa. O rico vizinho continua a lhe adiantar dinheiro, até que ela finalmente vende-se como serva. Seu caso parece sem esperança. CSS 230.1
Mas em um país distante ela tem um irmão mais velho. Ele ouve de seu infortúnio e vem ao resgate. Seu irmão faz os cálculos com o homem que comprou a mulher, e paga o dinheiro da redenção, e ela é livre. Então o irmão começa a calcular o que é devido pela terra; mas o homem se recusa, pois o mesmo espírito que o governa, disputou com Miguel, o arcanjo, quando Ele veio de um país distante para redimir o corpo de Moisés da prisão do túmulo,22Judas 1:9 e ele diz: “Não! Não vou liberar a terra. Ela une minha fazenda, não vou me separar disso. Que direito você tem de interferir?” Então o irmão mostra provas de seu parentesco, que ele é “um que tem o direito de resgatar”.23Rute 2:20, margem. Ele entrega o dinheiro de resgate, e a casa é redimida à proprietária legítima. Um estranho poderia ter desejado ajudar a pobre viúva, mas seu dinheiro nunca poderia tê-la libertado; o preço deve ser pago por “um que tenha direito de resgatar”, ou seja, um parente próximo. CSS 230.2
Quão marcantemente era o poder de Cristo assim ensinado na vida comercial cotidiana do israelita! CSS 230.3
Um anjo não podia redimir a humanidade nem o mundo. Sua vida teria sido impotente, pois ele não era “parente próximo” da humanidade.24Levítico 25:47-49 Cristo deixou as cortes celestiais, participou da carne e sangue, “para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão”.25Hebreus 2:14-16 KJV, ARC Ele se tornou o “primogênito entre muitos irmãos”,26Hebreus 2:11 um parente próximo, para que tenha o direito de redimir a todos os filhos e filhas de Adão; e ao longo das eras, vem a encorajadora certeza de que “Ele não Se envergonha de lhes chamar irmãos”. CSS 230.4
“Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados”,27Isaías 52:3 com o próprio “precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.281 Pedro 1:18, 19 CSS 231.1
Tem você cedido à tentação ao ponto de estar preso em vil servidão a Satanás? Lembre-se, você tem um Irmão mais velho que é capaz e disposto a redimir-lhe da escravidão do pecado e fazer de você uma pessoa livre em Cristo Jesus. Para ser livre, você deve reconhecê-Lo como “um parente próximo” a você. Se a pobre viúva tivesse repudiado seu irmão quando este veio para redimir-lhe da servidão, ele teria sido impotente para ajudá-la. CSS 231.2
Satanás pode amarrar a alma até que esta pense ser dele para sempre; mas quando a alma clama por ajuda e reivindica Cristo como “um parente próximo”, “aquele que tem poder para redimir”, e Cristo apresenta o preço da redenção, “Seu sangue precioso”, Satanás é impotente para manter a alma cativa. CSS 231.3
O estudo das leis levíticas em relação à terra e aos servos dá nova beleza ao nome Redentor. Jó conhecia o poder daquele “que tinha o direito de redimir”. Ouça-o com confiança dizendo: “Eu sei que o meu Redentor vive”. Sua fé se agarrou a um poder que não só redimia do pecado, “mas traria de volta o corpo do patriarca mesmo depois que os vermes o tivessem consumido”.29Jó 19:23-27 CSS 231.4
Embora, a qualquer momento, a pessoa podia ser libertada e restabelecida ao seu antigo lar por “um parente próximo” que tivesse o direito de redimir, ainda assim o jubileu era aguardado como o grande dia de livramento para todo o Israel. Era então que todo erro era corrigido e todo israelita reintegrado em sua própria possessão.30Levítico 25:28, 33, 40, 41 CSS 231.5
Se alguém vendia uma habitação dentro de uma cidade murada, durante o primeiro ano após a venda, poderia ser resgatada; mas se não fosse resgatada no primeiro ano, permanecia na mão do comprador. Não voltava ao seu proprietário original no jubileu, pois as casas eram obra de pessoas, e não faziam parte no jubileu, que liberava apenas a terra e pessoas.31Levítico 25:29-30 CSS 231.6
As cidades dos levitas estavam sob regulamentos diferentes; eram as únicas cidades muradas que faziam parte no Jubileu. Se um homem comprava uma casa de um levita, a casa que era vendida “na cidade de sua possessão” era liberada no ano do jubileu.32Levítico 25:32, 33 CSS 232.1
Os sacerdotes eram um tipo de Cristo. Nosso grande sacerdote antitípico preparou uma cidade murada para o Seu povo,33Hebreus 11:10, 16 e no jubileu antitípico, eles receberão a cidade. Os regulamentos em relação às cidades dos levitas eram um constante memorial da Nova Jerusalém a ser entregue ao povo de Deus no grande jubileu final. CSS 232.2
Era desígnio de Deus que o Seu povo Dele se lembrasse em todas as suas transações comerciais, e em cada detalhe da vida. O valor da propriedade dependia da extensão do período de tempo decorrido entre a data de compra e o jubileu.34Levítico 25:16, 16 CSS 232.3
No tipo, o jubileu se iniciava no final do dia da expiação. Da mesma forma, entendemos que o jubileu antitípico seguirá o Antitípico Dia da Expiação. CSS 232.4
“O Senhor fará ouvir a Sua voz majestosa”.35Isaías 30:30 Então o piedoso escravo se levantará e sacudirá as cadeias que o prendem. A trombeta do jubileu do Senhor ressoará por todo o cumprimento e largura da Terra. Os santos que dormem na prisão de Satanás, a sepultura, ouvirão o alegre som, e ele “que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades; que a seus cativos não deixava ir para casa,”36Isaías 14:17 será impotente para segurar sua presa; pois o nosso Redentor disse: “A presa do terrível será libertada” — sim, livres para sempre do poder do pecado e de Satanás.37Isaías 49:25, KJV CSS 232.5
O plano original de Deus era que o homem possuísse a Terra. “Os Céus são os Céus do Senhor, mas a Terra, deu-a Ele aos filhos dos homens”.38Salmos 115:16 CSS 233.1
A Adão foi dado domínio sobre a Terra e tudo o que nela há.39Gênesis 1:26 Mas os planos de Deus foram frustrados, e Satanás tornou-se príncipe deste mundo. No jubileu antitípico, os redimidos do Senhor serão reinstalados no lar original do homem. A Terra restaurada à sua beleza original será dada aos filhos dos homens como seu lar eterno.40Mateus 5:5; Salmos 37:11, 34 O sétimo dia, o sábado semanal, que o Senhor santificou e deu à humanidade antes da maldição do pecado sobre a terra, será observado de acordo com o plano original de Deus; e durante toda a eternidade, “de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar” perante o Senhor.41Isaías 66:22, 23 CSS 233.2
“Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de música”.42Isaías 51:3 CSS 233.3
Tipo – Levítico 25:10. O jubileu provia liberdade a todos. Antítipo – 1 Tessalonicenses 4:16, 17. Todos os vivos e os mortos terão liberdade.
Tipo – Levítico 25:9. O som da trombeta anunciava o jubileu. Antítipo – 1 Coríntios 15:51-53. O som da trombeta do Senhor, dá liberdade a todos.
Tipo – Levítico 25:9. O jubileu começava no Dia da Expiação, o tipo do juízo. Antítipo – Apocalipse 22:11, 12. Imediatamente depois que for promulgado o decreto que encerra o juízo, Cristo vem.
Tipo – Levítico 25:13. No ano do jubileu, cada homem voltava às suas próprias possessões. Antítipo – Isaías 35:1-10. O resgatado do Senhor desfrutará da Terra redimida para sempre.
Tipo – Levítico 25:23. O Senhor sempre foi dono da Terra. O homem era apenas um mordomo. Antítipo – Salmos 24:1; 1 Coríntios 10:26, 28. O Senhor é proprietário de toda a Terra. Ele nunca renunciou a Seu direito de posse da Terra.
Tipo – Levítico 25:48, 49; Rute 2:20, margem. Apenas um parente próximo tinha o direito de resgatar. Antítipo – Hebreus 2:14-16. Jesus nasceu da semente de Abraão, para que Ele pudesse ser parente próximo.
Tipo – Levítico 25:47-51. As pessoas vendidas como escravas eram resgatadas e libertadas. Antítipo – Romanos 8:23; Oseias 13:14, KJV. Ele, que é parente, diz: “Eu os remirei do poder da sepultura”.
Tipo – Levítico 25:25-28. A terra poderia ser resgatada por um parente próximo. Antítipo – Efésios 1:14. Cristo comprou a possessão de Seu povo.
Tipo – Levítico 25:29, 30. As residências em cidades muradas não voltavam aos proprietários originais no jubileu. Antítipo – Apocalipse 16:19; Jeremias 4:26. Todas as cidades terrestres serão destruídas na segunda vinda de Cristo.
Tipo – Levítico 25:32, 33. As residências nas cidades dos levitas podiam ser resgatadas. Todas voltavam aos proprietários originais no jubileu. Os sacerdotes eram um tipo de Cristo. Antítipo – Hebreus 11:10, 16; Apocalipse 21:1-27. Cristo, o sacerdote antitípico, tem uma cidade, que será dada ao Seu povo no jubileu antitípico.
Tipo – Gênesis 2:2, 3. O sábado semanal era uma estrada em direção ao jubileu. Antítipo – Isaías 66:22, 23. O sábado será observado na Nova Terra para sempre.