“Quando deres um jantar, ou uma ceia”, disse Cristo, “não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que eles também te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.” Lucas 14:12-14. OE 512.1
Cristo pinta nessas palavras um contraste entre as práticas interesseiras do mundo e o desprendido ministério de que Ele deu o exemplo em Sua vida. Ele não oferece por esse ministério nenhuma recompensa de lucro ou reconhecimento mundano. “Recompensado te será”, diz Ele, “na ressurreição dos justos.” Então se tornarão manifestos os resultados de todas as vidas, e cada um ceifará aquilo que semeou. OE 512.2
Este pensamento deve ser para todo obreiro de Deus um estímulo e animação. Nossa obra para Deus parece muitas vezes nesta vida quase infrutífera. Nossos esforços para fazer o bem talvez sejam diligentes e perseverantes, e todavia é possível que nos não seja dado ver-lhes os resultados. Talvez o esforço se nos afigure perdido. Mas o Salvador assegura-nos que nossa obra se acha registrada no Céu, e que a recompensa não pode faltar. Diz o apóstolo Paulo, escrevendo inspirado pelo Espírito Santo: “Não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6:9. E lemos nas palavras do salmista: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126:6. OE 512.3
Conquanto a grande recompensa final seja dada na vinda de Cristo, o serviço feito de coração para Deus proporciona mesmo nesta vida uma recompensa. Obstáculos, oposição e amargo e desolador desânimo, o obreiro tem de enfrentar. Talvez ele não veja o fruto de seu labor. A despeito de tudo isso, porém, encontra em seu trabalho uma bendita recompensa. Todos quantos se entregam a Deus num serviço desinteressado pela humanidade, estão cooperando com o Senhor da glória. Este pensamento adoça toda fadiga, retempera a vontade, revigora o espírito para qualquer coisa que possa sobrevir. Trabalhando com coração abnegado, enobrecidos com o ser participantes dos sofrimentos de Cristo, partilhando de Sua compaixão, eles contribuem para avolumar a onda de Seu gozo, e trazem honra e louvor a Seu exaltado nome. Na companhia de Deus, de Cristo e dos santos anjos, são circundados de celeste atmosfera, atmosfera que traz saúde ao corpo, vigor ao intelecto e alegria à alma. OE 513.1
Todos quantos consagram corpo, alma e espírito ao serviço de Deus, hão de receber continuamente uma nova provisão de energia física, mental e espiritual. Os inexauríveis abastecimentos celestiais se acham a sua disposição. Cristo lhes dá o bafejo de Seu próprio espírito, a vida de Sua vida. O Espírito Santo põe Suas mais elevadas energias a operar no coração e na mente. OE 513.2
“Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará.” “Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-Me aqui.” “A tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial cujas águas nunca faltam.” Isaías 58:8-11. OE 513.3
Muitas são as promessas de Deus aos que ministram a Seus aflitos. Ele diz: “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal. O Senhor o livrará e o conservará em vida; será abençoado na Terra, e Tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; Tu renovas a sua cama na doença.” “Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na Terra, e verdadeiramente serás alimentado.” Salmos 41:1-3; 37:3. “Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares.” “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros que retêm mais do que é justo, mas é para sua perda.” “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e Ele lhe pagará o seu benefício.” “A alma generosa engordará, e o que regar também será regado.” Provérbios 3:9, 10; 11:24; 19:17; 11:25. OE 514.1
Conquanto muito do fruto de seus labores não apareça nesta vida, os obreiros de Deus têm, da parte dEle a firme promessa do êxito final. Como Redentor do mundo, Cristo tinha constantemente de enfrentar um aparente fracasso. Parecia realizar pouco da obra que anelava fazer em erguer e salvar. Instrumentos satânicos operavam de contínuo para Lhe obstruir o caminho. Mas não desanimava. Ele via sempre diante de Si o resultado de Sua missão. Sabia que a verdade havia de afinal triunfar, no conflito contra o mal, e disse a Seus discípulos: “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” João 16:33. A vida dos discípulos de Cristo tem de ser como a dEle, uma série de ininterruptas vitórias — que aqui não parecem vitórias, mas que serão reconhecidas como tais no grande porvir. OE 514.2
Aqueles que trabalham para o bem dos outros, fazem-no em união com os anjos celestiais. Têm sua constante companhia, seu incessante ministério. Anjos de luz e poder se acham sempre perto para proteger, confortar, sarar, instruir, inspirar. A eles pertence a mais elevada educação, a mais verdadeira cultura, o mais exaltado serviço ao alcance de seres humanos neste mundo. OE 515.1
Muitas vezes nosso misericordioso Pai anima a Seus filhos e lhes fortalece a fé, permitindo que vejam aqui provas do poder de Sua graça sobre o coração e a vida daqueles por quem trabalham. “Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da Minha boca: ela não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão as palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta: o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.” Isaías 55:8-13. OE 515.2
Na transformação do caráter, na renúncia das paixões, no desenvolvimento das doces graças do Espírito Santo, vemos o cumprimento da promessa: “Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta.” Vemos que o deserto da vida “exultará e florescerá como a rosa”. Isaías 35:1. OE 516.1
Cristo Se deleita em tomar material de que, aparentemente, não há esperança — aqueles que Satanás tem degradado, e por cujo intermédio tem operado — e torná-los objeto de Sua graça. Ele Se regozija em libertá-los dos sofrimentos e da ira que há de cair sobre os desobedientes. Ele faz de Seus filhos instrumentos na realização desta obra, em cujo êxito, mesmo nesta vida, encontram preciosa recompensa. OE 516.2
Que é isso, porém, comparado com a alegria que hão de experimentar no grande dia da revelação final? “Agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conhecemos em parte, mas então conheceremos como também somos conhecidos.” 1 Coríntios 13:12. OE 516.3
A recompensa dos obreiros de Cristo, é entrar em Seu gozo. Aquele gozo, que o próprio Cristo antecipava com ansioso desejo, é apresentado em Sua petição ao Pai: “Aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.” João 17:24. OE 516.4
Os anjos estavam esperando para dar as boas-vindas a Jesus, ao ascender Ele depois da ressurreição. As hostes celestiais anelavam por saudar outra vez seu amado General, que lhes era devolvido da prisão da morte. Rodearam-nO ansiosamente, ao penetrar Ele pelas portas celestiais. Mas acenou-lhes para que recuassem. Seu coração estava com o solitário e pesaroso grupo de discípulos que deixara sobre o Olivete. Com Seus filhos em luta aqui na Terra, os quais têm ainda a ferir a batalha contra o destruidor, acha-se também Seu coração. “Pai”, diz Ele, “aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.” OE 517.1
Os remidos de Cristo são Suas jóias, Seu precioso e particular tesouro. “Como as pedras de uma coroa eles serão” — “as riquezas da glória da Sua herança nos santos.” Zacarias 9:16; Efésios 1:18. “O trabalho de Sua alma, Ele verá” neles, “e ficará satisfeito.” Isaías 53:11. OE 517.2
E não se hão de Seus obreiros regozijar quando, por sua vez, contemplam o fruto de seus labores? O apóstolo Paulo, escrevendo aos conversos tessalonicenses, diz: “Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? Na verdade vós sois a nossa glória e gozo.” 1 Tessalonicenses 2:19, 20. E exorta os irmãos filipenses a ser “irrepreensíveis e sinceros”, a resplandecer “como astros no mundo; retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.” Filipenses 2:15, 16. OE 517.3
Todo impulso do Espírito Santo levando homens à bondade e a Deus, é registrado nos livros do Céu, e no dia de Deus todo aquele que se entregou como instrumento à operação do Espírito Santo, poderá ver o que foi produzido por sua vida. ... OE 517.4
Maravilhosa será a revelação, ao ser manifestado o terreno da santa influência, com seus preciosos resultados. Qual não há de ser a gratidão das almas que nos encontrem nas cortes celestiais, ao compreenderem o interesse cheio de simpatia e amor tomado em sua salvação! Todo louvor, honra e glória serão dados a Deus e ao Cordeiro pela nossa redenção; mas não diminuirá a glória de Deus o exprimir reconhecimento para com o instrumento por Ele empregado na salvação de almas prestes a perecer. OE 518.1
Os remidos hão de encontrar e reconhecer aqueles cuja atenção encaminharam ao excelso Salvador. Que ditosas conversas hão de eles ter com essas almas! “Eu era pecador”, dir-se-á, “sem Deus e sem esperança no mundo; e tu te aproximaste de mim, e atraíste minha atenção para o precioso Salvador, como minha única esperança. E eu cri nEle. Arrependi-me de meus pecados, e foi-me dado assentar juntamente com Seus santos nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” Outros dirão: “Eu era pagão, em terras pagãs. Tu deixaste teu lar confortável e vieste ajudar-me a encontrar Jesus, e a crer nEle como único Deus verdadeiro. Destruí meu ídolos e adorei a Deus, e agora vejo-O face a face. Estou salvo, eternamente salvo, para ver perpetuamente Aquele a quem amo. Então eu O via apenas com os olhos da fé, mas agora vejo-O tal como Ele é. É-me dado agora exprimir Àquele que me amou, e me lavou dos pecados em Seu próprio sangue, minha gratidão por Sua redentora misericórdia.” OE 518.2
Outros exprimirão seu reconhecimento aos que alimentaram o faminto e vestiram o nu. “Quando o desespero acorrentava minha alma à descrença, o Senhor te enviou a mim”, dizem eles, “para dizer-me palavras de esperança e conforto. Trouxeste-me alimento para as necessidades físicas, e abriste-me a Palavra de Deus, despertando-me para minhas necessidades espirituais. Trataste-me como irmão. Tiveste compaixão de mim. Simpatizaste comigo em minhas dores, e restauraste-me a alma quebrantada e ferida, de maneira que me foi possível agarrar a mão de Cristo, estendida para me salvar. Em minha ignorância, ensinaste-me pacientemente que eu tinha no Céu um Pai que de mim cuidava. Leste-me as preciosas promessas da Palavra de Deus. Inspiraste-me fé em que Ele me havia de salvar. Meu coração foi abrandado, rendido, despedaçado, ao contemplar eu o sacrifício que Cristo fizera por mim. Tive fome do pão da vida, e a verdade foi preciosa à minha alma. Aqui estou, salvo, eternamente salvo, para viver eternamente em Sua presença, e louvar Aquele que deu a vida por mim.” OE 518.3
Que regozijo há de haver quando esses remidos se encontrarem com os que se preocuparam em seu favor, e os saudarem! E os que viveram, não para se agradar a si mesmos, mas para ser uma bênção para os desafortunados que tão poucas bênçãos desfrutam — como lhes há de palpitar satisfeito o coração! Eles compreenderão a promessa: “Serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.” Lucas 14:14. OE 519.1
“Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse.” Isaías 58:14. — Testimonies for the Church 6:305-312. OE 519.2