Em Seu governo, Deus concede o perdão por meio de Cristo. César não conhece o perdão – conhece unicamente a punição. Uma pessoa cometeu um pecado contra Deus, pecou durante toda sua vida, mas contempla a exaltação de Cristo e ouve a promessa: NPE 100.3
Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 João 1:9). NPE 101.1
Ela aceita a promessa, e, naquele exato momento, seu pecado é perdoado. O fardo do crime é completamente removido e ela permanece diante de Deus como se nunca houvesse cometido pecado algum em sua vida. Mas se a pessoa cometer um crime, pode se arrepender o quanto quiser e confessar sua culpa a César, mas César dirá: “Isso você tem que resolver com seu Criador. Não conheço nada além da punição”. NPE 101.2
Se introduzíssemos no governo civil os princípios que Deus usa em Seu Reino, teríamos uma confusão generalizada. Observe estes princípios: NPE 101.3
Então, Pedro, aproximando-se, Lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete (Mateus 18:21, 22). NPE 101.4
Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se por sete vezes no dia pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe (Lucas 17:3, 4). NPE 101.5
Vamos supor que fôssemos aplicar esses princípios ao governo civil. Aqui está um homem preso por roubo de cavalo. Ele é trazido perante o juiz e diz: “Estou muito arrependido, e a Bíblia diz que você precisa perdoar”. O juiz declara: “Você está perdoado”. Ele sai, rouba outro cavalo, é trazido de volta e novamente perdoado. Isso se repete sete vezes. Como você acha que o juiz se sentirá? Imagino que, quando chegar a sétima vez, pensará que houve algum erro com a lei. Esses princípios, que constituem a própria glória do governo moral de Deus, a própria glória de Seu caráter, não podem ser aplicados ao governo de César. Deus perdoa, mesmo que seja setenta vezes sete, e perdoa a nós, graças a Deus, mas esses princípios não se encaixam aqui; são destinados a um reino diferente. Deus, ao entregar Seu Filho, tomou medidas para que possa exercer o perdão e, ainda assim, preservar o caráter de Sua lei. Pelo sacrifício de Jesus Cristo, Deus preservou o caráter de Seu governo, mantendo a lei em seu devido lugar. Contudo, oferece perdão a todos os que creem em Seu Filho. Por Sua maravilhosa provisão, a fim de manter a estabilidade de Seu governo, Sua lei não é lançada em descrédito quando alguém que a quebrou vez após vez faz meia-volta e diz: “Estou arrependido”. NPE 101.6
Concedendo o perdão, o governo civil traria um colapso a todo o sistema de governo. Deus, porém, mantém Sua lei em seu devido lugar e, ainda assim, perdoa a todos que se arrependem. NPE 102.1