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No Poder do Espírito - Contents
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    A Lei em Cristo:
    Relação Entre a Lei e o Evangelho

    The Bible Echo, 20 e 27 de abril; 4, 11, 18 e 25 de maio; 1° de junho de 1896, pregado em 1895, sem dataNPE 131.1

    Tudo aquilo que o homem perdeu com o pecado foi restaurado “mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24). “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). Tudo isso é realizado em nosso favor, “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo Sua misericórdia, Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3:5-6).NPE 131.2

    Contudo, Deus não torna Seu plano de salvação efetivo sem a cooperação do indivíduo. Deus honrou o homem ao conceder-lhe o poder do raciocínio e o livre arbítrio. Apesar de o homem não poder salvar-se por si só, não é plano de Deus salvá-lo sem o seu consentimento. Ele diz:NPE 131.3

    Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã (Isaías 1:18).NPE 131.4

    Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida (Apocalipse 22:17).NPE 131.5

    No princípio, “criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou” (Gênesis 1:27). Essa imagem, contudo, foi desfigurada e quase destruída pelo pecado. Mas “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Assim, por meio de Cristo, que “é a imagem do Deus invisível” (Colossenses 1:15), o homem pode ser “criado em Cristo Jesus para boas obras” (Efésios 2:10), e restaurado à imagem de Deus, sendo “conformes à imagem de Seu Filho” (Romanos 8:29). As maravilhosas provisões da graça de Deus, pelas quais Ele é “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:26), visam a nada menos do que isto: que “assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1 Coríntios 15:49).NPE 131.6

    O instrumento empregado por Deus para levar a efeito esse alvo chama-se “o evangelho”, que é descrito como “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16). Trata-se do “evangelho da vossa salvação” (Efésios 1:13), “o evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24), o “evangelho da paz” (Efésios 6:15), o mesmo evangelho que “anunciou primeiro […] a Abraão” (Gálatas 3:8, ARC), e depois aos filhos de Israel, “porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles” (Hebreus 4:2, ARC). Este evangelho de Cristo é o poder de Deus para salvar os crentes, pois “a justiça de Deus se revela no evangelho” (Romanos 1:17). A justiça de Deus é revelada no evangelho. É por essa razão que o evangelho é “o poder de Deus para a salvação”. A salvação do pecado e a restauração para uma vida de justiça: é disso que precisamos. Essa experiência nos é fornecida pela encarnação, morte e ressurreição de Cristo, que se tornou “em semelhança de homens” e “foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4:25). Esse é o evangelho. Paulo diz ainda:NPE 132.1

    Também vos notifico, irmãos, o evangelho […], pelo qual também sois salvos […]; porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15:1-4, ACF).NPE 132.2

    A eficácia do evangelho também é vista nestas palavras:NPE 132.3

    Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (1 Coríntios 1:17-18, ACF).NPE 132.4

    O evangelho é o poder de Deus para todo aquele que crê. Para aqueles que são salvos, o poder de Deus é um discurso que fala da cruz, porque a cruz de Cristo – o Salvador crucificado morrendo pelo pecado – é o pensamento central do evangelho. Assim lemos novamente:NPE 132.5

    Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, […] Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1 Coríntios 1:23-24).NPE 132.6

    Vemos nessas passagens que a eficácia do evangelho, seu poder para salvação, se encontram no fato de que o evangelho é a mensagem de júbilo da parte de Deus “com respeito a Seu Filho” (Romanos 1:3), Jesus Cristo nosso Senhor, que é chamado de “Senhor, Justiça Nossa” (Jeremias 23:6). Assim, parece que o evangelho de Deus se torna o poder de Deus para salvação por causa da justiça que é revelada nele; e também porque esta justiça se encontra apenas em Cristo e nunca se separa dEle. Conforme o apóstolo Paulo, nessa verdade se encontra aNPE 132.7

    esperança do evangelho […], isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo (Colossenses 1:23, 27-28). E estais perfeitos nEle (Colossenses 2:10, ARC).NPE 133.1

    Ideias erradas sobre nossa relação para com o plano da salvação surgiram pela falta de compreensão da plenitude do caráter de Deus. Embora seja verdade que Ele “tem prazer na misericórdia” (Miquéias 7:18) e “agrada-Se […] dos que esperam na sua misericórdia” (Salmos 147:11), também é verdade que Ele é “tão puro de olhos, que não [pode] ver o mal” (Hc 1:13), e que Ele “executará o juízo e a justiça na terra” (Jeremias 23:5). Deus exige que Seu próprio caráter, como revelado em Cristo, seja o padrão de caráter para Seus filhos. “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mateus 5:48). “Segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pedro 1:15).NPE 133.2

    Além disso, abundante provisão foi feita em Cristo para que as expectativas de Deus para o homem fossem inteiramente satisfeitas. Paulo reconhece isso ao afirmar que “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo […] nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” e “nos elegeu nEle […] para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor” e “nos fez agradáveis a Si no Amado” (Efésios 1:3, 4, 6, ARC). Mas tudo isso é para um propósito definido, ou seja, para que nós, “libertados do pecado e feitos servos de Deus” (Romanos 6:22, ARC), pudéssemos ser achados “justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lucas 1:6). Mateus confirma esse propósito afirmando a respeito da obra de Cristo: “E lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21). Não existe provisão feita para salvar o povo nos pecados deles.NPE 133.3

    Para que o homem inteligentemente cooperasse com Deus em Seu propósito de restaurar Sua imagem nele, Deus revelou ao homem o Seu próprio caráter como padrão de perfeição e teste de justiça. Visto que Deus deseja renovar Sua semelhança em nós, sabemos o que Ele é através do que Ele pede de nós. A santidade, a justiça, a bondade de Deus, são estabelecidas em Sua lei, que é declarada ser “santa, justa e boa” (Romanos 7:12). A perfeição que Ele requer de nós será revelada em uma vida que esteja em harmonia com “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).NPE 133.4

    Visto que “o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé de Jesus Cristo” (Gálatas 2:16, KJV), e porque não estamos “debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6:14), alguns têm caído no erro de supor que os cristãos nada têm que ver com a lei de Deus. E, por isso, é de grande valor dedicarmos um tempo para considerar os propósitos para os quais a lei nos foi dada, e a relação entre a lei e o evangelho.NPE 134.1

    Para que seja verdade que “o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1:7, ARC), devemos “[confessar] os nossos pecados” (1 João 1:9), e devemos estar cientes do pecado antes de confessá-lo. Isso traz à tona o primeiro propósito da lei: por ela vem o conhecimento do pecado (Romanos 3:20). Na verdade, eu “não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Romanos 7:7). A maneira pela qual a lei revela o pecado é vista pelo fato de que “toda injustiça é pecado” (1 João 5:17), e que a lei revela a injustiça quando define a justiça. A lei, sendo a transcrição do justo caráter de Deus, é usada pelo Santo Espírito para “[convencer] o mundo do pecado” (João 16:8), mostrando que os homens são “miseráveis, pobres, cegos e nus” (Apocalipse 3:17), quando o caráter deles é posto em contraste com a pureza e santidade de Deus. Quando vemos Deus assim, exclamamos como Isaias: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Isaías 6:5), e, como Jó, dizemos: “Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:6). Tudo isso é esclarecido nas Escrituras. O salmista exclama:NPE 134.2

    Justo és, ó Senhor, e retos são os Teus juízos. Os Teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis (Salmos 119:137, 138, ARC).NPE 134.3

    A minha língua falará da Tua palavra, pois todos os Teus mandamentos são justiça (Salmos 119:172, ARC).NPE 134.4

    No entanto, embora a lei nos torne conhecido o pecado dessa maneira, apresentando o justo caráter de Deus e sendo ela mesma justiça, ela é completamente incapaz de nos revestir da justiça. Paulo esclarece esse ponto:NPE 134.5

    Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão (Gálatas 2:21).NPE 135.1

    […] se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem (Gálatas 3:21-22).NPE 135.2

    É aqui que a obra de Cristo nos beneficia. E o próprio objetivo dessa obra é que a justiça definida pela lei e revelada no evangelho, possa ser cumprida em nós. Paulo esclarece afirmando:NPE 135.3

    Porquanto o que era impossível à lei, porquanto estava fraca pela carne, Deus, enviando o Seu próprio Filho, em semelhança de carne pecaminosa, e por causa do pecado, condenou, na carne, o pecado. Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito (Romanos 8:3-4, KJV).NPE 135.4

    Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5:21).NPE 135.5

    A justiça da lei foi cumprida por Cristo, que não veio para “revogar, [mas] para cumprir” (Mateus 5:17) a lei. Por uma vida de perfeita obediência à vontade do Pai, Ele tornou-Se “obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2:8). Mediante essa obra, Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30, ARC). Paulo sintetiza:NPE 135.6

    Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 5:19-21).NPE 135.7

    A obra realizada por Cristo em favor do homem vai além do pagamento pela penalidade de uma lei quebrada; inclui a harmonização do homem com a lei. Paulo escreveu a Tito:NPE 135.8

    [Cristo Jesus] […] a Si mesmo Se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras (Tito 2:14).NPE 135.9

    Por essa razão, tornou-se necessário que a justiça não fosse apenas imputada a nós, mas também comunicada; e que Cristo não apenas vivesse por nós, mas que também vivesse em nós. Era necessário não apenas que fôssemos “justificados pela fé” (Romanos 5:1), mas que também fôssemos “santificados pela fé” (Atos 26:18). Assim, “o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória [o Seu caráter], glória [o caráter] como do Unigênito do Pai” (João 1:14). Os anjos foram usados para transmitir mensagens da parte de Deus, e realizaram importantes obras para Deus. Contudo, apenas o Filho de Deus poderia revelar a justiça de Deus, uma vez que Ele é Deus.NPE 135.10

    Em Sua vida entre os homens, Cristo tornou-Se a justiça conforme definida na lei. “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade [a graça e a realidade] vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17). Na lei, considerada meramente como um código, temos apenas a forma da verdade. Cristo, porém, é a própria verdade. Paulo esclarece esse ponto:NPE 136.1

    Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; e sabes a Sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei (Romanos 2:17-20, ARC).NPE 136.2

    A lei, portanto, dá a forma; Cristo, porém, é a realidade. Cristo tinha a lei em Seu coração, e, assim, Sua vida era a lei em caracteres vivos. Isso foi mostrado na profecia que falava de Sua obra, séculos antes de haver “nascido de mulher”:NPE 136.3

    Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração (Salmos 40:8, ARC).NPE 136.4

    Em Seus ensinos, Cristo interpretou o caráter espiritual da lei, mostrando que odiar era o mesmo que cometer assassinato, pensar de maneira impura, o mesmo que cometer adultério, cobiçar, o mesmo que cometer idolatria. Sua vida estava tão completamente em harmonia com os sagrados preceitos interpretados por Ele, que poderia desafiar os que estavam constantemente buscando algo contra Si lançando-lhes a seguinte pergunta: “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (João 8:46).NPE 136.5

    Cristo, como Aquele que “não cometeu pecado” (1 Pedro 2:22), trabalhou nesta vida em perfeita justiça, não em Seu próprio favor, mas para nosso benefício, para que a imagem de Deus pudesse ser revelada novamente em nossa vida. A lei estava dentro do coração de Cristo, e Ele veio fazer a vontade de Deus, a fim de que a mesma lei pudesse ser escrita em nossos corações e fossemos restaurados à benção de fazer a vontade de Deus, para que a forma se tornasse a realidade em nós. Essa obra é operada em cada indivíduo através de sua aceitação da obra de Cristo por ele, pela fé na Palavra de Deus, ao ele abrir a porta do coração para Cristo, e permitir que Cristo Se torne a própria vida de sua vida, para que seja “salvo pela Sua vida” (Romanos 5:10). Isso é justiça pela fé. Isso significaNPE 136.6

    [ser] achado nEle, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé (Filipenses 3:9, ARC).NPE 137.1

    Assim, vemos que a lei nos traz primeiramente o conhecimento do pecado. Estabelece um perfeito patamar de justiça, definindo assim a justiça requerida. Contudo, isso não pode nos conferir tal justiça. A lei não torna o homem pecador; ela simplesmente revela o fato de que ele é um pecador. Não pode dar a justiça; simplesmente mostra a necessidade dela. Mas Deus, que requer a justiça da lei em nosso caráter, fez provisões para que essa justiça nos seja trazida em Cristo, que é o centro do evangelho. O padrão de caráter definido pela lei nos é apresentado em Cristo, no evangelho. Assim lemos:NPE 137.2

    Mas agora, a justiça de Deus, sem a lei, é manifesta, testemunhada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus, que é pela fé de Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, o qual Deus propôs como propiciação, pela fé no Seu sangue, para declarar a Sua justiça para a remissão dos pecados passados, mediante a tolerância de Deus; para declarar, neste tempo presente, a Sua justiça, para que Ele seja justo e também o justificador daquele que crê em Jesus (Romanos 3:21-26, KJV).NPE 137.3

    O pecado é revelado pela lei; a justiça é revelada no evangelho. A lei torna conhecida a deficiência; a cura se encontra no evangelho de Cristo. Este é o primeiro passo na relação entre a lei e o evangelho.NPE 137.4

    Após nos achegarmos a Cristo e sermos justificados pela fé, sem as obras da lei (Romanos 3:28), após nos tornarmos “filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo” (Gálatas 3:26), tendo-O recebido, a Ele que é justiça e a lei viva, qual será então nossa relação com a lei? Tal relação ficará mais bem evidenciada quando considerarmos os resultados da genuína fé em Cristo.NPE 137.5

    Crer em Cristo é receber Cristo; não é consentir com um credo, mas aceitar uma vida; não significa lutar por manter certos costumes exteriores, mas tornar-se “participante da natureza divina” (2 Pedro 1:4). Credos e formas não podem salvar as pessoas de seus pecados. Terrível é a lista de pecados daqueles que “tendo forma de piedade, [negam]-lhe, entretanto, o poder” (2 Timóteo 3:5; cf. v. 1-5). Uma nova vida deve ser comunicada antes que o homem possa “viver para Deus” (Gálatas 2:19):NPE 137.6

    Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (João 3:3).NPE 138.1

    Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura (Gálatas 6:15, ARC).NPE 138.2

    Essa experiência depende da fé que cada um exercita por si mesmo. Como diz Paulo, “essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça” (Romanos 4:16). Para todos os que sinceramente fazem a oração, “cria em mim […] um coração puro”, (Salmos 51:10), vem a resposta: “credes que Eu posso fazer isso? […] Faça-se-vos conforme a vossa fé” (Mateus 9:28, 29). “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 João 5:4). Mas a fé para a vitória é a “fé que opera por amor” (Gálatas 5:6, ARC).NPE 138.3

    “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei” (Romanos 3:31). Esta é a vitória que vence o mundo: nosso Cristo tornar-Se presente em todo o Seu glorioso poder pela fé. Mas esse é o Cristo em cujo coração está a lei de Deus, e que disse de Si mesmo: “Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai” (João 15:10). Que era e que é a lei de Deus personificada. Dessa forma, quando a oração de Paulo “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração” (Efésios 3:17, ARC) é respondida, a lei em Cristo é “escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (2 Coríntios 3:3). E, assim, estabelecemos a lei.NPE 138.4

    A fé só existe de fato onde não houver apenas crença na Palavra de Deus, mas submissão da vontade a Ele; e onde houver um coração que se entregue a Ele, e cujas afeições se fixam nEle. Num ambiente assim, a fé realmente existe e opera pelo amor e purifica a alma. Através dessa fé, o coração é restaurado à imagem de Deus. E o coração que, em seu estado não restaurado, não era sujeito à lei de Deus, e nem o podia ser (cf. Romanos 8:7), agora se deleita em Seus santos preceitos. A Bíblia nos diz que “Deus é amor” (1 João 4:8), e Sua lei é uma expressão desse amor; e Cristo é esta lei do amor expressa na vida. Assim, quando recebemos Cristo no coração, o amor, fruto do Espírito, é recebido também no coração. E quando o princípio do amor é implantado no coração, cumpre-se a promessa da nova aliança: “Na sua mente imprimirei as Minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei” (Hebreus 8:10; cf. Caminho a Cristo, p. 60). Essa experiência é real porque “o cumprimento da lei é o amor” (Romanos 3:10). É dessa forma que “estabelecemos a lei” pela fé.NPE 138.5

    Após a lei ser estabelecida no coração, pela fé, por permanecermos em Cristo, e O deixarmos habitar em nós, a Ele que é a lei viva, será então demonstrado na vida o fruto de tal união com Cristo. “Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto” (João 15:5). Dessa forma, ficaremos “cheios do fruto de justiça” (Filipenses 1:11). Agora, a lei, que revelava o pecado, mas não podia conferir justiça, testemunha do caráter da justiça que recebemos pela fé em Cristo. “Mas agora, a justiça de Deus, sem a lei, é manifesta, testemunhada pela lei e pelos profetas” (Romanos 3:21). A lei revela o pecado ao definir o que é justiça e nos mostrar o caráter de Deus. O evangelho revela a justiça: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho” (Romanos 1:17). Nós recebemos essa justiça como o dom gratuito de Deus, quando recebemos Jesus Cristo. A lei não pode nos dar aquilo de que precisamos. Ela nos leva a Cristo, e ali recebemos o que ela exige, mas não pode dar. Então, voltamos à mesma lei, e ela dá testemunho do fato de que a justiça que recebemos em Cristo Jesus é a mesma justiça que ela exige, mas não pode comunicar.NPE 139.1

    Esse era o plano de Deus para que os que cressem em Cristo pudessem alcançar a justiça. Deus ofereceu em Seu Filho a perfeita justiça da lei. Em todos os que abrirem o coração completamente para receber a Cristo, a própria vida de Deus, Seu amor, fará morada neles e os transformará à Sua própria imagem. Dessa forma, mediante o dom gratuito de Deus, haverão de possuir a justiça exigida pela lei (cf. O Maior Discurso de Cristo, p. 54, 55).NPE 139.2

    As palavras “abolir”, “tirar”, “destruir” e “mudar” têm estado tão persistentemente conectadas com a lei, da parte de alguns pregadores populares, que chega a existir na mente de muitas pessoas a convicção honesta de que Cristo efetivamente fez tudo isso para com a lei. É verdade que Ele veio para “abolir” algo, “tirar” algo, “destruir” algo e “mudar” algo. Porém, é importante saber exatamente o que foi que Ele aboliu, e o que Ele tirou, e o que Ele destruiu, e o que Ele pretendeu mudar com Sua obra em favor do homem. Esses questionamentos podem ser facilmente esclarecidos pelas Escrituras.NPE 139.3

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