Apocalipse 18 — Babilônia as Filhas
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- Apocalipse 06 — Os Sete Selos da Profecia São Abertos
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Apocalipse 18 — Babilônia as Filhas
Versículos 1-3: Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria.APLCDA 715.1
Nestes versículos é simbolizado algum movimento de grande poder. (Ver os comentários sobre o versículo 4 deste capítulo). A consideração de alguns fatos guiar-nos-á seguramente à aplicação. Em Apocalipse 14 tivemos uma mensagem anunciando a queda de Babilônia. “Babilônia” é um termo que abrange não só o paganismo e a Igreja Católica Romana, mas também corpos religiosos que se têm retirado dela, trazendo consigo muitos dos seus erros e tradições.APLCDA 715.2
Uma queda espiritual — A queda de Babilônia aqui mencionada não pode ser uma destruição literal, porque se realizarão acontecimentos em Babilônia, após a sua queda, que impedem em absoluto esta ideia. Por exemplo, há filhos de Deus ali após a sua queda e são chamados a sair, para que não recebam suas pragas, que abrangem a sua destruição literal. É, portanto, uma queda espiritual, porque o resultado dela é que Babilônia se torna habitação de demônios, e refúgio de todo espírito imundo, e ninho de toda ave imunda e aborrecível. Estas são terríveis descrições de apostasia, e demonstram que, como consequência da sua queda, Babilônia acumula pecados até o céu e se torna sujeita aos juízos de Deus, que não podem mais tardar.APLCDA 715.3
Visto que a queda aqui é uma queda espiritual, deve aplicar-se a algum ramo de Babilônia, que não seja sua divisão pagã nem papal porque desde o começo da sua história o paganismo tem sido uma religião falsa e o papado uma religião apóstata. Além disso, como se diz que esta profecia ocorre pouco antes da destruição final de Babilônia, certamente este aspecto do levantamento e triunfo predito para a igreja católica, este testemunho não pode aplicar-se a outras organizações religiosas senão às que saíram daquela igreja. Estas começaram com a Reforma. Correram bem durante certo tempo e tiveram a aprovação de Deus, mas ao conservar algumas das doutrinas errôneas de Roma, e ao ter-se encerrado em seus próprios credos, não avançaram com a luz progressiva da verdade profética. Tal atitude será finalmente a causa em que desenvolverão um caráter tão odioso aos olhos de Deus como o da igreja da qual se retiraram.APLCDA 715.4
Alexander Campbell, fundador da Igreja dos Discípulos de Cristo, diz:APLCDA 716.1
“Há três séculos tentou-se reformar o papado na Europa. A tentativa acabou numa hierarquia protestante e num enxame de dissidentes. O protestantismo transformou-se no presbiterianismo, este se transformou no congregacionalismo, e deste saiu a Igreja Batista, etc. O metodismo tentou reformar a todos, mas reformou-se a si próprio em muitas formas de wesleyanismo. [...] Todos eles conservam no seu seio, em suas organizações eclesiásticas, culto, doutrinas e observâncias várias relíquias do papado. São, quando muito, uma reforma do papado e apenas reformas parciais. As doutrinas e tradições dos homens ainda continuam a impedir o poder e progresso do Evangelho em suas mãos.” (Alexander Campbell, Christian Baptism, p. 15).APLCDA 716.2
Podíamos apresentar uma quantidade de testemunhos semelhantes de pessoas que ocupam altos cargos nestas várias denominações, escritas não com o propósito de criticar, mas com o senso vívido da condição terrível em que caíram estas igrejas. O termo Babilônia, aplicado a elas, não é um termo de opróbrio, mas exprime apenas a confusão a e diversidade de sentimento que existe entre elas. Babilônia não necessitava cair, mas podia ter sido curada (Jeremias 51:9) pela recepção da verdade, mas a rejeitou.APLCDA 716.3
Ao não aceitar a verdade da segunda vinda de Cristo e ao rechaçar a mensagem do primeiro anjo, as igrejas deixaram de andar na luz progressiva que, vinda do trono de Deus, brilhava sobre seu caminho. Como resultado, confusão e dissensão reinam dentro de seus limites, e o mundanismo e orgulho estão afogando o crescimento de toda planta celestial.APLCDA 717.1
Mas neste capítulo é novamente mencionado a queda de Babilônia. Na referência anterior tal queda seguia a proclamação da mensagem do primeiro anjo, e a declaração era então: “Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios.” Aqui se percebe um passo posterior no desenvolvimento da apostasia, e as páginas seguintes revelarão a extensão desta parte final da queda de Babilônia.APLCDA 717.2
Tempo desta queda — A que tempo se aplicam estes versículos? Para quando será esperado este movimento? Se a atitude aqui tomada é correta, a saber, que estas igrejas, ou este ramo de Babilônia, experimentaram uma queda espiritual pela rejeição da mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14, a proclamação feita neste capítulo não podia ter saído antes daquele tempo. É dada, pois, simultaneamente com a mensagem da queda de Babilônia, de Apocalipse 14, ou numa época posterior. Não pode ser dada ao mesmo tempo, porque a primeira apenas anuncia a queda de Babilônia, enquanto esta acrescenta vários pormenores que naquele tempo ainda não se tinham cumprido ou se estavam cumprimento. E como temos de atribuir o anúncio apresentado neste capítulo a um tempo posterior a 1844, em que saiu a mensagem anterior, perguntamos: Já foi dada alguma mensagem desde esse tempo até o atual? A resposta tem de ser negativa. Agora estamos ouvindo a mensagem do terceiro anjo, que é a última que devia ser apresentada antes da vinda do Filho do homem. À medida que a decadência vai aumentando no mundo religioso, a mensagem tem sido reforçada pela advertência de Apocalipse 18:1-4, que constitui um aspecto da terceira mensagem que deve aparecer quando esta mensagem for proclamada com poder, e toda a Terra for iluminada com a sua glória.APLCDA 717.3
A obra do espiritismo — A última fase da obra apresentada no versículo 2 está em vias de cumprimento, e será completada em breve, por meio do espiritismo. Os agentes que em Apocalipse 16:14 são chamados “espíritos de demônios, que fazem prodígios”, estão secreta mas rapidamente abrindo caminho nas várias denominações religiosas acima referidas, porque os seus credos têm sido formulados sob a influência do vinho (erros) de Babilônia, um dos quais é que os espíritos de nossos amigos mortos estão conscientes, inteligentes e ativos em volta de nós.APLCDA 718.1
Um significativo aspecto da obra do espiritismo atual é o traje religioso que está assumindo. Mantém ocultos seus mais grosseiros princípios, que até agora em tão larga escala apresentava visivelmente, assume agora um aspecto tão religioso como e de qualquer outra denominação. Fala do pecado, do arrependimento, da expiação, da salvação por meio de Cristo, numa linguagem quase tão ortodoxa como a dos cristãos genuínos. Sob o disfarce desta profissão, o que o impede de se entrincheirar em quase todas as denominações do cristandade? Mostramos que a base do espiritismo — a imortalidade da alma — é um dogma fundamental nos credos de quase todas as igrejas. Que, pois, pode salvar a cristandade da sua influência sedutora? Vemos aqui outro triste resultado de rejeitar as verdades oferecidas ao mundo pelas mensagens de Apocalipse 14. Se as igrejas tivessem recebido estas mensagens, teriam sido protegidas contra este engano, porque entre as grandes verdades defendidas pelo movimento religioso que se produziu durante o grande despertar adventista, encontra-se a importante doutrina de que a alma do homem não é por natureza imortal; de que a vida eterna é um dom de Jesus Cristo, e pode ser obtido unicamente por Seu intermédio; que os mortos estão inconscientes; e que as recompensas e castigos do mundo futuro são ulteriores à ressurreição e ao dia do juízo.APLCDA 718.2
Estas verdades desferem um golpe mortal na primeira pretensão vital do espiritismo. Que entrada pode aquela doutrina ter em qualquer mente fortificada por esta verdade? O espírito vem, e pretende ser a alma ou o espírito desencarnado de um morto. Mas enfrenta o conhecimento do fato de que aquilo não é uma espécie de alma, ou espírito, que o homem possua; que “os mortos não sabem coisa nenhuma”; que esta sua primeira pretensão não passa de uma mentira, e que as credenciais que apresenta mostram que pertence à sinagoga de Satanás. Assim, é imediatamente rejeitado, e eficazmente impedido o mal que desejava fazer. Mas a grande massa de religiosos opõe-se à verdade que os teria assim protegido, e por isso expõem-se a esta última manifestação de astúcia satânica.APLCDA 718.3
O liberalismo moderno — E enquanto o espiritismo está assim operando, manifestam-se aterradoras transformações em altas esferas de algumas denominações. A incredulidade da época atual, sob os sedutores nomes de “ciência”, “alta crítica”, “evolução”, e “liberalismo moderno” estão permeando a maioria dos colégios teológicos do país e realizando graves incursões nas igrejas protestantes.APLCDA 719.1
Em maio de 1909, o escritor Harold Bolce, chamou a atenção do público para esta situação. Depois de investigar o caráter do ensino de algumas das principais universidades do país, apresentou os resultados no Cosmopolitan Magazine, cujo redator comentou:APLCDA 719.2
“O que o Sr. Bolce apresenta aqui é deveras assombroso. Baseado nas matérias ensinadas nos colégios americanos, um movimento dinâmico está minando os fundamentos antigos e promete criar um modo revolucionário de pensar e viver. Os que lidam com os grandes colégios do país ficarão atônitos ao conhecer os credos fomentados pelo corpo docente de nossas grandes universidades. Em centenas de aulas está-se ensinando diariamente que o Decálogo não é mais sagrado do que um resumo qualquer; que a família é uma instituição condenada a desaparecer; que não há males absolutos; que a imoralidade é simplesmente uma contravenção das normas aceitas pela sociedade. [...] Estes são alguns dos ensinos revolucionários e sensacionais que se apresentam com garantia acadêmica aos milhares de estudantes dos Estados Unidos.” (Cosmopolitan Magazine, maio, 1909, p. 665).APLCDA 719.3
Ao mesmo tempo, o The Independent, N.Y., expoente de alta critica, referia-se as condições nas igrejas batistas e presbiterianas, com o anuncio de que “os hereges ocuparam o campo em Chicago e Nova — Iorque”. Isto se mostrou pela ação dos seus ministros dessas cidades, recusando excluir do ministério adeptos das mais claras heresias. “Foi uma semana ruim para a velha guarda”, dizia o The Independent, “e estas ocorrências dão prova de uma poderosa mudança de opinião sobre questões de teologia nos últimos dez ou vinte anos.”APLCDA 720.1
Continuando dizia o mesmo jornal: “A forte largueza de tolerância que estes corpos batistas e presbiterianos estão mostrando, é pouco menos que revolucionária. Começou com o estudo cientifico e histórico da Bíblia. Quando descobrimos que o mundo tinha mais de 6.000 anos; que não houve nenhum dilúvio universal há quatro mil anos; que Adão não foi feito diretamente do pó e Eva de sua costela; e que a torre de Babel não foi a ocasião da diversificação das línguas, avançamos de mais para parar. O processo do criticísmo estendeu-se do Gênesis ao Apocalipse, sem temor da maldição que vem no fim do ultimo capitulo. Não podia parar com Moisés e Isaías; tinha de incluir Mateus, João e Paulo. Cada um deles tinha de ser joeirado. Já deixaram de ser tomados como inquestionáveis autoridades finais, pois que a inspiração plenária seguiu-se à inspiração verbal logo que o primeiro capitulo de Gênesis deixou de ser tomado como história verdadeira. Os milagres de Jesus tiveram de sofrer a prova da mesma maneira que os de Elias. A data e objetivo do evangelho de João tiveram de ser investigados tão historicamente, como a profecia de Isaías; e a conclusão da crítica histórica teve de ser aceita sem consideração pelas antigas teologias. Chegamos exatamente a esta condição; e há repetidas provas de que ela marca uma época, uma revolução, no pensamento teológico. Isto é o conseguimos saber em Chicago e Nova-Iorque por meio de duas denominações militantes, como são a batista e a presbiteriana.APLCDA 720.2
Outro escritor assim apresenta a atitudes das igrejas sobre missões:APLCDA 720.3
“Não só representam uma minoria da igreja os membros que dão conscienciosamente, mas também mudou a crença quanto às missões. As comissões missionárias podem buscar convencer-se de que as baixas de suas entradas deve-se aos altos impostos, e a diminuição das rendas, mas os pastores que lidam com os doadores reconhecem que aumentou em forma definida a resistência a fazer doações destinadas a estender o Evangelho além de nossas fronteiras. Aumenta o número de membros que são leais em outras coisas, mas anunciam persistentemente que ‘não crêem nas missões’. O calibre desses oponentes nos faz reflexionar. [...]APLCDA 720.4
“A média de ofertas por pessoa em 22 comunhões protestantes é de $11,28 para os gastos da congregação, e de $ 2,19 para toda obra local [...]APLCDA 721.1
A média dos donativos que não se destinam à obra do próprio país oscila entre 29,69% do ingresso total, que é o que resulta da Igreja Presbiteriana Unida, até 11,14, 12,30 e 10,02% nas últimas três igrejas da lista. Não admira que somos instados a ‘voltar a pensar nas missões’.” (Felipe Endecott, Osgood, na revista The Atlantic Monthly, janeiro, 1940, nota ao pé da p. 56).APLCDA 721.2
Segundo declarações autorizadas, estes são os resultados:APLCDA 721.3
“Enquanto o zelo missionário vai desvanecendo, a situação se complica ainda mais pelo fato agora revelado de que outros missionários que os evangélicos eram enviados aos campos estrangeiros. Estes eram os ‘aventureiros’ de uma ‘nova civilização’, os ‘criadores de um mundo novo’, movidos principalmente por uma paixão social. [...]APLCDA 721.4
“A evangelização mundial tornou a receber um golpe cruel nas comprovações críticas do relatório de investigação apresentado por uma comissão leiga que estudou as missões no estrangeiro. Embora o objeto desta empresa, que iniciou em 1930 e continuou até 1931 era ‘ajudar os leigos para determinar qual deve ser sua atitude para com as missões no estrangeiro, por uma nova consideração das funções de tais missões no mundo moderno’ com o objetivo, sem dúvida, não apenas de reformar as missões como aumentar as receitas financeiras, tão-somente se conseguiu maiores controvérsias e menos doações.” (The Watchman Examiner, editorial, 1/1/1940, p. 105).APLCDA 721.5
Resultado da apostasia — Com tão lamentável maneira de ver e sob a direção de tais homens, quanto tempo levará ainda para que Babilônia se encha de espíritos imundos, e de aves imundas e aborrecíveis? Que progresso já se fez neste sentido! Se os piedosos pais e mães da geração que viveu imediatamente antes de ser dada a mensagem do primeiro anjo, pudessem ouvir o ensino e compreender a condição atual do mundo religioso, como ficariam atônitos com o terrível contraste entre o seu tempo e o nosso, e deplorariam a triste degenerescência! Não, o Céu não há de deixar tudo isto passar em silêncio. Está sendo feita uma poderosa proclamação, chamando a atenção de todo o mundo para as terríveis contas na acusação contra as organizações religiosas infiéis, para que a justiça dos juízos que se seguem possa aparecer claramente.APLCDA 721.6
O versículo 3 demonstra a ampla influência de Babilônia, e o mal que resultou e resultará do seu procedimento, e daí a justiça do seu castigo. Os mercadores da Terra enriqueceram-se com a abundância das suas delícias. Quem toma a chefia de todas as extravagâncias do século? Quem enche as suas mesas com os mais ricos e escolhidos manjares? Quem são os primeiros em extravagâncias no vestuário e em todos os trajes preciosos? Quem são os que constituem a própria personificação do orgulho e arrogância? Não são os membros da igreja, os que quase sempre tomam a dianteira na busca de coisas materiais que fomentam o orgulho da vida?APLCDA 723.1
Mas há um detalhe capaz de redimir este quadro. Embora Babilônia tenha degenerado como um corpo há exceções à regra geral, porque Deus tem ainda ali um povo, e por causa deste povo deve dar-se atenção a eles até que sejam chamados a sair da sua comunhão. Nem será necessário esperar muito por este chamado. Babilônia tornar-se-á em breve tão infectada pela influência destes maus agentes, que sua condição será completamente manifesta a todos os de coração sincero, e será preparado o caminho para a obra a que o apóstolo passa a referir.APLCDA 723.2
Versículos 4-8: Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou. Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela. O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou.APLCDA 723.3
A voz que vem do Céu denota que será uma mensagem de poder acompanhada de glória celestial. Quão marcada se torna a interposição do Céu, e como se multiplicam os agentes para a realização da obra de Deus à medida que a grande crise se aproxima! Esta voz do Céu é chamada “outra voz”, mostrando que um novo agente é aqui introduzido. Temos agora cinco mensageiros celestiais expressamente mencionados como estando empenhados nesta última reforma religiosa. São eles: o primeiro, segundo e terceiro anjos de Apocalipse 14; quarto, o anjo do versículo 1 deste capítulo; e quinto, o agente indicado pela “voz” do versículo 4, que estamos considerando. Três destes estão já em operação, o segundo anjo ajuntou-se ao primeiro, e a eles o terceiro. O primeiro e o segundo não cessaram. Os três estão agora unidos para proclamar uma tríplice mensagem. O anjo do versículo 1 inicia a sua missão, porque as condições reinantes exigem sua obra. O apelo divino para sair de Babilônia deve tomar lugar em conexão com esta obra.APLCDA 724.1
“Sai dela, povo meu” — Já se apresentou prova para mostrar que as mensagens dos versículos 1 e 2 deste capítulo devem ser dadas em conexão com a tríplice mensagem. Pode-se fazer uma ideia da sua extensão e poder pela descrição do anjo aí dada. A primeira mensagem diz-se que é proclamada com “uma grande voz”. O mesmo é também dito da terceira mensagem, mas este anjo, em vez de simplesmente voar “pelo meio do céu”, como os outros, diz-se que foi visto “descer do Céu”. Ele vem com a mensagem mais direta. Tem “grande poder”, e a Terra é “iluminada com a sua glória”. Em nenhuma outra parte de toda a Bíblia existe tal descrição de uma mensagem vinda do Céu ao homem. Esta é a última, e, como convinha, vem com grande glória e raro poder. É uma terrível hora em que o destino do mundo deve ser decidido, uma crise soleníssima em que toda uma geração da família humana deve cruzar os limites do tempo de graça ao soar aos seus ouvidos a última nota de misericórdia.APLCDA 724.2
Nesse tempo o mundo não deve ser deixado sem aviso. Tão amplamente deve ser o grande fato anunciado, que ninguém possa com razão alegar ignorância da ruína iminente. Toda desculpa deve ficar eliminada. Hão de ser vindicadas a justiça, paciência e tolerância de Deus em retardar a vingança até que todos tenham tido oportunidade para receber o conhecimento da Sua vontade, e tempo para se arrepender. É enviado um anjo, revestido do poder celestial. Está envolto pela luz que rodeia o trono. Vem à Terra. Ninguém, senão os espiritualmente mortos, sim, os “duas vezes mortos e desarraigados”, deixarão de compreender sua presença. A luz brilha por toda parte. Os lugares escuros são iluminados. Enquanto sua presença dissipa as sombras, a sua voz como trovão profere um aviso. Clama “fortemente”. Não é nenhum anúncio secreto; é um clamor, um forte clamor, um brado com grande voz.APLCDA 724.3
Os defeitos fatais da profissão de uma igreja mundana são de novo apontados. Seus erros são, uma vez mais, e pela última vez, expostos. A incapacidade do presente padrão de piedade para enfrentar a crise final é salientada para além de todo erro. A conexão inevitável entre os seus acariciados erros e a irremediável e eterna destruição é anunciada até que a Terra ressoa com o clamor. Entretanto, os pecados da grande Babilônia sobem até o Céu, e a lembrança das suas iniquidades chega a Deus. Aumenta a corrente da vingança. Logo explodirá sua tempestade sobre a grande cidade de confusão e a altiva Babilônia cairá como uma pedra de moinho é lançada nas profundezas do mar. Subitamente, outra voz soa do Céu: “Sai dela, povo Meu!” Os humildes, sinceros, devotados filhos de Deus, que ainda ficam, e que suspiram e clamam por causa das abominações feitas na Terra, atendem àquela voz, lavam suas mãos dos pecados dela, separam-se de sua comunhão, escapam e são salvos, enquanto Babilônia se torna a vítima dos justos juízos de Deus. Estes são momentos comovedores para a igreja. Preparemo-nos para a crise.APLCDA 725.1
O fato de o povo de Deus ser chamado a sair para não se tornar participante dos seus pecados, mostra que só a partir de certa altura é que o povo se torna culpado de continuar em contato com Babilônia.APLCDA 725.2
Os versículos 6 e 7 são uma declaração profética de que ela será recompensada ou punida segundo as suas obras. Tenha-se presente que este testemunho se aplica àquela parte de Babilônia que está sujeita à queda espiritual. Como já indicamos, deve aplicar-se especialmente às “filhas”, às denominações que persistem em ater-se aos traços pessoais da “mãe”, e conservar a semelhança de família. Estas, como já indicamos, hão de tentar uma perseguição devastadora contra a verdade e o povo de Deus. São elas que formarão a “imagem da besta”. Experimentarão algo que será para elas uma nova experiência: o uso do braço civil para impor os seus dogmas.APLCDA 726.1
E sem dúvida é esta primeira intoxicação de poder que leva este ramo de Babilônia a jactar-se em seu coração, dizendo: “Estou assentada como rainha, e não sou viúva”, isto é, não sou “despojada” ou destituída de poder, como tenho sido, mas agora domino como rainha. Com expressões blasfemas se jacta de que Deus está na Constituição, e a igreja está entronizada, e daí em diante há de ter o governo. A expressão: “Tornai-lhe a dar, como ela vos tem dado”, parece mostrar que o tempo para ser dada esta mensagem e para os santos serem chamados, será quando ela começar a levantar contra eles o braço da opressão. Ao encher a taça da perseguição aos santos, o anjo do Senhor persegui-la-á (Salmos 35:6). Os juízos do Alto trarão sobre ela, num duplo grau (“pagai-lhe em dobro”) o mal que ela pensou trazer sobre os humildes servos do Senhor.APLCDA 726.2
No dia em que caiam as suas pragas mencionadas no versículo 8, deve ser um dia profético, ou pelo menos não pode ser um dia literal, porque seria impossível que a fome viesse nessa extensão de tempo. As pragas de Babilônia são, sem dúvida, as sete últimas pragas, que já foram examinadas. O que se infere claramente da linguagem deste versículo, em relação com Isaías 34:8, é que esses terríveis castigos durarão um ano.APLCDA 726.3
Versículos 9-11: Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio, e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo. E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria.APLCDA 727.1
Uma justa retribuição — A inflição da própria primeira praga deve resultar numa completa suspensão do tráfico dos artigos de luxo em que Babilônia se distingue. Quando os mercadores destas coisas, que são em grande parte cidadãos desta cidade simbólica, e que enriqueceram com o tráfico destas coisas, se veem, de repente, a si e aos seus vizinhos, feridos por chagas em putrefação, todo negócio suspenso, e vastos carregamentos de mercadoria inativos, sem ninguém que os compre, levantam as suas vozes em lamentação pelo destino desta grande cidade. Se há alguma coisa que arranque dos homens desta geração um sincero grito de angústia, é o que concerne a seus tesouros. Esta retribuição é muito adequada. Os que pouco antes haviam publicado um decreto para que os santos de Deus não comprassem nem vendessem, encontram-se agora sob a mesma restrição, mas em forma muito mais eficaz.APLCDA 727.2
Perguntar-se-á como pessoas envolvidas na mesma calamidade podem estar de longe e lamentar-se. Devemos lembrar-nos de que esta desolação é apresentada sob a figura de uma cidade visitada com a destruição. Se a calamidade viesse sobre uma cidade literal, seria natural que os seus habitantes fugissem dessa cidade se tivessem oportunidade e estivessem de longe e lamentassem a sua queda. Proporcional ao seu terror e assombro perante o mal a ponto de ocorrer, seria a distância a que poriam entre si e sua amada cidade. A figura que o apóstolo usa não seria completa sem um pormenor desta natureza, e assim a usa, não para dar a entender que o povo fuja literalmente da cidade simbólica, o que seria impossível, mas para significar o seu terror e assombro ao sobrevirem os juízos.APLCDA 727.3
Versículos 12, 13: mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore; e canela de cheiro, especiarias, incenso, unguento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo, gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas.APLCDA 727.4
A mercadoria de Babilônia — Nestes versículos temos uma enumeração da grande mercadoria de Babilônia, que inclui tudo o que pertence ao viver luxuoso, à pompa e à ostentação mundana. Está incluído todo tipo de tráfico mercantil. A declaração acerca de “escravos e até almas humanas” pode pertencer mais particularmente ao domínio espiritual e ter referência à escravidão de consciência pelos credos destas corporações, que em alguns casos é mais opressiva do que a escravidão física.APLCDA 728.1
Versículo 14: O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca jamais serão achados.APLCDA 728.2
Glutonaria censurada — Os frutos aqui mencionados, segundo o original, são “frutos outonais”. Nisto encontramos uma profecia de que as “delícias da estação”, com que o luxurioso glutão delícia o apetite, desaparecerão de repente. Esta é, sem dúvida, a escassez, que é o resultado da quarta praga (Apocalipse 16:8).APLCDA 728.3
Versículos 15-19: Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando, dizendo: Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar conservaram-se de longe. Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade? Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!APLCDA 728.4
Emoções dos ímpios — O leitor pode imaginar facilmente a causa desta voz universal de choro, lamentações e ais. Imagine-se a praga das chagas afligindo os homens, os rios convertidos em sangue, o mar como o sangue de um morto, o Sol abrasando os homens com fogo, o tráfico dos mercadores aniquilado, e eles sem poder obter, com toda a sua prata e ouro, a libertação que anelam, e não há que admirar-nos de suas exclamações de angústia, e que pilotos e marinheiros se unam à lamentação geral. Muito diferente é a emoção que hão de sentir os santos, como vemos pelo seguinte testemunho:APLCDA 728.5
Versículos 20-24: Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa. Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria. E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra.APLCDA 729.1
Emoções dos justos — Os apóstolos e profetas são aqui chamados a regozijar-se pela destruição da grande Babilônia, porque em relação com esta destruição é que eles hão de ser libertos do poder da morte e da sepultura pela primeira ressurreição.APLCDA 729.2
Como uma grande pedra de moinho, Babilônia cai para não mais se levantar. As várias artes e artifícios que têm sido empregados em seu meio e têm ministrado aos seus desejos, não hão de ser mais traficados. A pomposa música que tem sido empregada em culto imponente, mas formal e sem vida, emudece para sempre. As cenas de festividade e alegria, quando o noivo e a noiva são levados perante os seus altares, não será mais testemunhada.APLCDA 729.3
Suas feitiçarias constituem seu crime principal, e a feitiçaria é uma prática que está compreendida no moderno espiritismo. “E nela se achou sangue [...] de todos os que foram mortos sobre a terra.” Daqui se conclui que Babilônia existiu sempre, desde a introdução de uma falsa religião no mundo. Nela se tem encontrado, em todos os tempos, oposição à obra de Deus, e perseguição ao Seu povo. Em referência à culpabilidade da última geração, ver os comentários sobre Apocalipse 16:6.APLCDA 729.4