Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    26 – Guardadores do Sábado Ingleses

    Sabatistas ingleses do século 16 – Suas doutrinas – Por essas doutrinas, John Trask foi exposto no pelourinho, açoitado e preso – Ele se retrata – O caráter da Sra. Trask – Seu crime – Sua coragem indomável – Ela sofre por quinze anos no cárcere e morre na prisão – Princípios dos seguidores de Trask – Brabourne escreve a favor do sétimo dia – Apelos ao rei Carlos I para restaurar o antigo sábado – O rei solicita ao Dr. White que escreva contra Brabourne e ao Dr. Heylyn que redija a história do sábado – O rei intimida Brabourne e ele se retrata – Ele volta ao sábado mais uma vez – Philip Tandy – James Ockford escreve The Doctrine of the Fourth Commandment [A Doutrina do Quarto Mandamento] – Seu livro é queimado – Edward Stennet – William Sellers – O tratamento cruel dispensado a Francis Bampfield – Thomas Bampfield – O martírio de John James – Como a causa do sábado foi lançada por terra na InglaterraHS 319.1

    Chambers conta o seguinte acerca dos guardadores do sábado no século 16:HS 319.2

    Durante o reinado de Elizabeth, muitos pensadores conscienciosos e independentes chegaram à conclusão (como havia ocorrido antes com alguns protestantes da Boêmia) de que o quarto mandamento exigia, não a observância do primeiro dia, mas, sim, do sétimo dia da semana ali especificado, e um descanso corporal estrito, como serviço então devido a Deus. Já outros, embora convencidos de que o dia fora alterado por autoridade divina, aceitaram a mesma opinião quanto à obrigação bíblica de se abster do trabalho. O primeiro grupo se tornou numeroso o bastante para representar uma quantidade considerável por mais de um século na Inglaterra, sob o título de “sabatistas” – palavra hoje alterada para a denominação menos ambígua de “batistas do sétimo dia.”1Chambers, Cyclopedia, verbete “Sabbath”, vol. 3, p. 402, Londres, 1867.HS 319.3

    Gilfillan cita um escritor inglês de 1584, John Stockwood, o qual afirma que havia, na época,HS 319.4

    “grande diversidade de opinião entre as pessoas comuns e humildes acerca do dia de descanso e do emprego adequado do mesmo.”HS 319.5

    E assim Gilfillan explica um dos motivos dessa controvérsia:HS 319.6

    “Alguns defendiam a obrigação continuada e imutável do sábado do sétimo dia.”2Gilfillan, Sabbath, p. 60.HS 319.7

    Em 1607, John Sprint, escritor inglês favorável ao primeiro dia, apresentou os pontos de vista dos guardadores do sábado nessa época, os quais, na verdade, são essencialmente os mesmos em todas as eras:HS 319.8

    “Eles alegam que seus motivos provêm: (1) da precedência do sábado à lei e à queda, e leis dessa natureza são imutáveis; (2) da perpetuidade da lei moral; (3) da grande parte dela que trata do [sábado mais] que de todos [os outros preceitos]; (4) [...] e o motivo que torna perpétuo esse preceito da lei: ele é o memorial e a reflexão das obras de Deus, o qual pertence tanto aos cristãos quanto aos judeus.”3Observation of the Christian Sabbath, p. 2.HS 320.1

    John Trask começou a falar e escrever a favor do sétimo dia como o sábado do Senhor por volta da época em que o rei James I e o arcebispo de Canterbury publicaram o célebre Book of Sports for Sunday [Livro de Esportes para o Domingo], em 1618. Seu campo de trabalho era Londres e, sendo muito zeloso, logo foi chamado a prestar contas à autoridade persecutória da igreja anglicana. Ele apresentou o elevado conceito da suficiência das Escrituras como guia de todos os serviços religiosos e de que as autoridades civis não deveriam reprimir a consciência das pessoas em questões religiosas. Foi levado diante da infame Câmara Estrelada, onde foi realizada uma longa discussão a respeito do sábado. Foi nessa ocasião que o bispo Andrews exprimiu pela primeira vez o argumento favorável ao primeiro dia, tão conhecido hoje, de que os mártires no passado eram interrogados com a pergunta “Você guarda o dia do Senhor?”.4Ver o capítulo 15 desta obra.HS 320.2

    Gilfillan, citando as palavras de escritores da época, fala sobre o julgamento de Trask:HS 320.3

    “Por ‘realizar reuniões religiosas ilegais e facciosas, que poderiam levar a sedições e comoção pública, e por escandalizar o rei, os bispos e o clero’, ‘ele foi censurado pela Câmara Estrelada e condenado a ser amarrado ao pelourinho de Westminster, e de lá ser levado aos empurrões à Prisão de Fleet, onde ficaria como prisioneiro.”5Gilfillan, Sabbath, p. 88.HS 320.4

    Essa sentença cruel foi executada e, por fim, minou sua resolutividade. Depois de suportar por um ano as misérias da prisão, ele se retratou de sua doutrina.6Ibid. O caso de sua esposa é digno de menção particular. Pagitt assim descreve seu caráter:HS 320.5

    “Era uma mulher dotada de muitas virtudes singulares, e teria se tornado digna da imitação de todos os bons cristãos se suas faltas em outras coisas, sobretudo o estranho espírito sem precedentes de se fechar na própria opinião e sua obstinação em manter ideias extravagantes particulares, não a tivessem estragado.”7Pagitt, Heresiography, p. 209, Londres, 1661.HS 320.6

    Pagitt conta que ela era uma professora que prezava pela excelência no ensino e tinha cuidado especial ao lidar com os pobres. O autor apresenta da seguinte forma os motivos que a impulsionavam:HS 320.7

    “Ela afirmava fazer essas coisas por consciência, pois cria que, um dia, seria julgada por tudo aquilo que fizesse na carne. Por isso, decidiu guiar-se pela mais segura regra, em vez de buscar seus próprios interesses particulares.8Ibid.HS 320.8

    Usando as palavras de Pagitt, este foi seu crime:HS 321.1

    “Por fim, por dar aulas somente cinco dias por semana, e descansar no sábado, sabendo-se por qual motivo ela o fazia, foi levada para a nova prisão na alameda Maiden, um local que na época era designado para a detenção de várias outras pessoas com opiniões que divergiam da promovida pela igreja anglicana.”9Idem, p. 210.HS 321.2

    Note qual foi o crime: não foi a sua ação em si, pois um guardador do primeiro dia poderia ter feito a mesma coisa, mas, sim, porque decidiu assim agir para obedecer ao quarto mandamento. Seu motivo a expôs à vingança por parte das autoridades. Ela era uma mulher de coragem indomável e não compraria sua liberdade mediante a renúncia ao sábado do Senhor. Durante o longo tempo de cárcere, Pagitt diz que alguém escreveu a ela o seguinte:HS 321.3

    “Seu constante sofrimento seria digno de elogios, caso tivesse ocorrido pela causa da verdade. Mas, sendo por causa do erro, sua retratação será mais aceitável a Deus e louvável aos homens.10Idem, p. 164.HS 321.4

    Mas sua fé e perseverança permaneceram até que ela fosse liberta pela morte:HS 321.5

    “A Sra. Trask ficou presa por quinze ou dezesseis anos por causa de sua opinião quanto ao sábado do sétimo dia. Ao longo de todo esse período, não quis receber assistência de ninguém, por mais que precisasse, alegando que está escrito: “Mais bem-aventurado é dar do que receber”. Também não pegava nada emprestado, pois está escrito: “Emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado”. Por isso, ela considerava uma desonra a seu cabeça, Cristo, pedir esmolas ou pegar emprestado. Sua alimentação durante a maior parte do tempo em que ficou presa, a saber, até pouco antes de sua morte, consistiu em pão e água, raízes e ervas, sem carne, vinho, nem bebida fermentada. Toda sua renda consistia em quarenta shillings por ano. O que lhe faltava para viver conseguia por meio dos outros presos, que a empregavam às vezes para realizar algum negócio para eles.”11Idem, p. 196-197.HS 321.6

    Pagitt, que foi contemporâneo de Trask, apresenta da seguinte forma os princípios dos sabatistas de sua época, a quem chama de traskitas:HS 321.7

    “As opiniões que eles defendiam acerca do sábado eram estas:HS 321.8

    “1. O quarto mandamento do decálogo, ‘Lembra-te do dia de sábado para o santificar’ [Êxodo 20], é um preceito divino, única e totalmente moral, sem conter nenhum aspecto da lei cerimonial, quer no todo, quer em parte. Por isso, sua observância semanal deve ser perpétua e continuar em vigor e virtude até o fim do mundo.HS 321.9

    “2. O sábado, ou o sétimo dia de cada semana, deve ser um eterno dia santo na igreja cristã, e a observância religiosa desse dia é obrigatória a todos debaixo da dispensação do evangelho, assim como era para os judeus antes da vinda de Cristo.HS 321.10

    “3. O domingo, ou o dia do Senhor, é um dia comum de trabalho, e se trata de superstição e adoração ao eu tratá-lo como se fosse o sábado do quarto mandamento.”12Idem, p. 161.HS 322.1

    Foi por causa dessa nobre profissão de fé que a Sra. Trask permaneceu confinada à prisão até o dia de sua morte. Pelo mesmo motivo, o Sr. Trask foi obrigado a ficar no pelourinho, e de lá foi levado aos empurrões à Prisão de Fleet, permanecendo trancado em uma miserável prisão, da qual escapou por retratação depois de suportar seus horrores por mais de um ano.13Manual of the Seventh-day Baptists, p. 17-18; Heylyn, Hist. of the Sab., parte 2, cap. 8, seção 10; Gilfillan, Sabbath, p. 88-89; Cox, Sabbath Literature, vol. 1, p. 152-153.HS 322.2

    Utter descreve a posição do próximo ministro sabatista da seguinte maneira:HS 322.3

    “Theophilus Brabourne, instruído ministro do evangelho da igreja estatal, escreveu um livro, impresso em 1628, em que argumentou ‘que o dia do Senhor não é o dia de sábado por instituição divina’, mas ‘que o sábado do sétimo dia está agora em vigor”. Brabourne publicou outro livro em 1632, com o título A Defense of that Most Ancient and Sacred Ordinance of God’s, the Sabbath Day [Defesa da Mais Antiga e Sagrada Ordenança Divina, o Dia de Sábado].”14Manual of the S. D. Baptists, p. 18.HS 322.4

    Brabourne dedicou o livro ao rei Carlos I, pedindo que ele usasse sua autoridade para restaurar o antigo sábado. Mas aqueles que confiam em governantes sem dúvida se decepcionam. O Dr. Frances White, bispo de Ely, descreve a situação em seu tratado contra o sábado:HS 322.5

    “Como o tratado de Brabourne sobre o sábado foi dedicado a sua Majestade Real, e os princípios que ele usou para basear seus argumentos (todos eles comumente pregados, impressos e cridos por todo o reino) podem ter envenenado e infectado muitas pessoas com esse erro sabatista ou com qualquer outro de teor semelhante, foi do agrado e vontade do rei, nosso gracioso mestre, que um tratado fosse escrito a fim de impedir outros males e firmar seus bons súditos (que há muito têm sido confundidos com essas questões sabatistas) no velho e bom caminho da antiga e ortodoxa igreja católica. Portanto, aquilo que Sua santa Majestade ordenou, eu, seguindo a orientação de Vossa Eminência [arcebispo Laud], executei obedientemente.”15Francis White, Treatise of the Sabbath Day, citado por Cox, Sab. Lit., vol. 1, p. 167.HS 322.6

    O rei desejava, com essa ordem, derrotar não só aqueles que guardavam o dia ordenado pelo mandamento, mas também os que, seguindo a teoria do Dr. Bound, alegavam que o domingo era esse dia. Então ele reuniu o Dr. Heylyn e o bispo White para realizar esse trabalho:HS 322.7

    “Tendo em vista que o fardo era pesado demais para qualquer um suportar e que a obra precisava ser feita rapidamente, considerou-se apropriado dividir o trabalho entre duas pessoas. A parte argumentativa e acadêmica foi destinada ao instruído Dr. White, bispo de Ely na época, o qual já dera provas de sua habilidade com questões polêmicas em vários livros e debates contra os papistas. A parte histórica e prática [deveria ser escrita] por Heylyn de Westminster, que conquistara certa reputação por seus estudos dos escritores antigos.”16Heylyn, Cyprianus Angelicus, citado por Cox, vol. 1, p. 173.HS 322.8

    Tanto a obra de White quanto a de Heylyn foram publicadas em 1635. O Dr. White, ao se dirigir àqueles que promovem a observância do domingo com base no quarto mandamento, comenta o seguinte a respeito dos argumentos de Brabourne, que mostram que o mandamento ordena o antigo sétimo dia e não o domingo:HS 323.1

    “Se vocês mantiverem os princípios particulares de vocês de que o quarto mandamento é pura e simplesmente moral, uma lei da natureza, será impossível a vocês, em inglês ou latim, solucionar as objeções de Theophilus Brabourne.”17Treatise of the Sabbath Day, p. 110.HS 323.2

    Mas o rei reservava mais do que simples argumentos contra Brabourne. Ele foi levado diante do arcebispo Laud e da Suprema Corte Eclesiástica da Inglaterra [Court of High Commision]. Abalado pelo destino da Sra. Trask, ele se sujeitou, por um tempo, à autoridade da igreja da Inglaterra, mas, algum tempo depois, escreveu outros livros defendendo o sétimo dia.18Hessey, Bampton Lectures, p. 373-374; Cox, Sab. Lit., vol. 2, p. 6; A. H. Lewis, Sabbath and Sunday, p. 178-184. Essa obra contém muitas informações valiosas acerca dos guardadores do sábado ingleses e norte-americanos. O livro do Dr. White contém esta expressiva menção à teoria do tempo indefinido:HS 323.3

    “Quanto ao tempo indefinido, ou ele nos vincula a todos os momentos, assim como uma dívida, cujo dia de pagamento não é expressamente datado, é passível de ser paga em qualquer momento, ou ele deixa de nos vincular absolutamente a qualquer tempo.”19Treatise of the Sabbath Day, p. 73.HS 323.4

    Utter, após mencionar Brabourne, continua:HS 323.5

    “Por volta dessa época, Philip Tandy começou a promulgar, na parte norte da Inglaterra, a mesma doutrina a respeito do sábado. Ele foi educado na igreja estatal, da qual se tornou ministro. Após mudar de opinião quanto ao modo de batismo e ao dia de descanso, abandonou essa igreja e ‘se tornou alvo de muitos disparos’. Ele teve várias discussões públicas acerca de seus pontos de vista peculiares e muito fez para propagá-los. James Ockford foi outro defensor antigo, na Inglaterra, de que o sétimo dia é o sábado. Ao que tudo indica, estava bem familiarizado com os debates de que Trask e Brabourne participaram. Insatisfeito com a convicção simulada de Brabourne, escreveu um livro em defesa do ponto de vista sabatista, intitulado The Doctrine of the Fourth Commandment [A Doutrina do Quarto Mandamento]. Essa obra, publicada por volta do ano de 1642, foi queimada por ordem das autoridades da igreja estatal.20Manual of the S. D. Baptists, p. 19-20.HS 323.6

    A célebre família Stennett produziu, por quatro gerações, uma sucessão de habilidosos ministros sabatistas. Edward Stennett, o primeiro deles, nasceu no início do século 17. Seu livro, chamado The Royal Law Contended For [A Luta em Favor da Lei Real], foi publicado pela primeira vez em Londres, no ano de 1658. “Ele era um ministro capaz e dedicado, mas, por divergir da igreja estatal, foi privado dos meios necessários para seu sustento”. “Sofreu durante grande parte da perseguição à qual os dissidentes estavam expostos nessa época, em especial por sua fiel adesão à causa do sábado. Por causa dessa verdade, ele sofreu tribulação, proveniente não só de quem estava no poder, que o manteve por muito tempo na prisão, mas também de irmãos dissidentes hostis que se esforçaram para destruir sua influência e arruinar sua causa”. Em 1664, ele publicou uma obra chamada The Seventh Day is the Sabbath of the Lord [O Sétimo Dia é o Sábado do Senhor].”21Cox, vol. 1, p. 268; vol. 2, p. 10. Em 1671, William Sellers escreveu uma obra em defesa do sétimo dia, dando uma resposta ao Dr. Owen. Cox descreve da seguinte forma o objetivo do livro:HS 323.7

    “Em oposição à ideia de que algum dia em sete é tudo o que o mandamento exige que seja colocado à parte, o autor defende a obrigação do sétimo dia como o sábado com base no fato de ‘o próprio Deus, de maneira direta na letra do texto, chamar o sétimo dia de dia de sábado, dando os dois nomes a um só e o mesmo dia, conforme fica claro para todo aquele que lê os mandamentos.’”22Idem, vol. 2, p. 35.HS 324.1

    Um dos ministros sabatistas mais proeminentes da segunda metade do século 17 foi Francis Bampfield. Originalmente, ele foi membro do clero da Igreja Anglicana. Crosby, historiador batista, o descreve assim:HS 324.2

    “Profundamente insatisfeito em sua consciência com as condições de conformidade, ele se despediu de sua triste e chorosa congregação em [...] 1662. Pouco tempo depois, foi preso por adorar a Deus apenas com a própria família. Sua lealdade inabalável ao rei foi esquecida tão depressa [...] que ele foi detido com mais frequência e exposto a maiores durezas, por sua não conformidade, do que a maioria dos outros dissidentes.”23Hist. English Baptists, vol. 1, p. 365-366.HS 324.3

    Acerca de sua prisão, Neale afirma:HS 324.4

    “Após o ato de uniformidade, ele continuou pregando em particular sempre que tinha oportunidade, até ficar preso por cinco dias e noites, com 25 de seus ouvintes, em uma cela [...], na qual passaram o tempo em atividades religiosas. Algum tempo depois, ele foi solto. Logo após o incidente, foi apreendido de novo e permaneceu por nove anos na cadeia de Dorchester, embora demonstrasse lealdade inabalável ao rei.”24Hist. Puritans, parte 2, cap. 10.HS 324.5

    Enquanto estava preso, pregou quase todos os dias e até levantou uma igreja dentro da prisão. Ao ser liberto, não cessou de pregar em nome de Jesus. Após sua libertação, foi para Londres, onde pregou com grande sucesso.25Crosby, Hist. Eng. Baptists, vol. 1, p. 366-367. Neale conta sobre seus esforços nessa cidade:HS 324.6

    “Enquanto morava em Londres, fundou, em Pinner’s Hall, uma igreja com os princípios dos batistas sabatistas, princípios que ele defendia zelosamente. Era excelente pregador e homem extremamente piedoso.26Hist. Puritans, parte 2, cap. 10.HS 325.1

    Em 17 de fevereiro de 1682, foi detido enquanto pregava; e no dia 28 de março, foi condenado à prisão perpétua em Newgate, sendo obrigado a abdicar de todos os seus bens. Por causa das dificuldades que sofreu na prisão, morreu em 16 de fevereiro de 1683.27Calamy, Ejected Ministers, vol. 2, p. 258-259; Lewis, Sabbath and Sunday, p. 188-193. Wood nos conta: “Bampfield morreu na dita prisão de Newgate [...] aos 70 anos de idade. Seu corpo foi [...] seguido por grande grupo de pessoas facciosas e dissidentes até a sepultura”.28Wood, Athenae Oxonienses, vol. 4, p. 123. Crosby diz a seu respeito:HS 325.2

    “Todos os que o conheceram reconhecem que era um homem muito piedoso, e é muito provável que sua erudição e bom senso também teriam uma boa reputação, não fosse por sua opinião em duas questões, a saber, que não se deveria batizar bebês e que o sábado judaico ainda devia ser guardado.”29Crosby, vol. 1, p. 367.HS 325.3

    Bampfield publicou duas obras a favor do sétimo dia, uma em 1672 e a outra em 1677. Na primeira delas, ele apresenta da seguinte forma a doutrina do sábado:HS 325.4

    “A lei do sétimo dia foi dada antes da proclamação da lei no Sinai; ela existe desde a criação, sendo dada a Adão [...] e, por meio dele, ao mundo inteiro.30Êxodo 16:23; Gênesis 2:3. [...] A obediência do Senhor Jesus Cristo a essa quarta palavra, ao observar, em Sua vida terrestre, o sétimo dia como o sábado semanal, [....] e nenhum outro dia da semana para esse fim, faz parte daquela justiça perfeita que todo cristão sensato deve aplicar a si mesmo a fim de ser justificado aos olhos de Deus – e toda pessoa que passa por essa experiência deve imitar a Cristo em cada ato do Salvador de obediência às dez palavras.”31Judgment for the Observation of the Jewish or Seventh-day Sabbath, p. 6-8, 1672.HS 325.5

    Seu irmão, Thomas Bampfield, que fora orador em um dos parlamentos de Cromwell, também escreveu a favor da observância do sétimo dia e foi preso, por causa de seus princípios religiosos, na prisão de Ilchester.32Calamy, vol. 2, p. 260. Mais ou menos na época do primeiro encarceramento de Bampfield, levantou-se grande perseguição contra os guardadores do sábado em Londres. Crosby testemunha:HS 325.6

    “Por volta desse período [1661 d.C.], no momento em que uma congregação de batistas que defendia o sétimo dia como o sábado estava reunida em seu local de encontro na alameda Bull-Stake, com as portas abertas, por volta das 15h [19 de outubro], enquanto John James pregava, um meretíssimo juiz, o Dr. Chard, juntamente com o Sr. Wood, o prefeito, entraram no recinto. Wood ordenou, em nome do rei, que ele se calasse e descesse, por ter proferido palavras de traição contra o soberano. Mas James, dando pouca ou nenhuma atenção àquilo, prosseguiu. O prefeito se aproximou dele no meio da congregação e ordenou mais uma vez, em nome do rei, que ele descesse, caso contrário ele o arrastaria para baixo. Diante disso, a confusão se tornou tão grande que James não conseguiu continuar.33Crosby, vol. 2, p. 165-171.HS 325.7

    Depois que o oficial o tirou do púlpito, levou-o até o tribunal cercado por uma forte escolta. Utter dá prosseguimento à narrativa:HS 326.1

    “O Sr. James foi examinado e encaminhado à prisão de Newgate, após o relato de várias testemunhas falsas que o acusaram de proferir palavras de traição contra o rei. Seu julgamento ocorreu cerca de um mês depois, durante o qual ele se portou de tal modo que granjeou muita simpatia. Mesmo assim, porém, foi sentenciado à forca, ao estripamento e ao esquartejamento.34Quando lhe perguntaram que razões ele teria para apresentar para que a sentença não fosse pronunciada, ele disse que deixaria com eles estes textos bíblicos: Jeremias 26:14-15; Salmos 116:15. Essa terrível sentença não o desanimou em nada. Ele disse calmamente: ‘Bendito seja Deus, que justifica aqueles que o homem condena’. Enquanto esteve preso, sentenciado à morte, foi visitado por diversas pessoas distintas, que se sentiram muito tocadas por sua piedade e resignação e se ofereceram para usar sua influência a fim de garantir seu perdão. Mas ele parecia ter pouca esperança no sucesso desses. A Sra. James, aconselhada por amigos, apresentou duas petições ao rei [Carlos II], alegando a inocência do esposo, o caráter daqueles que testemunharam contra ele e suplicando a sua majestade que lhe concedesse o perdão. Nos dois casos, foi repelida com zombaria e escárnio. No cadafalso, no dia de sua execução, James se dirigiu aos presentes de maneira muito nobre e emocionante. Após terminar o discurso, ele se ajoelhou, agradeceu a Deus as misericórdias da aliança e sua inocência consciente. Orou por aqueles que testemunharam contra ele, pelo algoz, pelo povo de Deus, pelo fim das divisões, pela volta de Cristo, pelos espectadores e por si próprio, para que desfrutasse do sentimento do favor e da presença de Deus e do privilégio de entrar na glória. Quando terminou, o algoz disse: ‘O Senhor receba sua alma’, ao que James respondeu: “Obrigado”. Um amigo, ao lhe mencionar que aquele era um dia feliz, ouviu dele: ‘Eu louvo a Deus por ser um dia feliz’. Após agradecer ao xerife a cortesia, disse: ‘Pai, em Tuas mãos entrego meu espírito’. [...] Depois de morto, seu coração foi arrancado e queimado, os pedaços de seu corpo esquartejado foram colocados nas portas da cidade, e sua cabeça foi exibida em Whitechapel, em um poste em frente à alameda na qual ficava sua casa de oração.”35Manual, etc., p. 21-23.HS 326.2

    Essa era a experiência dos guardadores do sábado ingleses no século 17. O preço pago pela obediência ao quarto mandamento naqueles tempos era muito alto. As leis da Inglaterra naquele período eram muito opressoras para com todos os dissidentes, e eram cumpridas com toda rigidez contra os guardadores do sábado. Mas Deus levantou pessoas capazes, distintas por sua piedade, para defender Sua verdade em meio a esses tempos turbulentos, e, quando necessário, selar seu testemunho com o próprio sangue. No século 17, onze igrejas sabatistas prosperaram na Inglaterra, ao mesmo tempo em que vários guardadores do sábado podiam ser encontrados espalhados por diversas partes do reino. Hoje [segunda metade do século 19], existem apenas três dessas igrejas! E apenas alguns remanescentes ainda permanecem entre elas!HS 326.3

    Qual seria o motivo desse fato tão doloroso? Não é porque seus adversários conseguiram refutar sua doutrina, pois as obras divergentes de ambos os lados ainda existem e falam por si mesmas. Não é porque lhes faltavam pessoas espirituais e instruídas, pois Deus lhes concedeu indivíduos assim, sobretudo no século 17. Também não é porque tivesse surgido fanatismo entre eles, trazendo desgraça a sua causa, uma vez que não há registro nenhum desse tipo. Eles foram cruelmente perseguidos, mas o período de perseguição foi o de maior prosperidade para eles. Assim como a sarça de Moisés, eles permaneceram sem se consumir em meio ao fogo ardente. O declínio da causa do sábado na Inglaterra não se deve a nenhum desses elementos.HS 327.1

    O sábado foi ferido em casa de amigos. Depois de um tempo, os sabatistas ingleses assumiram a responsabilidade de fazer com que o sábado não tivesse qualquer importância prática, e de tratar sua violação como se não fosse uma transgressão muito séria da lei de Deus. Sem dúvida, esperavam ganhar pessoas para Cristo por meio dessa conduta, mas, em vez disso, simplesmente rebaixaram o padrão da verdade divina até o pó. Os ministros guardadores do sábado assumiram o cuidado pastoral de igrejas que guardavam o primeiro dia. Em alguns casos, essa era a única responsabilidade deles, e, em outros, além dessas, também supervisionavam igrejas sabatistas. O resultado não deve surpreender a ninguém. Como esses pastores e essas igrejas guardadoras do sábado diziam a todos, por meio de seu modo de agir, que o quarto mandamento podia ser quebrado com impunidade, as pessoas levaram a sério suas palavras. Crosby, historiador que defende o primeiro dia, coloca o assunto sob uma luz correta:HS 327.2

    “Se o sétimo dia deve ser observado como o sábado cristão, então todas as congregações que guardam o primeiro dia deveriam ser consideradas transgressoras do sábado. [...] Deixarei que esses cavalheiros da oposição lidem com seus próprios pontos de vista e justifiquem a prática de se tornarem pastores de um rebanho que, segundo a consciência e a crença deles, está transgredindo o sábado.36Crosby, Hist. Eng. Bapt., vol. 3, p. 138-139.HS 327.3

    Sem dúvida, tem havido nobres exceções a esse modo de agir. Contudo, a grande maioria dos sabatistas ingleses não tem cumprido com fidelidade, por muitos anos, o elevado encargo que lhes foi confiado.HS 327.4

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents