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Daniel e Apocalipse - Contents
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    Apocalipse 9 — As sete trombetas (continuação)

    VERSÍCULO 1. O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na Terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.DAP 371.1

    Para uma exposição sobre essa trombeta, recorremos mais uma vez aos escritos do Sr. Keith. Repleto de verdade, ele diz:DAP 371.2

    “Dificilmente se encontra um acordo tão uniforme entre os intérpretes acerca de qualquer outra parte do Apocalipse quanto o que diz respeito à aplicação da quinta e sexta trombetas, ou o primeiro e segundo ais, aos árabes e turcos. É tão óbvio que dificilmente poderia ser interpretado incorretamente. Em vez de um ou dois versículos para falar de cada, todo o nono capítulo do Apocalipse, dividido em partes iguais, se ocupa da descrição de ambas.”DAP 371.3

    “O império romano decaiu, assim como surgiu, por meio de conquistas. Mas os árabes e turcos foram os instrumentos usados para que uma falsa religião se tornasse a assolação de uma igreja apóstata. Por isso, em vez de a quinta e a sexta trombetas, como as anteriores, serem designadas apenas por esse nome, são aqui chamadas de ais.”DAP 371.4

    “Constantinopla foi sitiada pela primeira vez, após a extinção do império ocidental, por Cosroes, rei da Pérsia. ‘Vi uma estrela caída do céu na Terra’. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo’. Enquanto o monarca persa contemplava as maravilhas de sua arte e de seu poder, recebeu uma epístola de um cidadão enigmático de Meca, convidando-o a reconhecer Maomé como apóstolo de Deus. Ele rejeitou o convite e rasgou a carta. ‘Dessa maneira’, exclamou o profeta árabe, ‘Deus rasgará o reino e rejeitará a súplica de Cosroes’. Localizado na divisa desses dois impérios do oriente, Maomé observou com alegria secreta o progresso da destruição mútua. E, em meio aos triunfos persas, ele se arriscou a prever que, antes que se passassem muitos anos, a vitória voltaria ao estandarte dos romanos. ‘Na época em que essa predição foi feita, nenhuma profecia poderia estar mais distante de seu cumprimento, já que os doze primeiros anos de Heráclio anunciaram a dissolução iminente do império”.DAP 371.5

    “A estrela não cairia em um só lugar, como aquela que representava Átila, mas, sim, sobre a Terra.”DAP 371.6

    “Cosroes dominou as posses romanas na Ásia e na África. E o ‘império romano’, naquele período, ‘se reduziu aos muros de Constantinopla, com o que restou da Grécia, Itália e África, bem como algumas cidades marítimas, de Tiro a Trebizonda, na costa asiática. A experiência de seis anos finalmente convenceu o monarca persa a renunciar à conquista de Constantinopla e a especificar o tributo anual pelo resgate do império romano: mil talentos de ouro, mil talentos de prata, mil roupas de seda, mil cavalos e mil virgens. Heráclio se submeteu a esses termos infames. Mas o tempo e o espaço que ele obteve ao coletar esses tesouros da pobreza do oriente foram diligentemente empregados no preparo de um ataque ousado e desesperado.”DAP 371.7

    “O rei da Pérsia desprezou o árabe enigmático e zombou da mensagem do suposto profeta de Meca. Nem mesmo a queda do império romano teria aberto as portas para o islamismo, ou para o progresso dos mouros armados e propagadores de um embuste, muito embora o monarca dos persas e o chagan [soberano] dos ávaros (o sucessor de Átila) tivessem dividido entre si o que havia restado do reino dos césares. O próprio Cosroes caiu. As monarquias persa e romana exauriram as forças uma da outra. E antes que o falso profeta empunhasse uma espada, ela foi retirada das mãos daqueles que poderiam ter detido sua trajetória e esmagado seu poder.DAP 372.1

    “Desde os dias de Cipião e Aníbal, não se havia tentado nenhuma iniciativa tão ousada quanto a que Heráclio empreendeu para o livramento do império. Ele explorou trajetos perigosos em meio ao mar Negro e as montanhas da Armênia, penetrou no coração da Pérsia e convocou os exércitos do grande rei para a defesa de seu país ferido.”DAP 372.2

    “Na batalha de Nínive, travada com ímpeto do raiar do dia até a décima primeira hora, conseguiram tomar dos persas 28 estandartes, além daqueles que foram quebrados ou rasgados. A maior parte de seu exército foi despedaçada, e os vitoriosos, ocultando a própria perda, passaram a noite no campo. As cidades e os palácios da Assíria se abriram pela primeira vez aos romanos.”DAP 372.3

    “O imperador romano não foi fortalecido pelas conquistas que empreendeu. Ao mesmo tempo e pelos mesmos expedientes, foi preparado o caminho para a rápida disseminação de uma multidão de mouros da Arábia, os quais, como gafanhotos da mesma região, propagaram sua sombria e enganosa crença muçulmana tanto sobre a Pérsia quanto sobre o império romano.DAP 372.4

    “Não se poderia desejar um esclarecimento mais completo desse fato do que o encontrado nas palavras finais do capítulo de Gibbon, de quem os trechos anteriores foram retirados.” “Embora um exército vitorioso tenha se formado sob o estandarte de Heráclio, o esforço sobre-humano parece ter exaurido, em vez de promovido, sua força. Enquanto o imperador triunfava em Constantinopla ou Jerusalém, uma cidade obscura nos confins da Síria foi saqueada pelos mouros, que despedaçaram algumas tropas que avançaram para defender o local — fato comum e insignificante, caso não houvesse sido o prelúdio de uma poderosa revolução. Esses ladrões eram apóstolos de Maomé. Sua bravura fanática emergira do deserto e, nos oito últimos anos de seu reinado, Heráclio perdeu para os árabes as mesmas províncias que havia reconquistado dos persas”.DAP 372.5

    “‘O espírito de fraude e entusiasmo, cuja morada não é o Céu’, reinou solto na Terra. Só era necessária uma chave para abrir o poço do abismo; e essa chave era a queda de Cosroes. Ele havia rasgado, em desprezo, a carta de um cidadão enigmático de Meca. Mas, do ‘esplendor de glória’, afundou para a ‘torre da escuridão’, na qual nenhum olho era capaz de penetrar. Assim, o nome de Cosroes caiu de repente no esquecimento diante do nome de Maomé. E os mouros só pareciam estar aguardando sua ascensão até que ocorresse a queda da estrela. Cosroes, após ser totalmente derrotado e perder o império, foi assassinado em 628; e o ano 629 é marcado pela ‘conquista da Arábia’, e pela ‘primeira guerra dos muçulmanos contra o império romano’. ‘O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na Terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Ela abriu o poço do abismo’ (Apocalipse 9:1, 2). Ela caiu na Terra. Quando a força do império romano se esgotou e o grande rei do oriente jazia morto em sua torre de escuridão, o saque de uma cidade obscura nas fronteiras da Síria foi ‘o prelúdio de uma poderosa revolução’. ‘Os ladrões eram apóstolos de Maomé e sua bravura fanática emergiu do deserto.’”DAP 372.6

    O poço do abismo. Pode-se compreender o sentido dessa expressão com base no grego ἄβυσσος, definido como “profundo, sem fundo, abismo”, e pode se referir a qualquer lugar ermo, desolado e não cultivado. É usado para designar a Terra em sua condição original de caos (Gênesis 1:2). Nesse caso, pode se referir de maneira apropriada às vastidões desconhecidas do deserto árabe, de cujas fronteiras procederam os bandos de mouros, como enxames de gafanhotos. E a queda de Cosroes, o rei da Pérsia, pode ser representada muito bem pela abertura do poço do abismo, uma vez que preparou o caminho para que os seguidores de Maomé saíssem de seu país obscuro, propagassem suas doutrinas enganosas com fogo e espada e espalhassem sua escuridão através de todo o império oriental.DAP 373.1

    VERSÍCULO 2. Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar.DAP 373.2

    “Assim como o vapor nocivo e até mesmo letal que os ventos, sobretudo do sudoeste, espalham pela Arábia, o islamismo espalhou de lá sua influência pestilenta. Surgiu de repente e se disseminou de forma tão ampla quanto a fumaça que sai do abismo, o vapor da grande fornalha. Esse é um símbolo adequado para a religião de Maomé em sua essência, ou em comparação com a luz pura do evangelho de Jesus. Não era, como o último, uma luz do Céu, mas, sim, fumaça do poço do abismo.”DAP 373.3

    VERSÍCULO 3. Também da fumaça saíram gafanhotos para a Terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da Terra,DAP 373.4

    “Uma falsa religião foi fundada, a qual, embora sendo um instrumento de punição da transgressão e idolatria, encheu o mundo de trevas e engano. E os enxames de mouros, como lagostas se espalharam pela Terra, estendendo rapidamente seus ataques ao império romano, de lese a oeste. A saraiva desceu proveniente das praias geladas do Báltico. A montanha em chamas, oriunda da África, caiu sobre o mar. E os gafanhotos (símbolo apropriado para os árabes) saíram da Arábia, sua região nativa. Chegaram como destruidores, propagando uma nova doutrina, incitados a saques e violência por motivos de interesse e religião.DAP 373.5

    “Uma ilustração ainda mais específica pode ser atribuída ao poder que lhes foi dado, como o de escorpiões. Além de fazerem um ataque cérele e vigoroso, ‘a escrupulosa sensibilidade pela honra, que pesa mais o insulto do que o dano físico, derramou seu veneno letal sobre as disputas dos árabes. Uma ação indecente ou uma palavra de desdém só podem ser expiadas pelo sangue do ofensor. E a paciência deles é tão contumaz que podem esperar meses e anos inteiros por uma oportunidade de vingança.”DAP 373.6

    VERSÍCULO 4. e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da Terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte.DAP 375.1

    Após a morte de Maomé, ele foi sucedido no comando por Abu-Béquer, em 632 d.C. Assim que estabeleceu sua autoridade e governo, enviou uma carta circular às tribos árabes, de onde foi extraído o excerto a seguir:DAP 375.2

    “Ao travar as batalhas do Senhor, portem-se como homens, sem voltar atrás. Mas não permitam que a vitória seja manchada com o sangue de mulheres e crianças. Não destruam palmeiras, nem queimem campos de cereal. Não derrubem árvores frutíferas, nem façam mal ao gado, com exceção dos animais mortos para alimentação. Quando fizerem qualquer aliança ou decreto, permaneçam firmes e sejam tão confiáveis quanto sua palavra. Enquanto prosseguirem, vocês encontrarão algumas pessoas religiosas que vivem isoladas em monastérios e se propuseram a servir a Deus dessa maneira. Deixem-nas em paz, não as matem, nem destruam seus monastérios. E encontrarão outro tipo de gente que pertence à sinagoga de Satanás, com a coroa da cabeça raspada. Certifiquem-se de lhes rachar o crânio e não lhes deem trégua até se tornarem muçulmanos ou pagarem tributo.”DAP 375.3

    “Nem a profecia nem a história dizem se as ordens mais humanas foram obedecidas com o mesmo rigor dos mandados atrozes. Mas essa foi a instrução que receberam. As instruções anteriores são as únicas de Abu-Béquer que Gibbon registra, as quais foram dadas para os chefes cuja função era dar ordens para todas as hostes de mouros. As ordens são condizentes com a predição, como se o próprio califa estivesse agindo em obediência direta a uma ordem superior à de homens mortais. No próprio ato de prosseguir na guerra contra a religião de Jesus e na propagação do islamismo em seu lugar, ele repetiu as palavras que o Apocalipse, ou a Revelação de Jesus Cristo, predisse que ele falaria.”DAP 375.4

    O selo de Deus sobre a fronte. Nos comentários sobre Apocalipse 7:1-3, demonstramos que o selo de Deus é o sábado do quarto mandamento. E a história não fica em silêncio quanto ao fato de ter havido guardadores do sábado verdadeiro em todo o período da dispensação presente. Mas a pergunta que muitos levantam é: quem são esses homens, nesse período, que tinham o selo de Deus sobre a fronte e, por isso, ficaram isentos da opressão muçulmana? O leitor deve manter em mente o fato, já mencionado, de que sempre houve, ao longo da dispensação cristã, pessoas que tiveram o selo de Deus sobre a fronte, ou seja, que foram observadoras inteligentes do verdadeiro sábado. Além disso, deve levar em conta que a profecia afirma que os ataques desse poder turco desolador não são dirigidos contra eles, mas, sim, contra outra classe. Assim o assunto fica livre de toda e qualquer dificuldade, pois isso é tudo o que a profecia realmente diz. O texto só coloca em destaque direto um grupo de pessoas, a saber, aqueles que não têm o selo de Deus sobre a fronte; e a preservação daqueles que têm o selo de Deus só pode ser considerada por inferência. Em conformidade com isso, a história não nos informa que qualquer um deles tenha sido vítima das calamidades que os mouros infligiram sobre os alvos de seu ódio. Eles combatiam outra categoria de pessoas. E a destruição que sobreviria a esta não é colocada em contraste com a preservação de outros indivíduos, mas somente com a das frutas e ervas da Terra. Desse modo, não deveriam causar dano à erva da Terra, nem a qualquer coisa verde, mas somente a determinada classe de seres humanos. Em cumprimento a essa predição, encontramos o estranho espetáculo de um exército de invasores poupando coisas que os soldados costumam destruir, a saber, o aspecto e os produtos da natureza; e, pondo em prática a permissão de machucar aqueles que não tinham o selo de Deus sobre a fronte, quebraram o crânio de um grupo de religiosos com a coroa da cabeça raspada, os quais pertenciam à sinagoga de Satanás.DAP 375.5

    Sem dúvida, era alguma classe de monges ou qualquer outra divisão da Igreja Católica Romana. Foi contra eles que os braços dos muçulmanos se dirigiram. E parece-nos haver aqui uma adequação, se não um desígnio peculiar em descrevê-los como aqueles que não tinham o selo de Deus sobre a fronte, uma vez que essa foi justamente a igreja que destituiu a lei de Deus de seu selo, eliminando o sábado verdadeiro ao colocar uma contrafação em seu lugar. E não nos é possível saber, nem pela profecia, nem pela história, se as pessoas que foram poupadas pelos seguidores de Abu-Béquer possuíam o selo de Deus, ou se constituíam o povo de Deus. O testemunho escasso de Gibbon não nos informa quem eram e por que foram poupadas. Não temos outra maneira de saber. Mas temos, sim, todas as razões para crer que nenhum daqueles que tinha o selo de Deus foi molestado, ao passo que outro grupo, o qual enfaticamente não o possuía, foi morto pela espada. Dessa maneira, os detalhes da profecia se cumprem em todos os aspectos.DAP 376.1

    VERSÍCULO 5. Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém.DAP 376.2

    “Suas incursões constantes no território romano e ataques frequentes à própria Constantinopla consistiram em um tormento incessante através do império. Todavia, não conseguiram conquistá-lo efetivamente, apesar do longo período, abordado mais diretamente em uma ocasião posterior, em que prosseguiram, por meio de investidas infatigáveis, a afligir de forma dolorosa a igreja idólatra, cujo cabeça era o papa. Sua incumbência era atormentar e depois ferir, mas não matar ou destruir por completo. O surpreendente é que isso foi de fato o que aconteceu” (sobre os cinco meses, ver o comentário sobre o versículo 10).DAP 376.3

    VERSÍCULO 6. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.DAP 376.4

    “As pessoas estavam cansadas de viver, quando a vida era poupada apenas para uma renovação de ais, quando tudo aquilo que consideravam sagrado era violado e tudo aquilo pelo qual mais prezavam se encontrava constantemente em perigo, numa época em que mouros brutais dominavam sobre elas ou lhes davam apenas um repouso momentâneo, sempre susceptível a interrupções súbitas ou violentas, como a picada de um escorpião.”DAP 377.1

    VERSÍCULO 7. O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem;DAP 377.2

    “O cavalo árabe é o melhor do mundo inteiro. E a habilidade na cavalaria é a arte e ciência da Arábia. E os árabes barbados, ágeis como gafanhotos, armados como escorpiões e prontos para partir voando a qualquer momento, sempre estavam preparados para a batalha.”DAP 377.3

    “‘Na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro’. Quando Maomé chegou a Medina (622 d.C.), para ser recebido ali como príncipe pela primeira vez, ‘um turbante foi desenrolado à sua frente para suprir a falta de um estandarte’. Os turbantes dos mouros, como pequena coroa, eram seu ornamento e orgulho. Os ricos objetos provenientes dos saques os supriam com abundância e frequência. Assumir o turbante corresponde proverbialmente a se tornar muçulmano. E os árabes se distinguiam, desde os tempos antigos, pelas mitras que usavam.”DAP 377.4

    “‘E o seu rosto era como rosto de homem’. ‘A seriedade e a firmeza da mente do árabe é visível em seu aspecto exterior. Seu único gesto é o de acariciar a barba, um venerável símbolo de masculinidade’. ‘A honra de suas barbas é facilmente ferida.’”DAP 377.5

    VERSÍCULO 8. tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão;DAP 377.6

    Os cabelos longos são estimados como ornamento pelas mulheres. Os árabes, diferentemente de outros homens, usavam o cabelo comprido como o das mulheres, ou sem cortar, prática registrada por Plínio e outros. Mas não havia nada de efeminado em seu caráter. Pois, denotando sua ferocidade e força ao devorar, seus dentes eram semelhantes aos do leão.DAP 377.7

    VERSÍCULO 9. tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja;DAP 377.8

    A couraça. “A couraça (ou peitoral) era usada pelos árabes na época de Maomé. Na batalha de Ohud (a segunda que Maomé travou) contra o Quraysh de Meca (624 d.C.), ‘setecentos deles estavam armados com couraças’”.DAP 377.9

    O barulho de suas asas.DAP 377.10

    “A força dos árabes não era, como a dos gregos e romanos, os esforços de uma infantaria firme e compacta; em vez disso, sua força militar era formada principalmente por cavaleiros e arqueiros. Com um toque de mãos, os cavalos árabes saíam a toda velocidade com a agilidade do vento. ‘O barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja’. As conquistas dos árabes eram extraordinárias tanto em rapidez quando em extensão, e seus ataques, instantâneos; e foram igualmente bem-sucedidos contra os romanos e persas.”DAP 377.11

    VERSÍCULO 10. tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses; 11. e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.DAP 379.1

    Até aqui, Keith nos apresentou esclarecimentos sobre o toque das cinco primeiras trombetas. Mas precisamos deixá-lo agora e prosseguir para a aplicação da nova característica da profecia aqui introduzida, a saber, os períodos proféticos.DAP 379.2

    Tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses. 1. Surge a pergunta: em quais homens eles causariam dano por cinco meses? Sem dúvidas, os mesmos que depois deveriam matar (cf. o versículo 15); “a terça parte dos homens” ou a terça parte do império romano — sua divisão grega.DAP 379.3

    2. Quando eles começariam sua obra de tormento? O versículo 11 responde à pergunta.DAP 379.4

    1) “E tinham sobre eles, como seu rei”. Desde a morte de Maomé até perto do fim do século 13, os muçulmanos se dividiram em diversas facções, com vários líderes, sem um governo civil geral que se estendesse sobre todos eles. Perto do fim do 13º século, Otman fundou um governo que se conhece desde então como o império otomano, o qual abrangeu todas as principais tribos muçulmanas, consolidando-as em uma grande monarquia.DAP 379.5

    2) O caráter do rei. “O anjo do abismo”. Anjo significa mensageiro, ou ministro, seja isso bom ou ruim, e nem sempre se refere a um ser espiritual. “O anjo do abismo”, ou ministro chefe religioso que existiu desde o surgimento do islamismo. Nessa religião, o sultão é o principal ministro. “O sultão, ou grande senhor, conforme é indistintamente chamado, também é denominado califa supremo, ou sumo sacerdote, unindo em sua pessoa a mais elevada dignidade espiritual com a autoridade secular suprema” (World as It Is [O Mundo Como Ele É], p. 361).DAP 379.6

    3) Seu nome. Em hebraico, “Abadom”, o destruidor; em grego, “Apoliom”, aquele que extermina ou destrói. Tendo dois nomes diferentes em dois idiomas, fica evidente que a intenção é representar o caráter, não o nome do poder. Se esse é o caso, conforme expresso nas duas línguas, ele é um destruidor. Esse sempre foi o caráter do governo otomano.DAP 379.7

    Mas quando Otman fez o primeiro ataque ao império grego? De acordo com Gibbon, em sua obra History of the Decline and Fall of Rome [História do Declínio e da Queda de Roma], “Otman entrou pela primeira vez no território da Nicomédia no dia 27 de julho de 1299”.DAP 379.8

    Os cálculos de alguns escritores lançaram mão do pressuposto de que o período deveria começar com a fundação do império otomano; mas trata-se de um evidente erro, pois tal império não teria apenas um rei sobre eles, mas deveria atormentar os homens por cinco meses. No entanto, o período de tormento não podia começar antes do primeiro ataque dos atormentadores, o qual ocorreu, conforme declarado acima, em 27 de julho de 1299.DAP 379.9

    O cálculo que se segue, embasado nesse ponto de partida, foi feito e publicado em uma obra chamada Christ’s Second Coming, etc. [A Segunda Vinda de Cristo, etc.], de Josiah Litch, em 1838.DAP 380.1

    “Tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses”. Por esse período se estendeu sua incumbência de atormentar por meio de depredações constantes, mas não de matá-los politicamente. “Cinco meses”, trinta dias para cada mês, nos dão o total de 150 dias. E sendo eles simbólicos, significam 150 anos. A partir de 27 de julho de 1299, esses 150 anos chegam até 1449. Durante todo esse período, os turcos se engajaram em guerras perpétuas contra o império grego, mas sem conquistá-lo. Eles tomaram para si várias províncias gregas, mas a independência da Grécia ainda era mantida em Constantinopla. Em 1449, porém, ao fim dos 150 anos, ocorreu uma mudança, cuja história será descoberta durante a próxima trombeta.DAP 380.2

    VERSÍCULO 12. O primeiro ai passou. Eis que, depois destas coisas, vêm ainda dois ais. 13. O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, 14. dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. 15. E foram soltos os quatro anjos que se achavam preparados por uma hora, e um dia, e um mês, e um ano, a fim de matarem a terça parte dos homens (KJV).DAP 380.3

    O primeiro ai deveria continuar desde a ascensão do islamismo até o fim dos cinco meses. Então cessaria o primeiro ai e o segundo começaria. No momento em que o sexto anjo tocou a trombeta, soou a ordem de se acabarem as restrições impostas sobre a nação, segundo as quais eles se limitariam à tarefa de atormentar os homens. A partir de então, sua incumbência foi ampliada e receberam a permissão de matar a terça parte dos homens. Tal ordem veio dos quatro ângulos do altar de ouro.DAP 380.4

    Os quatro anjos. Eram os quatro principais sultões que formavam o império otomano, localizado na região banhada pelo grande rio Eufrates. Esses sultanatos se situavam em Alepo, Icônio, Damasco e Bagdá. Até então eles haviam sido restringidos; mas Deus ordenou e foram liberados.DAP 380.5

    No ano de 1449, João Paleólogo, imperador da Grécia, morreu sem deixar filhos para herdar o trono. Então, seu irmão Constantino lhe sucedeu.15Alguns historiadores consideram que essa data seja 1448, mas as melhores autoridades defendem a data apresentada, 1449. Ver Chambers, Encyclopedia, verbete Palaeologus. Mas ele não se aventuraria a assumir o trono sem o consentimento de Murad, sultão da Turquia. Por isso, enviou embaixadores para pedir o consentimento deste e o obteve antes de ter a presunção de se denominar soberano.DAP 380.6

    Examinemos com cuidado esse fato histórico em conexão com a predição apresentada acima. Não foi um ataque violento feito aos gregos que subjugou seu império e tirou sua independência, mas simplesmente uma rendição voluntária dessa independência nas mãos dos turcos. A autoridade e a supremacia do poder turco foi reconhecida quando Constantino disse, basicamente, o seguinte: “Só posso reinar se o senhor permitir”.DAP 380.7

    Os quatro anjos foram soltos por “uma hora, e um dia, e um mês, e um ano, a fim de matarem a terça parte dos homens” (Apocalipse 9:15, KJV). Esse período totaliza 391 anos e 15 dias, durante os quais haveria supremacia otomana em Constantinopla. Assim: um ano profético corresponde a 360 dias proféticos, ou 360 anos literais; um mês profético corresponde a 30 dias proféticas, ou seja, 30 anos literais; um dia profético equivale a um ano literal; e uma hora, ou a 24ª parte de um dia profético, seria a 24ª parte de um ano literal, ou 15 dias; o total corresponde a 391 anos e 15 dias.DAP 381.1

    Mas embora os quatro anjos tenham sido liberados pela submissão voluntária dos gregos, outra tragédia aguardava o trono do império. Murad, o sultão que aceitou a submissão de Constantino XIII e permitiu que ele reinasse em Constantinopla, morreu logo depois, e quem lhe sucedeu no império foi Maomé II, em 1451, que se determinou a garantir que Constantinopla fosse a sede de seus domínios.DAP 381.2

    Por isso, preparou-se para sitiar e tomar a cidade. O cerco começou em 6 de abril de 1453 e terminou com a captura da cidade e a morte do último dos Constantinos, no dia 16 de maio do ano seguinte. Assim, a cidade oriental dos césares se transformou na sede do império otomano.DAP 381.3

    As armas e as estratégias de guerra usadas no cerco de Constantinopla, cujo resultado foi a conquista e a dominação da cidade, foram distintamente destacadas e expostas por João, o revelador.DAP 381.4

    VERSÍCULO 16. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões; e ouvi o número deles (ARC).DAP 381.5

    Incontáveis hostes de cavalos e daqueles que neles montavam! Assim Gibbon descreve a primeira invasão dos territórios romanos pelos turcos: “Miríades de cavalos turcos se espalharam por uma fronteira de quase mil quilômetros, de Taurus a Erzurum. E o sangue de 130 mil cristãos foi um agradável sacrifício ao profeta árabe”. Se a linguagem usada no Apocalipse tem o objetivo de comunicar a ideia de um número específico ou não, cabe ao leitor julgar. Alguns supõem que a referência é a duas vezes 200 mil e, seguindo alguns historiadores, descobrem que esse foi o número de guerreiros turcos presentes no cerco de Constantinopla. Alguns acham que o número 200 milhões corresponde a todos os guerreiros turcos durante os 391 anos e 15 dias de seu triunfo sobre os gregos. Nada se pode afirmar com certeza a esse respeito. E não é, em nada, essencial.DAP 381.6

    VERSÍCULO 17. Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre.DAP 381.7

    A primeira parte dessa descrição pode se referir à aparência desses cavaleiros. O fogo, ao representar uma cor, simboliza vermelho, sendo frequente a expressão “vermelho como fogo”; jacinto simboliza o azul; e enxofre, o amarelo. Essas eram cores muito predominantes na vestimenta desses guerreiros. Por isso, de acordo com esse ponto de vista, a descrição seria precisa para aludir ao uniforme turco, composto, em sua maior parte, pelas cores vermelho ou escarlate, azul e amarelo. A cabeça dos cavalos tinha a aparência de cabeças de leões, a fim de denotar sua força, coragem e ferocidade. Já a última parte do versículo faz referência, sem dúvida, ao uso de pólvora e armas de fogo para fins bélicos, instrumentos que haviam sido introduzidos pouco tempo antes. Enquanto os turcos disparavam suas armas de fogo montados a cavalo, para aquele que contemplava a cena à distância, parecia que o fogo, a fumaça e o enxofre estavam saindo da boca do animal, conforme mostra a ilustração.16Há quase que unanimidade entre os comentaristas ao aplicar a profecia acerca do fogo, da fumaça e do enxofre ao uso da pólvora pelos turcos na guerra contra o império oriental (ver Clarke, Barnes, Elliott, Cottage Bible, etc.). Em geral, porém, eles aludem simplesmente ao armamento pesado, ou grandes canhões, de que esse poder lançou mão. No entanto, a profecia menciona os “cavalos” de modo especial e o fogo que “de sua boca saía”, indicando que eram usadas armas menores a cavalo. Barnes acredita que esse era o caso; e uma declaração de Gibbon confirma o ponto de vista. Ele conta (vol. 4, p. 343): “as salvas de lanças e flechas eram acompanhadas pela fumaça, pelo barulho e fogo de mosquetes e canhões”. Temos aqui boas evidências históricas de que os turcos usavam mosquetes; além disso, é indiscutível que sua estratégia geral de combate era travada principalmente a cavalo. Portanto, há forte apoio para a inferência de que eles usavam armas de fogo a cavalo, cumprindo com precisão a profecia, de acordo com a ilustração mencionada acima.DAP 381.8

    No que diz respeito ao uso de armas de fogo pelos turcos em sua campanha contra Constantinopla, Elliott (Horae Apocalypticae, vol. 1, p. 482-484) afirma o seguinte:DAP 382.1

    “A morte da terça parte dos homens, isto é, a captura de Constantinopla e, por consequência, a destruição do império grego, se deve ao “fogo, fumaça e enxofre”, isto é, à artilharia e às armas de fogo de Maomé. Mais de mil e cem anos haviam se passado desde a fundação da cidade por Constantino. No decorrer desse período, godos, hunos, ávaros, persas, búlgaros, mouros, russos e os próprios turcos otomanos fizeram ataques hostis ou sitiaram a cidade. Mas as fortificações eram invencíveis diante deles. Constantinopla sobreviveu e, com ela, o império grego. Daí a ansiedade do sultão Maomé para descobrir o que poderia remover o obstáculo. Esta foi sua pergunta ao fundador do canhão, que desertou para o lado dele: “Não podes construir um canhão de tamanho suficiente para derrubar os muros de Constantinopla?” Então a oficina de fundição foi montada em Adrianópolis, o canhão foi montado, a artilharia preparada e o cerco começou.”DAP 382.2

    “É válido destacar como Gibbon, sempre comentando a profecia apocalíptica de modo inconsciente, coloca esses novos instrumentos de guerra no primeiro plano de seu retrato, em sua narrativa marcante e eloquente da catástrofe final do império grego. Ao se preparar para o relato, ele apresenta a história da recente invenção da pólvora, ‘aquela mistura de salitre, enxofre e carvão’. Conta como ela fora usada anteriormente pelo sultão Murad e cita também, conforme já mencionado, a oficina de Maomé para o grande canhão em Adrianópolis. Então, no decorrer do cerco em si, ele descreve como ‘as salvas de lanças e flechas eram acompanhadas pela fumaça, pelo barulho e fogo de mosquetes e canhões’. Relata como ‘a longa ordem da artilharia turca apontava para os muros, com 14 baterias disparando juntas contra os lugares mais acessíveis; como ‘as fortificações que haviam resistido por eras à violência hostil foram desmanteladas por todos os lados pelo canhão otomano. Muitas brechas se abriram e, próximo à porta de São Romano, quatro torres foram ao chão’; como, à medida que “das fileiras, navios e pontes, a artilharia otomana disparava por todos os lados, o acampamento e a cidade, os gregos e os turcos se encontravam envoltos por uma nuvem de fumaça, que só se dissiparia pelo livramento ou pela destruição final do império romano’; como “os muros duplos foram reduzidos, pelo canhão, a uma pilha de ruínas’; e como, por fim, mediante a investida dos turcos ‘através das brechas’, Constantinopla foi subjugada, seu império dominado e sua religião pisoteada pelos conquistadores muçulmanos’. Digo que é digno de nota como Gibbon atribui, de forma tão marcante e forte, a captura da cidade e, por consequência, a destruição do império, à artilharia otomana. O que seria isso, senão um comentário sobre as palavras de nossa profecia? ‘. ‘Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens.’”DAP 382.3

    VERSÍCULO 18. Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; 19. pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.DAP 383.1

    Esses versículos expressam o efeito mortal do novo modo de guerra introduzido. Foi por meio desses agentes — pólvora, armas de fogo e canhão — que Constantinopla foi finalmente dominada e entregue nas mãos dos turcos.DAP 383.2

    Além do fogo, da fumaça e do enxofre que pareciam sair da boca dos cavalos, afirma-se que seu poder também se encontrava na cauda. É importante destacar que a cauda do cavalo é um estandarte turco bem conhecido, símbolo de posição e autoridade. O significado da expressão parece ser que suas caudas eram o símbolo ou emblema de sua autoridade. A imagem diante da mente de João parece ter sido a de cavalos arrotando fogo e fumaça. E tão estranho quanto isso, ele viu que seu poder de espalhar desolação estava ligado à cauda dos cavalos. Qualquer um que olhasse uma cavalaria com tais estandartes ou insígnias ficaria pasmo com sua aparência incomum ou surpreendente, dizendo que os estandartes concentravam e dirigiam seu poder.DAP 383.3

    Essa supremacia dos muçulmanos sobre os gregos deveria continuar, conforme já observado, por 391 anos e 15 dias. Começando com o fim dos 150 anos, 27 de julho de 1449, o período encerraria em 11 de agosto de 1840. Tomando como base o modo de início da supremacia otomana, por reconhecimento voluntário da parte do império grego de que ele só reinava por permissão do sultão grego, podemos concluir naturalmente que a queda ou o término da independência otomana ocorreria da mesma maneira; que ao fim do período especificado, isto é, dia 11 de agosto de 1840, o sultão voluntariamente entregaria sua independência nas mãos de poderes cristãos, assim como o havia recebido das mãos do imperador cristão Constantino XIII 391 anos e 15 dias antes.DAP 383.4

    Josiah Litch chegou a essa conclusão e fez tal aplicação da profecia em 1838, dois anos antes do cumprimento do evento predito. Na época, era apenas uma questão de cálculo dos períodos proféticos das Escrituras. Agora, porém, que o tempo passou, torna-se apropriado indagar qual foi o resultado. Tais eventos aconteceram de acordo com o cálculo prévio? O assunto se resume por meio da seguinte pergunta:DAP 383.5

    Quando terminou a independência muçulmana em Constantinopla? Ao longo de vários anos antes de 1840, o sultão se envolvera em guerra contra Maomé Ali, paxá do Egito. Em 1838, a disputa entre o sultão e seu vassalo egípcio foi restringida por influência de embaixadores estrangeiros. No entanto, em 1839, as hostilidades começaram novamente e prosseguiram até que, em uma batalha geral entre os exércitos do sultão e de Maomé, o exército do sultão foi completamente esfacelado e destruído. Maomé pegou a frota do sultão e a levou para o Egito. A frota do sultão se encontrava tão reduzida que, quando a guerra recomeçou em agosto, ele só contava com dois navios de guerra de primeira linha e três fragatas, que formavam os tristes resquícios da frota turca, tão poderosa no passado. Maomé se recusou terminantemente a abrir mão da frota turca e devolvê-la ao sultão. Declarou que, se as autoridades tentassem retirá-la dele, faria questão de queimá-la. Essa era a situação quando, em 1840, Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia intervieram e determinaram uma solução para a dificuldade — pois ficou evidente que, se deixado por si só, Maomé logo se tornaria senhor do trono do sultão.DAP 384.1

    O sultão aceitou essa intervenção das grandes potências, fazendo assim uma rendição voluntária da questão nas mãos deles. Foi realizada uma reunião entre esses poderes em Londres, na qual o sheik Effendi Bey Likgis se fez presente como plenipotenciário otomano. Elaboraram um ultimato a ser apresentado ao paxá do Egito, cujos termos definiam que o sultão lhe ofereceria o governo hereditário do Egito e toda a parte da Síria que se estendia desde o golfo de Suez até o lago Tiberíades, junto com a província de Acre, em caráter vitalício. Ele, por sua vez, deveria evacuar todas as outras partes dos domínios do sultão que se encontravam ocupadas por suas forças e devolver a frota otomana. Caso recusasse essa oferta do sultão, os quatro poderes assumiriam o problema nas próprias mãos e usariam outros meios que julgassem adequados para colocá-lo em conformidade com as condições.DAP 384.2

    Fica claro que, assim que o sultão colocasse esse ultimato nas mãos de Maomé Ali, o problema sairia para sempre do controle do primeiro e a solução do assunto passaria, a partir de então, para as mãos de poderes estrangeiros. O sultão mandou Rifat Bey em um navio a vapor do governo para Alexandria, a fim de comunicar o ultimato ao paxá. O documento foi recebido por ele no dia 11 de agosto de 1840! Nesse mesmo dia, o sultão enviou um bilhete aos embaixadores das quatro potências, indagando que plano seria adotado caso o paxá se recusasse a cumprir os termos do ultimato. Estes responderam que as providências já haviam sido tomadas e não havia necessidade de se alarmar quanto a qualquer obstáculo que pudesse surgir. Nesse dia terminou o período de 391 anos e 15 dias, atribuído para a continuação do poder otomano. E o que aconteceu com a independência do sultão? ACABOU! Quem ficou com a supremacia do império otomano nas mãos? As quatro grandes potências. E tal império só tem existido desde então por causa da tolerância desses poderes cristãos. Assim cada detalhe da profecia se cumpriu.DAP 384.3

    Desde a primeira publicação do cálculo dessa questão em 1838, já mencionado, milhares ficaram atentos ao tempo estabelecido para o cumprimento da profecia — 11 de agosto de 1840. E o cumprimento exato do acontecimento predito mostrou a aplicação correta da profecia, dando um ímpeto poderoso ao grande movimento adventista que, na época, começava a atrair a atenção do mundo.DAP 385.1

    VERSÍCULO 20. Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; 21. nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.DAP 385.2

    O propósito de Deus é que os seres humanos tomem nota de seus juízos e aprendam as lições que Ele deseja transmitir por meio deles. Mas como eles demoram a aprender! E como são cegos aos indícios da providência! Os acontecimentos que transcorreram durante a sexta trombeta consistiram no segundo ai. Todavia, tais julgamentos não levaram a nenhuma melhora no comportamento e na moral das pessoas. Aqueles que escaparam não aprenderam nada da manifestação de tais calamidades na Terra. A adoração de demônios (demônios, homens mortos deificados) e de ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau pode se cumprir na adoração aos santos e a imagens da Igreja Católica Romana. Ao mesmo tempo, assassínios, feitiçarias (milagres falsos operados pela atuação de santos mortos), prostituição e furtos não faltam nos países onde a religião romana prevaleceu.DAP 385.3

    As hostes de mouros e turcos foram deixadas livres como flagelo e castigo sobre a cristandade apóstata. As pessoas sofreram a punição, mas não aprenderam nenhuma lição com ela.DAP 385.4

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