Capítulo 32 – A Festa dos Tabernáculos
A Festa de Tabernáculos era a última festa no conjunto das cerimônias anuais, e tipificava a consumação final de todo o plano de redenção. Começava no décimo quinto dia do sétimo mês, quando todas as colheitas haviam sido recolhidas do campo, da vinha e dos olivais. À medida que o tempo se aproximava, de todas as partes da Palestina, grupos de judeus devotos podiam ser vistos a caminho de Jerusalém. E não só da Terra Santa, mas crentes judeus de todos os países vizinhos subiam a Jerusalém para participar da Festa dos Tabernáculos. O Senhor exigia que todos os homens participassem desta festa, mas muitas das mulheres e crianças também participavam.CSS 218.1
Era um momento de grande alegria. Todos deveriam trazer uma oferta de gratidão ao Senhor. Ofertas queimadas, ofertas de manjares e libações eram apresentadas nesse tempo. A festa dos Tabernáculos começava cinco dias após o dia da expiação, e todo o Israel regozijava-se por serem aceitos por Deus, e também pelo fruto das abundantes colheitas.CSS 218.2
A festa continuava por sete dias, sendo que o primeiro e o oitavo dia eram observados como sábados cerimoniais.CSS 218.3
Esta festa era comemorativa e típica. Comemorava suas peregrinações pelo deserto; e em memória de suas casas de tenda, todo o Israel habitava em cabanas durante os sete dias. Nas ruas, nos telhados, nos quintais, e nos pátios da casa de Deus, as cabanas eram feitas de “frutos de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras”. Era um período de alegria, e todos deviam compartilhar a festa com os levitas, os pobres e os estranhos.CSS 218.4
Cada sétimo ano “a solenidade do ano da remissão” ocorria durante a Festa dos Tabernáculos, quando os devedores eram liberados de suas obrigações. Nesse tempo, toda a lei levítica era lida aos ouvidos de todos; homens, mulheres e crianças; e até os estranhos dentro de seus portões, eram obrigados a ouvir a leitura da lei.CSS 219.1
O primeiro ano novo começou no outono, pois na criação, o tempo começou com árvores frutíferas carregadas de frutas todas prontas para fornecer comida ao homem. A Festa dos Tabernáculos, ou da colheita, como também era chamada, acontecia no “final do ano”, ou a “revolução do ano”. O ano civil do calendário judaico sempre terminava no outono, mas o ano sagrado começava na primavera; assim, a Festa dos Tabernáculos era realizada no sétimo mês do ano sagrado.CSS 219.2
Algumas cenas bíblicas muito interessantes estão relacionadas com esta festa. O templo de Salomão foi dedicado na Festa dos Tabernáculos. Quando Israel voltou do cativeiro babilônico, esta foi a primeira festa celebrada depois que o muro de Jerusalém fora restaurado, e era um tempo de grande alegria.CSS 219.3
Nesse tempo, os filhos de Israel não só comemoravam a sua vida em tendas por habitar em cabanas, mas o templo era especialmente iluminado em memória da coluna de fogo que os guiava em suas peregrinações; e no último dia da festa um belo serviço, a cerimônia que coroava o “último dia, o grande dia da festa”, celebrava a milagrosa provisão de água no deserto. O sacerdote tirava das correntes do Cedron um vaso e, sustentando-o ao alto, enquanto marchava ao som da música e cantava porções do salmo cento e vinte e dois, entrava no pátio do templo. Junto ao altar havia duas bacias de prata, e enquanto o sacerdote despejava a água em uma bacia, outro sacerdote despejava um jarro de vinho na outra bacia; e o vinho e a água, misturados, fluíam por um tubo de volta ao Cedron.CSS 219.4
Muitos incidentes na vida de Cristo se agrupam em torno da última Festa dos Tabernáculos que Ele participou. Foi no dia deste cerimonial que Ele Se pôs em pé no pátio do templo e clamou: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba”. Foi Cristo quem os guiou pela coluna da nuvem; Ele que tirou a água da rocha. “Bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”. Ele, o grande doador de vida, estava entre eles; ainda assim, enquanto celebravam o poder Dele de saciar a sua sede, estavam prontos para matá-Lo.CSS 221.1
Enquanto esta festa comemorava a jornada de Israel no deserto, também comemorava a libertação da servidão egípcia. Bom seria se todo aquele que, tendo sido liberto da escuridão do pecado, celebrasse ocasionalmente a sua libertação ao reconhecer a direção do Senhor na jornada de sua vida e agradecer-Lhe pelas muitas bênçãos recebidas.CSS 221.2
A Festa dos Tabernáculos acontecia depois do dia da expiação, que encontra o seu antítipo no juízo; portanto, deve tipificar um evento que vem após o encerramento do juízo. Quando Cristo sai do santuário celestial, pouco tempo se passa até que venha à Terra para reunir Seu povo. Então Ele os levará para o Céu, onde verão a glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse.CSS 221.3
Por mil anos, os santos reinarão com Cristo no Céu antes de retornarem ao seu lar eterno, esta Terra, livre de todas as maldições. A Nova Jerusalém, com seus portais de pérola e ruas de ouro, será a metrópole da gloriosa morada dos remidos. As belezas da Nova Terra são tais que os remidos no Céu, rodeados pelas glórias do trono do Eterno, aguardarão com alegre expectativa o tempo em que “reinarão sobre a Terra”.CSS 221.4
Ao percorrer esse deserto de pecado e tristeza, é nosso bendito privilégio, pela fé, acompanhar os passos do nosso Sumo Sacerdote, e estar prontos para receber com alegria o Seu aparecimento quando vier para levar Seus fiéis para estar com Ele por um tempo nas cortes celestiais, antes de partilharem da eterna bem-aventurança na Terra renovada. Cada festividade, bem como todas as ofertas e serviços, das cerimônias levíticas, apontavam para a maravilhoso lar dos remidos. Cada uma delas é uma placa de sinalização no grande caminho da vida, apontando para o lar celestial.CSS 222.1
Os judeus falharam em ler essas placas indicativas, e hoje estão vagando pela terra sem a luz do bendito Messias e sem a cruz do Calvário brilhando sobre seu caminho. Permitamo-nos ser advertidos por seu fracasso, para não cometer o mesmo erro fatal falhando em não discernir a luz ainda refletida pelos tipos e símbolos, pois todos são iluminados pela luz da cruz. Cada um revela alguma característica especial do maravilhoso caráter de nosso Redentor.CSS 222.2
A totalidade do sistema judaico era o evangelho. Verdade, estava velado em tipos e símbolos, mas a luz do Calvário ilumina toda a organização judaica; e aquele que o estudar à luz da cruz, alcançará tal intimidade com aquele que é o Antítipo de todas as cerimônias, que, pela contemplação, serão transformados à Sua imagem, de glória em glória.CSS 222.3
O cerimonial típico brilha mais poderosamente quando colocado ao lado do Antítipo. Um estudo de qualquer parte do sistema levítico aponta para alguma característica da vida de Cristo; enquanto que um estudo de todo o sistema judaico revela mais aproximadamente a plenitude de Seu caráter do que qualquer outra parte das Escrituras. Toda a Bíblia está cheia deles. Cada um dos escritores da Bíblia refere-se ao serviço levítico para ilustrar a verdade divina; e a pessoa que está familiarizada com todo o serviço do santuário, não só recebe uma bênção do estudo, mas também entende mais plenamente outras porções do livro sagrado, pois as diferentes festas e sacrifícios são constantemente citados em toda a Bíblia.CSS 222.4
Tipo – Levítico 23:27, 34. A Festa dos Tabernáculos vinha apenas alguns dias após o dia a expiação. Antítipo – Apocalipse 22:11, 12. Logo após o decreto que encerra o juízo, Cristo vem buscar Seu povo.
Tipo – Levítico 23:40-42. O povo habitava em cabanas, viviam a vida em acampamento. Antítipo – Apocalipse 20:9. A morada dos remidos antes da Terra ser renovada é chamado de “acampamento dos santos”.
Tipo – Levítico 23:42. Todos os que nasciam israelitas podiam participar da Festa dos Tabernáculos. Antítipo – João 3:5. É o “novo nascimento” que dá direito a uma pessoa a fazer parte do “acampamento dos santos”.