Capítulo 8 – Cristo, Nosso Sumo Sacerdote
O Salvador tem muitos títulos, pois “herdou mais excelente nome” do que todas as hostes angélicas do Céu. Dos muitos títulos que Lhe são atribuídos, nenhum é mais amado pela humanidade do que o “Cordeiro de Deus” e “Sumo Sacerdote”. Mediante esses dois ofícios, Ele ergue a pobre humanidade caída, de forma que os seres humanos podem participar de Seu glorioso Reino de graça, mesmo vivendo nesta Terra amaldiçoada com o pecado.CSS 63.1
No serviço típico, aquele que percebia que era pecador, deveria trazer um cordeiro como oferta pelo pecado. O sacerdote não podia ministrar em seu favor sem essa oferta. Todo esse cerimonial era somente uma grande lição de jardim da infância, tornando o caminho da salvação tão simples que ninguém poderia deixar de compreendê-lo. Quando entendemos que pecamos, nos lembramos do nosso “Cordeiro”, confessamos nossos pecados, e em Seu nome eles são perdoados; então Ele ministra como Sumo Sacerdote em nosso favor perante o Pai. Ele alega os méritos de Seu sangue, e cobre a nossa vida, manchada de pecado, com o manto da Sua imaculada justiça, e comparecemos perante o Pai “aceitos no Amado”. Como podemos deixar de amar Aquele que entregou a Sua vida por nós? Cristo pode dizer de Seu Pai: “Por isso, o Pai Me ama, porque Eu dou a Minha vida”. Mesmo o amor infinito do Pai por Seu Filho foi aumentado por esse ato.CSS 63.2
No tipo, o sangue da oferta pelo pecado era derramado no pátio, e então o sacerdote entrava no santuário com o sangue para apresentá-lo perante o Senhor. O Salvador entregou Sua vida como sacrifício pelo pecado aqui nessa Terra; e ao entrar no santuário celestial como Sumo Sacerdote, Ele é chamado de “Precursor”. Sob nenhuma circunstância, exceto quando entra para “dentro do véu” do santuário celestial, esse nome é aplicado ao Salvador.CSS 63.3
Em todas as formas monárquicas de governo, o precursor é um personagem familiar. Em um uniforme magnífico, com plumas ondulantes, vai à frente e anuncia a aproximação da comitiva real. Embora seja sempre saudado pelas multidões à sua espera, ele não é o centro da atenção; os olhos deles não o seguem enquanto ele passa, mas voltam-se para a estrada de onde ele veio para ter o primeiro vislumbre do personagem real do qual ele é o precursor.CSS 64.1
Dentre as muitas manifestações de condescendência amorosa por parte do nosso Mestre bendito, esta é uma das maiores. Quando Ele entrou no Céu como poderoso Conquistador sobre a morte e a sepultura, diante de toda a hoste celestial e dos representantes de outros mundos, Ele entrou como nosso precursor. Apresentou o “molho das primícias”, os que Ele resgatou da sepultura no momento da Sua ressurreição como uma amostra da raça pela qual Ele morreu para redimir, dirigindo assim a atenção daquela maravilhosa assembleia para a estrada de onde viera. Para contemplar a realeza? Sim, para ver a realeza instituída mediante Seu sangue precioso. É apenas um grupo de pobres e frágeis mortais tropeçando e muitas vezes caindo pelo caminho; mas, ao chegarem ao portal celestial, entrarão como “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”.CSS 64.2
Muito significou para nós que Cristo tenha adentrado o véu como nosso Precursor, pois todo o Céu está observando a igreja de Deus na Terra. Quando tentado pelo inimigo a duvidar do amor e do cuidado de Deus, lembre-se de que, por causa do grande sacrifício feito, você é tão amado pelo Pai que, quem “toca em você, toca na menina do Seu olho”. O Céu e a Terra estão estreitamente unidos desde que Cristo adentrou o véu como nosso Precursor. A atenção de cada anjo na glória está voltada para aqueles que se esforçam por seguir os passos de Cristo. “Não são todos eles (os anjos) espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” Por que haveríamos de vacilar pelo caminho e decepcionar as hostes celestiais que estão nos aguardando trilhar a mesma estrada pela qual nosso Precursor passou como um poderoso Vencedor sobre a morte e a sepultura?CSS 64.3
Porém, jamais nos esqueçamos que é um caminho manchado de sangue. “Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-Se Àquele que julga retamente”. Não podemos seguir Seus passos em nossa própria força. Por essa razão, “convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus”.CSS 65.1
No santuário terrestre, não apenas o sumo sacerdote, mas também os sacerdotes comuns ministravam, porque era impossível que um homem sozinho realizasse toda a obra; mas todo aquele conjunto de ações realizadas por todos os sacerdotes nos serviços típicos eram necessários a fim de representar a obra de nosso Sumo Sacerdote. O trabalho que eles realizavam em um ano inteiro foi posto como tipo da obra completa de nosso Sumo Sacerdote. Durante o ano “os sacerdotes (plural, ambos sumo e comuns) entravam sempre no primeiro tabernáculo, para realizar os serviços sagrados”. Isso continuava durante todo o ano, exceto um dia; naquele dia, o cerimonial mudava e “no segundo (compartimento), entrava o sumo sacerdote, ele sozinho, ... não sem sangue, que oferecia por si e pelos pecados de ignorância do povo”. Esses sacerdotes ministravam em “figura e sombra das coisas celestes”.CSS 65.2
Quando Cristo entrou no Céu, Ele o fez como o Antítipo do serviço terrestre que Deus havia ordenado, e iniciou Sua obra no primeiro véu do santuário celestial. Quando o cerimonial típico ordenado por Deus no primeiro compartimento do santuário terrestre tinha encontrado plenamente seu Antítipo, Ele passou através do segundo véu para o glorioso compartimento do antitípico Santo dos Santos. Lá Ele deve realizar o maravilhoso serviço que terminará com a extirpação e destruição total dos pecados dos justos, para nunca mais serem lembrados pela multidão dos remidos e nem pelo próprio Deus.CSS 66.1
Quando Cristo estiver de pé sobre o mar de vidro, e colocar as brilhantes coroas sobre as cabeças daqueles que percorreram a estrada santificada pelas pegadas de seu Precursor, embora com passos vacilantes e em meio às lágrimas derramadas, e agora vestidos com vestes branqueadas no sangue do Cordeiro, verá a obra de Sua alma e ficará satisfeito. Ele Se alegrará sobre eles com canto, e todo o Céu retinirá com melodias no momento em que os anjos, que estiveram sob as ordens de seu Comandante na obra de salvar almas, se unirem no louvor, cantando: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos”.CSS 66.2