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    3. Impressões do Dever

    Quando me voltei para o Senhor, fiz isto com a grande convicção de que eu devia renunciar aos meus planos terrestres e me entregar ao trabalho de advertir o povo a se preparar para o dia de Deus. Eu desenvolvi muito amor pelos livros em geral, mas em meu estado de apostasia eu não tinha nem tempo nem prazer para o estudo das Escrituras Sagradas. Daí a minha ignorância sobre as profecias. Eu possuía, no entanto, um pouco de conhecimento da história bíblica do homem, e sabia que a raça humana, em seis mil anos, tinha se deteriorado fisicamente e, por consequência, mentalmente. O assunto me veio à mente da seguinte forma: houve uma época em que o homem chegou a viver por quase mil anos. Com o passar do tempo, seu período de vida passou a ser de 70 anos. Em poucos séculos, caso os anos continuassem passando e os resultados sobre o tempo de vida do homem fossem os mesmos, a raça humana passaria a não existir. Eu havia renunciado à doutrina da conversão do mundo e à do milênio temporal, na qual o solo e o homem seriam gradualmente restaurados ao seu estado edênico, conforme me ensinou o meu pai. Vi, portanto, a necessidade, pela própria natureza das coisas, de uma grande mudança, e a segunda vinda de Cristo parecia ser o evento com maior probabilidade de promover essa mudança no homem e na Terra, e assim remover a maldição e suas consequências, restaurando tudo à perfeição e glória edênicas.MH 17.1

    Meus pensamentos se voltaram para os jovens da escola que eu acabara de deixar. Naquela escola com 50 estudantes, 20 deles eram quase da minha idade e vários eram mais velhos. Era uma escola feliz. Eu amava meus alunos e esse amor era mútuo. No último dia letivo, quando nos separamos, eu lhes disse:MH 17.2

    – Tenho o compromisso de lecionar nesta escola no próximo inverno, e se isso ocorrer, não precisarei pedir que vocês me obedeçam mais do que fizeram neste período letivo.MH 17.3

    Encontrando conforto na oração, comecei a orar por meus alunos. Várias vezes acordei no meio da noite para orar audivelmente por eles. Senti uma forte impressão sobre mim, como se uma voz me dissesse: – Visite cada um dos seus alunos em suas casas e ore com eles. Eu não podia conceber uma cruz mais pesada do que essa. Orei para que eu me livrasse dessa tarefa de modo a poder continuar meus estudos, mas de nada adiantou. Orei pedindo evidências mais claras, e a mesma impressão parecia me dizer: – Visite seus alunos.MH 17.4

    Foi nesse estado mental que fui visitar meu pai, na esperança de que pudesse afastar aqueles sentimentos que me faziam sofrer. Mas eles me acompanhavam de maneira ainda mais intensa. Fui até o bosque para orar por alívio. O alívio não veio. Mas a impressão “visite os seus alunos” ficou ainda mais distinta. Meu espírito se levantou em rebelião contra Deus, e, temerariamente, eu disse: – Não irei. Pronunciei estas palavras ao mesmo tempo em que bati fortemente o pé no chão. Em cinco minutos, estava dentro de casa empacotando meus livros e roupas para ir embora, rumo ao Colégio de Newport. Naquela mesma tarde, segui para aquele lugar na companhia do pastor Bridges, o qual, para o meu desconforto, falou durante todo o trajeto sobre pregação.MH 18.1

    Na manhã seguinte, consegui um local para me alojar e assumi minha posição perante várias turmas da escola. Também comecei a estudar com a determinação de afastar minhas convicções. Não tive sucesso, todavia. Fiquei angustiado e agitado. Depois de passar várias horas debruçado sobre meus livros, tentei relembrar o que estivera estudando. Não consegui. Minha confusão mental era completa. O Espírito de Deus misericordiosamente me acompanhara até a sala de aulas, apesar da minha rebelião, e eu não conseguia ter paz ali. Finalmente, resolvi que cumpriria o meu dever. Imediatamente peguei o meu chapéu, saí pela porta daquela sala de aula e fui, a pé, diretamente para a cidade de Troy, onde ficava a minha última escola. Eu havia caminhado poucos metros quando uma doce paz, vinda de Deus, inundou minha mente, e o Céu pareceu brilhar ao redor de mim. Levantei as mãos e louvei a Deus com uma voz triunfante.MH 18.2

    Com o coração leve e o passo apressado, caminhei até o pôr do sol, quando me aproximei de uma humilde cabana que me chamou a atenção. Fiquei com a forte impressão de que devia bater à porta, mas não tinha nenhuma razão para fazê-lo, pois estava a apenas uns poucos quilômetros do distrito onde estava a escola, e sabia que seria muito bem-vindo ali. Decidi ir adiante, pois não queria passar pela situação de abordar pessoas estranhas sem ter um bom motivo. Mas a impressão de que devia bater à porta ficou mais forte e me ocorreu a desculpa de pedir um copo com água. Dirigi-me à porta e bati. Um homem de meia idade atendeu e eu lhe pedi água. Bondosamente, ele me convidou para entrar. Vi que ele estivera chorando. Em uma das mãos, ele tinha uma Bíblia. Quando aceitei a cadeira que ele me ofereceu, esse entristecido estranho se dirigiu a mim de maneira deveras lamentosa, dizendo:MH 18.3

    – Estou com graves problemas e muito aflito. Hoje enterrei o meu querido filho, e não tenho a graça de Deus para me sustentar. Não sou cristão, e o meu fardo parece maior do que posso carregar. Será que você me faria companhia esta noite?MH 19.1

    Ele chorou amargamente. A razão de ele ter se aberto de maneira tão direta para um jovem estranho até hoje é um mistério para mim. Eu não podia recusar o seu convite, e decidi passar a noite ali. Contei-lhe sobre a minha curta experiência e lhe falei sobre Cristo, que diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve”. Ambos inclinamos a fronte para orar, e o meu novo amigo parecia aliviado. Procuramos, então, descansar. Na manhã seguinte, eu o ajudei a erigir o altar da família e segui meu caminho. Desde então, não vi nem ouvi mais nada a respeito daquele senhor.MH 19.2

    Contudo, após ter caminhado apenas três quilômetros naquela aprazível manhã de primavera, quando toda a natureza, animada e inanimada, parecia se unir ao louvor a Deus de meu exultante coração, a mesma impressão me sobreveio no momento em que eu passava diante de uma cabana de toras de madeira. Algo me dizia: “Entre nessa casa”. Bati à porta e pedi um copo com água. E qual não foi a minha surpresa ao ver que a pessoa que me trazia água era uma jovem que frequentara a minha escola no inverno anterior. Ao me reconhecer, ela exclamou:MH 19.3

    – Ora, professor, entre, por favor!MH 19.4

    Aquela família acabara de se mudar da cidade, que ficava a quase cinco quilômetros dali, para aquele novo assentamento cercado pela floresta. O pai não estava. A mãe e os demais filhos me cumprimentaram com uma cordialidade além do normal, cada um me chamando de professor. Ali estava o lugar para eu começar o meu trabalho. Eu lhes contei sobre minha missão e perguntei se poderia ter o privilégio de orar.MH 19.5

    – Claro que sim! – respondeu a mulher, já em lágrimas. – Mas deixe que eu mande meus filhos convidarem os vizinhos.MH 20.1

    Cerca de meia dúzia de meninos e meninas receberam as orientações de sua mãe e animadamente saíram correndo rumo às demais cabanas de toras com a mensagem: “Nosso professor está lá em casa, e quer orar, e a mamãe quer que vocês venham o mais rápido possível”. Em menos de meia hora, eu tinha diante de mim uma congregação de cerca de 25 pessoas. Conversando com eles, descobri que nenhum dos presentes professava o cristianismo. Algumas palestras sobre o segundo advento tinham sido apresentadas próximo dali, e uma convicção geral de que a doutrina poderia ser verdade pairava entre aquelas pessoas. E ao relatar minha experiência das semanas anteriores, declarando minhas convicções a respeito da breve vinda de Cristo, todos ficaram interessados. Ajoelhei-me, então, para orar e, para minha surpresa, todos aqueles 25 pecadores se ajoelharam comigo. Não pude resistir, e chorei. Todos choraram comigo. E, depois de lhes falar sobre Cristo, da melhor maneira que podia e com minha limitada experiência e conhecimento das Escrituras, apertei-lhes a mão, despedi-me e, alegremente, continuei minha jornada.MH 20.2

    Ao entrar na cidade que deixara recentemente, tudo parecia mudado. Entretanto, nenhuma mudança digna de nota ocorrera, exceto dentro de mim. O prédio escolar, onde eu tinha passado horas felizes ensinando mentes sedentas do saber, estava fechado, e meus alunos estavam cumprindo suas tarefas diárias no campo e na cozinha. Eu os havia deixado como um apóstata incapaz de orar, e agora ali estava para orar com eles. Parecia que o Senhor não poderia ter escolhido um dever mais humilhante para o meu orgulho. A cidade estava cheia de universalistas, professores formais, pecadores respeitáveis e infiéis. Meu empregador, que havia me contratado para lecionar em sua escola no inverno seguinte, era um cético. Não perdi tempo e logo deixei claro o objetivo da minha visita à cidade, e passei, assim, a visitar casa após casa e orar com eles. Ninguém se opôs. Alguns ficavam profundamente tocados e se ajoelhavam comigo. Quando pedi permissão ao meu amigo cético para orar em sua casa, ele me disse:MH 20.3

    – Sr. White, sinto muito vê-lo nesse estado mental. O senhor é um bom professor e um cavalheiro. Não vou proibi-lo disso.MH 21.1

    Essa recepção foi decididamente fria se comparada às que tive da parte de outros. Esse cético estava, evidentemente, muito desgostoso e desapontado, mas tentava esconder seus sentimentos em respeito aos meus. Tentei orar, e passei para a próxima casa. Em poucos dias, meu trabalho nessa direção estava por ora completado, e voltei para casa com a doce certeza de que havia cumprido o meu dever. Poucas semanas depois, entretanto, visitei o mesmo lugar outra vez. Uma reforma geral estava em curso, resultado do trabalho de um pastor cristão. No domingo, a reunião foi realizada em um galpão. O interesse foi geral e havia um grande número de pessoas. Depois que o pastor concluiu sua apresentação, eu acrescentei algumas palavras. Dada a minha sinceridade, meu testemunho alcançou aquelas pessoas, especialmente meus alunos e seus pais. No verão seguinte, as palestras foram apresentadas numa casa da cidade, e no inverno seguinte, a maioria dos moradores daquela cidade se tornou crente.MH 21.2

    Durante a maior parte do verão, eu estava incerto quanto aos meus deveres. Eu tinha visitado meus alunos e, por vezes, desejava desculpar-me da obrigação de prosseguir com aquilo, ficando, assim, livre para continuar meus estudos. Mas a nítida ideia de proclamar a breve vinda de Cristo e de advertir as pessoas para se prepararem para o dia do Senhor havia tomado conta de meus pensamentos. Eu não ousava voltar para a escola. O Espírito do Senhor tinha me tirado uma vez da sala de aula, e, por seguir um senso de dever, eu tinha sido grandemente abençoado. Como poderia eu resistir às minhas convicções do momento e, outra vez, tentar afastar-me do Senhor, preferindo meus livros? Mas como renunciar a todas minhas tão acariciadas esperanças para o futuro? De Ohio, meu irmão me escreveu dizendo: “Venha para o ensolarado Oeste, Tiago, e eu o ajudarei”. Ao que respondi: “Bem, quando eu me tornar um erudito.” Como podia eu desistir dos meus livros, e, com uma educação tão superficial, pensar em me tornar um pregador?MH 21.3

    Elbridge Smith, um colega de classe que também tinha sido meu colega de quarto em Saint Albans e Reedfield, era um amigo muito especial. Ele era um jovem refinado, de bons hábitos, mas não era cristão. Eu gostava dele pelas qualidades que tinha, e, em confiança mútua, nós dois falávamos sobre todos os nossos planos, esperanças e dificuldades. Foi para esse rapaz que, pela primeira vez, eu abri meu coração a respeito do assunto do segundo advento e das minhas convicções sobre o dever de pregar a doutrina. Ele tratou do assunto com sinceridade e pareceu estar preocupado ao ouvir dos meus próprios lábios que eu estava inclinado a crer que Cristo voltaria por volta de 1843. Ele não havia estudado o assunto, mas era evidente que temia que assim fosse. Ele respondeu o seguinte:MH 22.1

    – Você sabe que eu não sou cristão e que, por essa razão, não tenho o preparo necessário para aconselhar você a respeito de deveres religiosos. Eu penso nessas coisas muito mais do que muitos podem supor, embora eu não revele publicamente qualquer interesse pessoal nelas. Todavia, acho que é bom para mim e conveniente para você que eu diga o seguinte: siga as convicções de sua mente.MH 22.2

    Eu considero muito esse amigo de minha juventude por causa de sua sinceridade e de seus bons conselhos. Quem poderia ser melhor companheiro? Desde então, nos encontramos apenas umas poucas vezes, pois logo eu deixei aquela região do Estado para proclamar a vinda do Senhor, enquanto ele foi para o Bowdoin College. Dois anos mais tarde, ele se graduou ali, estudou direito, e hoje é juiz em algum lugar do Oeste.MH 22.3

    Minha luta com o dever foi muito severa. Mas finalmente fiz um anúncio público de uma conferência e me senti mais aliviado. Não demorou muito e eu consegui uma oportunidade para falar no salão de reuniões de Troy. A congregação era grande. Minha apresentação foi fraca, e me senti envergonhado. E quando pensei estar quase arruinado, uma mulher bondosa, sincera e de bom coração se aproximou de mim, ao término da reunião, e disse:MH 22.4

    – Pastor White, por favor, venha jantar em nossa casa.MH 22.5

    A palavra “pastor” atingiu em cheio o meu coração. Fiquei confuso e quase paralisado. Não tentarei descrever o que ocorreu depois disso naquele dia, pois tudo pareceu se apagar de minha mente. Posso apenas me lembrar do quão confuso e angustiado fiquei ao ouvir a inesperada palavra “pastor”. Eu não conseguia aceitar as perspectivas que estavam diante de mim, mas não ousava rejeitar o que parecia ser meu dever, e retornar aos livros. Fui convocado para falar na presença de dois jovens pregadores, e tentei pregar. Em 20 minutos, fiquei confuso e embaraçado e me sentei. Eu carecia de resignação e humildade e, por isso, não fui capaz de suportar o peso da responsabilidade. Finalmente, rendi tudo a Cristo e ao Seu evangelho. Só então encontrei paz e liberdade.MH 22.6

    Não demorou muito e minha mente foi direcionada, de modo especial, para a doutrina do segundo advento, ao ouvir os pastores J. V. Himes e Apollos Hale falarem várias vezes sobre o assunto na cidade de Bangor, Maine. Percebi, então, que esse era um assunto que requeria estudo, e percebi a importância de começar a me preparar, de maneira séria, para ensinar a outros. Comprei publicações sobre o Advento e as li com atenção, estudei a Bíblia e, durante o verão, falei algumas vezes, com liberdade, sobre a segunda vinda de Cristo. Com isso, senti-me animado.MH 23.1

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