Daniel 8
Uma das características das diferentes cadeias de profecia é que, aquela que sucede a anterior, introduz detalhes não fornecidos na que a antecede. O sétimo capítulo de Daniel, depois de cobrir o tema geral representado pela imagem do capítulo dois, nos instrui de maneira mais particular quanto ao desenvolvimento do chifre pequeno, ou o homem do pecado. No oitavo capítulo, somos novamente conduzidos ao longo de um trecho da grande avenida do mundo, com pormenores adicionais concernentes aos poderosos reinos que marcaram o nosso trajeto. Sobre os símbolos desse capítulo – o carneiro, o bode e o chifre que cresceu sobremaneira – o profeta recebeu as seguintes informações:MH 42.1
“Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia” (Daniel 8:20). A divisão persa do império era a mais alta, e veio por último. O carneiro com dois chifres era o famoso símbolo dos medos e persas. Era costume dos reis persas usar um diadema de ouro semelhante a uma cabeça de carneiro. – Scott.MH 43.1
“Mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei” (Daniel 8:21). Esse foi Alexandre, nascido em 356 a.C., que decidiu a sorte da Pérsia na batalha de Arbela, em 331 a.C., e morreu oito anos depois, em 323 a.C., aos 33 anos de idade, em decorrência de uma convulsão resultante de embriaguez.MH 43.2
“O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo” (Daniel 8:22). Os quatro chifres eram a Macedônia, a Trácia, a Síria e o Egito, divisões nas quais o império se compartimentalizou logo depois da morte de Alexandre. Esses territórios eram governados, respectivamente, por Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu.MH 43.3
“E de uma delas saiu uma ponta mui pequena” (Daniel 8:9, 23-27). Roma não tinha ligação com o povo de Deus e, por essa razão, só é apresentada na profecia após ter conquistado a Macedônia, um dos chifres do bode. Daí ela ser representada como o chifre que saía de um dos outros chifres. As seguintes considerações são provas de que esse pequeno chifre, que cresceu sobremaneira, era Roma:MH 43.4
1. Ele surgiria na parte final do reinado dos quatro reinos. E foi o que aconteceu no que diz respeito ao lugar de Roma na profecia, pois sua ligação com os judeus começou em 161 a.C. (ver 1 Macabeus 8; Josefo, Antiguidades, livro 12, cap. 10, seção 6; Prideaux, v. 2, p. 166).MH 43.5
2. No começo, o chifre era pequeno. Assim foi com Roma.MH 43.6
3. Ele cresceu sobremaneira “e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa” (Daniel 8:9). Assim também foi com Roma. Ela conquistou a Macedônia em 168 a.C., a Síria, etc., até o rio Tigre em 65 a.C. e o Egito em 30 a.C. Comentando sobre esse crescimento do chifre especificamente em direção ao sul e ao oriente, Sir Isaac Newton infere que ele surgiu na região noroeste do domínio do bode, ou seja, na Itália, o que aponta diretamente para os romanos.MH 43.7
4. Ele lançou por terra alguns do exército e das estrelas. Foi o que Roma fez ao perseguir os discípulos e ministros de Jesus como nenhum outro poder jamais o fez.MH 44.1
5. Ele se engrandeceu até ao Príncipe do exército. Assim fez Roma quando Herodes e Pôncio Pilatos conspiraram contra Jesus.MH 44.2
6. Ele destruiria os poderosos e o povo santo (Daniel 8:24). O saldo de 50 a 100 milhões de mártires confirma essa acusação contra a Roma perseguidora (ver Religious Encyclopedia).MH 44.3
7. Ele foi o único poder posterior aos quatro reinos que “se tornou MUITO FORTE” (Daniel 8:9).MH 44.4
8. Nessa visão, a Grécia sucede a Média-Pérsia, exatamente como foi apresentado nas visões anteriores, por duas vezes. Assim, é um absurdo supor que o poder que vem depois deles nessa visão seja um poder diferente daquele que, por duas vezes, nas visões anteriores, foi apresentado sucedendo-os (capítulos 2 e 7). E esse poder era Roma.MH 44.5
9. Ele será quebrado sem o esforço de mãos humanas (Daniel 8:25). Que referência clara à pedra “cortada sem auxílio de mãos” que fere a imagem em seus pés (Daniel 2:34)!MH 44.6