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    Capítulo 19

    Reavivamento em alto-mar. Chegada a Nova Iorque. Cultos no navio. Jovens desamparados. Chegada a New Bedford. Reforma pró-temperança. Fim da viagem.AJB 213.1

    Durante a viagem de volta para casa, a nossa tripulação parecia mais atenciosa para com o ensino religioso que tentávamos lhe transmitir. Era evidente que o Espírito do Senhor estava trabalhando em nosso meio. Um homem chamado James S. demonstrou provas genuínas de uma completa conversão a Deus, e estava muito feliz durante a viagem. A religião parecia ser o tema principal em todas as suas conversas. Uma noite, em seu turno de guarda no convés, ao me contar a sua experiência, ele disse:AJB 213.2

    – Você não se lembra da nossa primeira noite de viagem, saindo de casa, quando você chamou todos no tombadilho superior e apresentou as regras?AJB 213.3

    – Sim – respondi.AJB 213.4

    – Bem, senhor, eu estava no leme do navio naquela noite. E quando você terminou de falar, você se ajoelhou e orou com a gente. Naquele momento, se você tivesse pegado um porrete e me derrubado ali no leme, eu não teria me sentido pior, pois jamais tinha visto algo assim.AJB 213.5

    Tomas B. também professou ter se convertido naquela ocasião.AJB 213.6

    A viagem de volta para casa foi agradável, com exceção de uma ventania forte que nos perturbou um pouco. Porém, o bom Deus nos livrou da influência avassaladora daquela tempestade, e logo chegamos com segurança ao porto da cidade de Nova Iorque.AJB 213.7

    A primeira notícia que recebi de casa foi a de que meu honrado pai havia morrido cerca de seis semanas antes da minha chegada. Aquela foi uma provação para a qual eu não estava preparado. Ele havia vivido quase 79 anos, e quando eu voltava das minhas longas viagens, sempre o encontrava em sua posição de chefe da família, e em minha mente parecia que eu sempre encontraria o patriarca da família quando quer que eu voltasse vivo para casa.AJB 213.8

    Ainda na cidade de Nova Iorque, a bordo de um navio atracado no cais, tive o prazer de assistir a uma reunião de oração do movimento Betel, que dava assistência religiosa a marinheiros. Gostei muito do culto. Reuniões como aquela ainda estavam em seu estágio inicial; mas desde então, passou a ser comum vermos a bandeira Betel no domingo de manhã a bordo dos navios nas margens leste e norte do rio, conclamando para um culto religioso marinheiros e jovens que muitas vezes vagueiam pela cidade sem casa ou amigos. Muitos, sem dúvida, foram salvos da ruína pelos esforços de pessoas envolvidas nessas instituições benevolentes, enquanto outros, sem teto, que não tiveram tais influências para contê-los, foram levados a atos maus ou dominados por sentimentos de desespero. As duras provações do início da minha experiência me deixaram bem familiarizado com cenas assim.AJB 214.1

    Em uma das minhas viagens anteriores, eu havia convencido um rapaz a me acompanhar até a sua casa em Massachusetts. E desta vez, enquanto eu ainda estava em Nova Iorque e passava pelo parque, dentre muitos outros que eu vi, estava um rapaz sentado na sombra, com aparência muito melancólica, muito semelhante à do rapaz que acabei de mencionar, e não longe do mesmo lugar. Sentei-me ao lado dele e perguntei por que ele parecia tão deprimido. No começo ele hesitou, mas logo depois começou a me falar que ele estava desamparado: não tinha o que fazer, nem para onde ir. Ele disse que seu irmão o havia empregado em sua farmácia na cidade, mas, recentemente, havia ido à falência e saído da cidade, e que agora estava sem lar e sem amigos. Perguntei-lhe onde seus pais moravam. Ele respondeu que moravam em Massachusetts.AJB 214.2

    – Meu pai – ele disse – é um pregador da Igreja Congregacional, perto de Boston.AJB 214.3

    Então, o convidei para vir a bordo do meu navio e ser um dos meus tripulantes. Eu disse que eu o deixaria a mais ou menos 95 quilômetros de sua casa. Ele prontamente aceitou a minha oferta, e quando chegamos a New Bedford, Massachusetts, seu pai veio buscá-lo e expressou muita gratidão a mim por eu ter trazido seu filho em segurança, e por lhe conceder o privilégio de estar com o filho mais uma vez.AJB 214.4

    Em nossa chegada a Nova Iorque, a minha tripulação, com uma exceção, optou por permanecer a bordo, descarregar o carregamento, e não ter a sua dispensa como era costume ao chegarmos de um porto estrangeiro. Eles preferiram também continuar em seus postos até chegarmos a New Bedford, onde o Imperatriz seria reequipado para seguir para mais uma viagem. Depois de descarregarmos, navegamos para New Bedford, aonde chegamos no dia 20 de junho de 1828: 21 anos depois daquela primeira viagem que fiz de lá para a Europa, na qualidade de camaroteiro.AJB 214.5

    Alguns dos meus homens perguntaram quando eu faria outra viagem e expressaram o desejo de viajar novamente comigo e a alegria que sentiam com relação àquela última viagem, considerando-a a melhor que já haviam feito. Foi uma satisfação saber que havia marinheiros suscetíveis à reforma moral em alto-mar – como provado nesse caso – e em terra. Eu acredito que essas reformas geralmente podem ser realizadas quando os oficiais estão prontos e dispostos a empreendê-las. Muitas pessoas argumentam que os marinheiros continuam a se viciar em tantos maus hábitos que é quase inútil tentar reformá-los. Creio ser seguro afirmar que o uso habitual de bebidas intoxicantes é o mais degradante e terrível de todos os maus hábitos dos marinheiros. Mas se os governantes, donos de navios e capitães tivessem evitado proporcionar a bordo de seus navios de guerra e comércio o artigo da bebida, dezenas de milhares de jovens inteligentes e empreendedores teriam sido salvos e se tornado uma grande bênção para os seus amigos, para o seu país e para a igreja, como tem sido o caso de agricultores, médicos, advogados, comerciantes e outros profissionais.AJB 215.1

    Tendo algum conhecimento dessas coisas, decidi, no temor do Senhor, tentar promover uma reforma, apesar de, naquela época, as sociedades de temperança ainda estarem em seu estágio inicial, e os “navios da temperança” ainda fossem desconhecidos. No início da nossa última viagem, quando fiz o anúncio de que não haveria bebida intoxicante a bordo, apenas a que pertencia à caixa de remédios, um homem apenas gritou que estava “feliz por isso”. Aquela voz solitária no mar em favor da obra de reforma – a voz de um desconhecido, manifestando a sua alegria porque não havia bebidas alcoólicas a bordo para tentá-lo – foi um grande ânimo para mim e uma forte evidência do poder da influência humana. Eu acredito que ele também foi influenciado profundamente. Não me lembro agora de ele ter bebido alguma coisa enquanto esteve sob o meu comando, bem como nenhum dos outros homens, com exceção de William Dunn, a quem tive de repreender uma ou duas vezes durante a viagem por beber enquanto estava em serviço na praia.AJB 215.2

    Portanto, o que outrora fora considerado tão necessário para estimular o marinheiro no desempenho de seu dever, se mostrou desnecessário; e não apenas isso, pois a abstenção de bebidas alcoólicas provou ser uma grande bênção em nosso caso.AJB 216.1

    Algum tempo após essa viagem, eu estava em companhia de um proprietário de um navio de New Bedford, que estava pessoalmente interessado em equipar seus próprios navios e armazená-los com provisões, bebidas alcoólicas e todas as coisas necessárias para viagens longas. Era do seu conhecimento que já vínhamos discutindo a importância de uma reforma com respeito à bebida forte. Ele fez então a seguinte observação:AJB 216.2

    – Fiquei sabendo, capitão Bates, que você fez a sua última viagem sem o uso de nenhuma bebida alcoólica.AJB 216.3

    – Sim – respondi.AJB 216.4

    – O seu navio é o primeiro “navio da temperança” de que já ouvi falar.AJB 216.5

    Meu irmão F. então assumiu o comando do Imperatriz e navegou novamente para a América do Sul. O navio foi equipado para realizar a viagem segundo os princípios da temperança, exatamente como na viagem anterior. Durante a minha última viagem, eu havia refletido muito sobre as alegrias da vida social com a minha família e amigos, de que havia me privado por tantos anos, e era meu desejo me dedicar mais exclusivamente a melhorar minha experiência religiosa, bem como a das pessoas com quem eu fosse chamado a me associar, e me envolver mais com os movimentos de reforma moral.AJB 216.6

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