Loading...
Larger font
Smaller font
Copy
Print
Contents
  • Results
  • Related
  • Featured
No results found for: "".
  • Weighted Relevancy
  • Content Sequence
  • Relevancy
  • Earliest First
  • Latest First
    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents

    Capítulo 21

    Uma reforma moral. Cultivando árvores. Cultivo de seda. O segundo advento de Cristo. A teoria de Guilherme Miller e suas conferências em Boston. O primeiro jornal do segundo advento. A carta do irmão D. Millard. A carta do irmão L. D. Fleming. A carta de H. Hawley. Extraído do Jornal Wesleyano de Maine.AJB 227.1

    Juntamente com esses sinais prodigiosos nos céus, uma reforma moral crescia como fermento em todos os Estados Unidos. Ao que tudo indicava, algum agente invisível estava auxiliando aqueles que se esforçavam na penosa obra de se opor às massas. Eles apelavam e atraíam a simpatia de homens, mulheres e crianças para ajudarem a deter a onda de intemperança e escravidão, a qual, aos olhos humanos, se não fosse detida, desmoralizaria e nos colocaria abaixo do padrão de moral de todas as nações civilizadas do mundo, antes mesmo que a presente geração de jovens chegasse ao fim.AJB 227.2

    O que parecia ainda mais inexplicável, enquanto levávamos avante essa obra, era ver ministros cristãos, que antes eram imaculados na comunidade, apelarem em favor da escravidão e defenderem o uso e a comercialização de bebidas alcoólicas, mantendo uma grande maioria dos membros e congregações sob a influência deles. Alguns ficaram mudos, aguardando ver que lado escolheriam seus amigos. Houve alguns, entretanto, que se posicionaram nobremente em favor da obra de reforma.AJB 227.3

    As sociedades de reforma moral se multiplicaram em vários lugares, bem como as sociedades em prol da paz, cujos objetivos eram a abolição da guerra. Estas propunham que todas as contendas ou dificuldades de importância fossem solucionadas por meio de um Congresso das Nações.AJB 227.4

    Depois de concluir as construções em minha fazenda, como falei anteriormente, comecei a cultivar amoreiras para obter de sua folhagem alimento para o bicho da seda, pois era minha intenção entrar no ramo do cultivo da seda. Eu havia construído uma escola em minha fazenda e pretendia torná-la uma escola de trabalhos manuais para os jovens. Pensava em empregar parte do tempo deles na colheita das folhas das amoreiras, e em alimentar o bicho da seda; e, à medida que os trabalhos avançassem, eles também se dedicariam a outros setores do negócio, como enrolar e preparar a seda para o mercado. Tendo pesquisado os escritos de peritos no assunto, fiquei convencido de que a seda poderia ser um negócio vantajoso na Nova Inglaterra, assim como na Europa.AJB 227.5

    Enquanto as minhas árvores amadureciam, criamos e alimentamos, em pequena escala, o bicho da seda por duas ou três estações. Essa experiência inicial me convenceu de que, mediante atenção e cuidado, o negócio poderia ser lucrativo. Muitos que começaram o negócio mais ou menos na mesma época que eu também passaram a especular e ficar empolgados em cultivar a amoreira chinesa para a comercialização. Isso enriqueceu alguns, deixou muitos desapontados, e foi um fracasso, pois não era possível esperar que o cultivo da seda fosse um negócio rentável no seu início. Primeiramente eu estava me empenhando em plantar as minhas árvores antes de entrar no negócio. Eu já tinha muitas árvores que já estavam dando frutos, e um terceiro pomar em pleno crescimento. Minha intenção era me dedicar somente a esse negócio, se Deus me concedesse vida e saúde.AJB 228.1

    No outono de 1839, enquanto me dedicava ao meu pomar, certo pastor R., um conhecido meu e pregador da Igreja Conexão Cristã, me visitou e perguntou se eu gostaria de ir para New Bedford naquela noite, que ficava a cerca de três quilômetros de distância, para ouvi-lo pregar sobre a SEGUNDA VINDA DE CRISTO. Indaguei-lhe se ele era capaz de mostrar ou provar qualquer coisa a respeito da vinda do Salvador. Ele respondeu que achava que sim. Ele disse que a Casa de Culto Cristã-Norte, em New Bedford, estava a sua disposição para dar um curso de cinco conferências sobre o assunto. Prometi ir com ele, mas confesso que fiquei muito surpreso ao descobrir que alguém fosse capaz de provar qualquer coisa a respeito do tempo da segunda vinda do Salvador.AJB 228.2

    Um pouco antes disso, enquanto eu passava a noite na companhia de amigos, o pastor H. declarou que ouvira falar de um tal Sr. Miller que estava pregando no Estado de Nova Iorque que o Senhor Jesus Cristo retornaria por volta de 1843. Acredito que aquela foi a primeira vez que ouvi falar do assunto. Parecia ser algo tão impossível que até tentei levantar uma objeção, mas me disseram que Miller usava uma grande quantidade de trechos das Escrituras para provar o que dizia.AJB 228.3

    Entretanto, quando ouvi o pastor R. apresentar, em sua primeira conferência, o testemunho das Escrituras sobre o assunto, eu e minha esposa ficamos profundamente interessados. Após a reunião, tendo já percorrido certa distância em direção a nossa casa, absortos pelo tema apresentado, quebrei o silêncio e disse:AJB 229.1

    Esta é a verdade!AJB 229.2

    – Ah, você é sempre assim, tão otimista! – disse minha esposa.AJB 229.3

    Argumentei com ela que o pastor R. tinha deixado o assunto muito claro em minha mente, mas que nós procuraríamos ouvir mais. As reuniões continuaram lotadas, o grupo se mostrou cada vez mais interessado até o fim das conferências, e senti que minha mente estava bem esclarecida a respeito daquele assunto importante.AJB 229.4

    Comprei então um exemplar do livro de Guilherme [William] Miller com 19 estudos, que li com profundo interesse, especialmente o seu argumento sobre os períodos proféticos da visão de Daniel, que até então, quando eu lia a Bíblia regularmente, me pareciam tão complexos que chegava a questionar a importância dada àqueles dias proféticos relacionados com a profecia pictórica dos capítulos 7 e 8 de Daniel. Porém, agora eu começava a entender que aqueles dias, na verdade, representavam muitos anos, que aqueles anos estavam agora prestes a terminar por volta de 1843, e que ao final desse período de tempo, de acordo com o argumento do Sr. Miller sobre as profecias, Cristo apareceria pessoalmente pela segunda vez.AJB 229.5

    Com meus pontos de vista limitados sobre o assunto do segundo advento, percebi que, se o Sr. Miller estivesse certo com respeito à breve vinda do Salvador, então o ponto mais importante de sua teoria era saber ONDE começavam os períodos proféticos de Daniel e rastreá-los até o seu final. A primeira edição em forma de panfleto da autoria do Sr. Miller é datada de 1832. Alguns dizem que sua primeira conferência sobre a segunda vinda de Cristo ocorreu em agosto de 1833. Suas primeiras palestras em Boston, Massachusetts, nas capelas da rua Chardon e em Marlborough ocorreram no inverno de 1840. Isso abriu o caminho para o irmão Josué [Joshua] V. Himes, de Boston, publicar, como editor, o primeiro periódico, ou revista, sobre a segunda vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, chamado de “Sinais dos Tempos” [Signs of the Times], em Boston, Massachusetts, em março de 1840.AJB 229.6

    Como o irmão J. V. Himes era destituído de recursos – tanto quanto qualquer outro ministro que na época pregava e defendia corajosamente a necessidade de uma reforma moral –, e em certa reunião expressava seu desejo ardente de iniciar uma revista sobre o assunto do segundo advento, um capitão idoso do Estado de Maine, que estava presente, entregou-lhe um dólar de prata. O irmão Himes disse depois:AJB 230.1

    – Com este dólar começamos a publicar a revista “Sinais dos Tempos”.AJB 230.2

    Para que vocês tenham uma ideia do efeito das pregações do Sr. Miller a respeito da segunda vinda de Cristo, no Estado da Nova Inglaterra, vou colocar aqui alguns trechos de cartas publicadas na revista Sinais dos Tempos de 15 de abril de 1840. A primeira carta é do pastor D. Millard, de Portsmouth, New Hampshire. Ele escreveu:AJB 230.3

    “No dia 23 de janeiro, o irmão Miller chegou à cidade e iniciou uma série de conferências na capela a respeito da segunda vinda de Cristo. Durante os nove dias de palestras, multidões se aglomeraram para ouvi-lo. Antes de concluir suas mensagens, um grande número de almas ansiosas já tinha vindo à frente para as orações. Nossas reuniões continuaram todos os dias e noites por um período de tempo depois de ele ter ido embora. Tal estado de espírito que agora permeava a nossa congregação nunca havíamos testemunhado antes em lugar algum. Não era raro termos entre 60 e 80 pessoas vindo à frente para orar durante as noites. Um espírito tão tremendo de solenidade pareceu se instalar no local, que duro deveria ser o coração do pecador que resistiu a essas influências. A ordem e a solenidade reinavam no lugar. Geralmente, assim que as almas eram libertas, elas estavam prontas para anunciar e exortar os seus amigos, com a linguagem mais comovente possível, a vir também até a fonte da vida. Nossas reuniões, portanto, continuaram durante as noites por seis semanas. Nas semanas que passamos juntos, o badalar dos sinos, convocando para as reuniões diárias, fizeram com que nossa cidade parecesse um domingo de adoração contínuo. De fato, tal temporada de reavivamento nunca fora antes testemunhada em Portsmouth pelos habitantes mais antigos. Seria difícil, neste momento, determinar o número de conversões que aconteceram na cidade. Há estimativas que variam de 500 e 700 pessoas. Nunca, enquanto permanecer na terra dos mortais, espero desfrutar mais do Céu do que o fizemos em alguns de nossos encontros, tardes da noite, e nas ocasiões dos batismos. Milhares se juntavam ao redor do tanque batismal para assistir a essa instituição solene, e muitos voltavam para casa chorando”.AJB 230.4

    Outra carta é do irmão. L. D. Fleming, de Portsmouth, New Hampshire. Ele diz:AJB 231.1

    “As coisas aqui estão acontecendo de forma poderosa. Ontem à noite cerca de 200 pessoas vieram à frente para participar das orações; e o interesse parece aumentar constantemente. A cidade inteira parece estar sacudida. As conferências do irmão Miller não têm efeito nenhum no sentido de causar terror. Longe disso. O grande temor está entre aqueles que não vieram à frente. Porém, aqueles que ouviram com sinceridade estão longe da excitação e do temor. O interesse despertado pelas conferências é fruto da mais cuidadosa ponderação; e apesar de ser o maior reavivamento que já vi, todavia há o mínimo de entusiasmo apaixonado. O reavivamento parece influenciar mais decididamente os homens da comunidade. O que produz esse efeito é simples: o irmão Miller toma a espada do Espírito, desembainhada e exposta, e coloca o seu gume afiado no coração nu, cortando-o – isso é tudo. Diante da ação perfurante desta arma poderosa, a infidelidade cai e a crença de que todos se salvarão, como querem crer os universalistas, definha. Além disso, fundamentos falsos desaparecem e os comerciantes de Babel ficam estupefatos. Dentre os despertamentos religiosos que os tempos modernos já testemunharam, este me parece ser o que mais se aproxima do reavivamento dos tempos apostólicos”.AJB 231.2

    Ele escreveu novamente no dia 6 de abril:AJB 231.3

    “Provavelmente nunca houve antes tanto interesse religioso entre os habitantes desta cidade como se vê hoje; e o Sr. Miller deve ser considerado o instrumento direto desse movimento, embora, sem dúvida, muitos o neguem, pois alguns estão muito indispostos a admitir que uma boa obra de Deus possa resultar do trabalho desse homem. Entretanto, temos a evidência mais incontestável de que esta é a obra do Senhor. Em algumas das nossas reuniões desde que o irmão Miller partiu, estima-se que cerca de 250 pessoas expressaram o desejo pela religião, vindo à frente para as orações; e provavelmente entre 100 e 200 pessoas professaram ter se convertido em nossas reuniões. E agora o fogo está sendo inflamado em toda a cidade e região adjacente. Vários vendedores de bebidas alcoólicas transformaram suas lojas em salas de culto, e aqueles lugares, que outrora eram dedicados à intemperança e farras, são agora dedicados à oração e ao louvor a Deus. Infiéis, deístas, universalistas e os mais irrefreados libertinos têm se convertido. Reuniões de oração estão sendo estabelecidas em várias partes da cidade por diferentes denominações ou indivíduos, e acontecem em quase todas as horas do dia. Fui conduzido a uma sala no andar de cima de um dos bancos da cidade, e ali encontrei de 30 a 40 homens de diferentes denominações envolvidos unanimemente em oração fervorosa às onze horas da manhã! Em suma, seria quase impossível descrever satisfatoriamente o interesse espiritual em que essa cidade se encontra no momento. Um dos principais vendedores de livros me informou que, desde a visita do irmão Miller à nossa cidade, havia vendido mais Bíblias em um mês do que nos últimos quatro meses”.AJB 231.4

    O QUE OUTROS DISSERAM A RESPEITO DO SR. MILLER E DE SUAS DOUTRINAS.AJB 232.1

    H. Hawley, escrevendo de Groton, Massachusetts, para o pastor Himes, em 10 de abril de 1840, disse:AJB 232.2

    “Durante uma entrevista que tive com você alguns dias atrás, você me pediu para fazer uma declaração sobre os resultados, até onde os presenciei, das conferências do Sr. Miller aqui nas proximidades. Antes de cumprir o seu pedido, peço licença para dizer que não sou um adepto da teoria do Sr. Miller, mas sou decididamente a favor da discussão sobre o assunto. Acredito que as conferências do Sr. Miller são tão repletas de verdades do evangelho que, qualquer que seja o erro dele com respeito ao tempo da vinda do Senhor, tenho certeza de que ele fará um bem muito grande para todos. Alegro-me por haver um assunto que esteja sendo discutido na comunidade tão favoravelmente apropriado para despertar a opinião pública aos grandes temas da religião, e para refrear o crescente mundanismo e sensualidade da época atual. O Sr. Miller tem feito conferências nesta cidade e em outras vizinhas, e tem sido bem-sucedido nos preciosos reavivamentos da religião em todos esses lugares. Ouso dizer que não vejo de forma alguma nada em sua teoria planejado com o intuito de tornar as pessoas imorais; mas eu de fato creio que o efeito será o contrário. Os fatos falam muito claramente sobre este assunto para não lhes ser dado o devido crédito”.AJB 232.3

    No “Wesleyan Journal” do Maine, em maio de 1840, lemos:AJB 232.4

    “O Sr. Miller esteve em Portland e apresentou conferências sobre o seu tema favorito, o fim do mundo, para auditórios lotados na igreja da Rua Casco. Espera-se de nós, cronistas fiéis dos eventos do momento, que noticiemos algo a respeito deste homem e de seus excêntricos pontos de vista.”AJB 232.5

    “O Sr. Miller tem cerca de sessenta anos de idade. É um fazendeiro comum de Hampton, no Estado de Nova Iorque. É membro ali da Igreja Batista, da qual traz referências satisfatórias de sua boa reputação e uma licença para promover eventos públicos. Nós entendemos que ele tem várias cartas de referências de clérigos de diferentes denominações que favorecem seu caráter de modo geral. Podemos dizer que ele é um homem de educação formal mediana, mas evidentemente com fortes habilidades mentais, e por cerca de 14 anos tem se dedicado quase exclusivamente à investigação das profecias das Escrituras. Os últimos oito anos de sua vida têm sido dedicados à apresentação de conferências sobre esse seu assunto favorito. A teoria do Sr. Miller é a de que em 1843 Cristo fará sua aparição pessoal na Terra. De uma maneira muito engenhosa, ele faz com que todos os números místicos da profecia das Escrituras cheguem ao importante ano de 1843. Primeiramente, ele faz com que os 2.300 dias (ou anos) de Daniel 8:14 comecem ao mesmo tempo que as setenta semanas (ou 490 anos), sendo que este último período terminou com a morte do Messias, em 33 [sic] d.C. O período anterior (2.300 dias), portanto, estende-se 1.810 anos a mais, ou até 1843, quando virá o fim.”AJB 233.1

    O Sr. Miller é um grande defensor da interpretação literal, nunca admitindo a interpretação figurativa, a menos que seja absolutamente necessária para dar um sentido correto ao texto bíblico, ou para encaixar com o evento que se pretende ressaltar. Ele acredita com muita firmeza em tudo o que prega aos outros. Suas conferências são intercaladas com admoestações poderosas para os ímpios, e ele lida com os adeptos do universalismo com luvas de aço.”AJB 233.2

    Larger font
    Smaller font
    Copy
    Print
    Contents